domingo, 28 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Ensinamento dominical: no meio da pedra há caminhos
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
domingo, 14 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
sábado, 6 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O grande Nilo Damasceno Ferreira
Nilo Damasceno Ferreira. Figuraço. Um ser inefável este meu padrasto. Fernão de Magalhães circunavegava a Terra. Nilo, o universo, e em segundos. Magalhães valia-se das embarcações. Damasceno, da imaginação. Bastava enticá-lo. Ou nem isso. Nilo Damasceno era um descobridor. Abria um livro e sumia. Retornava mais rico, argumentativamente falando.
Peter Kien, personagem do Elias Canetti em Auto-de-fé, mantinha no cérebro uma biblioteca. Nilo mantinha na biblioteca o cérebro. Qualquer faísca sob a forma de pergunta era o suficiente para os neurônios soltarem-se mundo afora e levarem junto o indagador. Várias vezes acompanhei o tsunami argumentativo do Damasceno Ferreira, por livre-arbítrio ou vacilo.
Certa feita comentei o nome antigo duma determinada rua da capital gaúcha. Pronto, chacoalhara o vespeiro. Nilo amava Porto Alegre, e como ocorre neste tipo de paixão, esmerou-se em decifrar o código genético do objeto amado. Paralelepípedo por paralelepípedo, calçamento por calçamento. Determinado momento dei-me por satisfeito. Foi quando ele insinuou listar nome e filiação dos moradores da Travessa da Paz na segunda parte da primeira glaciação do Plioceno.
Quando soube da minha viagem para Coimbra, o Nilo entrou em transe. Passou a enumerar os temas e personagens passíveis da minha investigação na minerva lusitana. Uma semana depois, havia eu ultrapassado Fernando de Noronha e meu prezado procurador do Estado aposentado havia preenchido apenas a primeira leva das recomendações.
Por falar em procurador e Estado, sabia o seu quadrado no campo jurídico. Representava a escola do Direito Ereto, aquele bem distante do covil dos gatos, tipo Lalau, e da porteira dos ratos, como Mendes. A fidalguia não provém da árvore genealógica, mas da coluna. Sempre aprumada. Nilo Damasceno Ferreira esforçava-se, aos 82 anos, para se manter anos-luz à frente do tempo e do próprio corpo. Na segunda-feira retrasada, dia 18, às 5h15 da manhã, no Hospital São Francisco, na pátria Porto Alegre, foram-se embora o tempo, os anos e o corpo. Ficou a luz. Grande Nilo!
Nilo e sua maior paixão: a neta Isadora