terça-feira, 30 de setembro de 2008

O coautor fala da nova ortografia


Medidas são boas e vão facilitar a escrita, afirma co-autor do dicionário "Houaiss"

DA REPORTAGEM LOCAL

Co-autor do renomado "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", o lexicógrafo (autor de dicionário) Mauro Villar diz que as mudanças previstas no acordo ortográfico são "boas para a língua" portuguesa. "É preciso que [Brasil e Portugal] nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária", diz ele. A seguir, trechos da entrevista concedida ontem à Folha. (RICARDO WESTIN)

FOLHA - As mudanças trazidas pelo acordo são boas para os brasileiros?
MAURO VILLAR - São boas para a língua. Somos a única língua ocidental com duas formas oficiais de escrita. E não há a menor razão para uma coisa como essa acontecer, porque as variantes do português [de Portugal e do Brasil] são muito próximas. É preciso que nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária.

FOLHA - No acordo, que mudança positiva o sr. destacaria?
VILLAR - Haverá um corte considerável de hifens para facilitar a escrita. Vão ser retirados o trema, o acento circunflexo de palavras com "oo"

FOLHA - A assimilação na nova ortografia será fácil para o brasileiro?
VILLAR - Claro. A ortografia é uma convenção. As pessoas vão assimilar as mudanças. Poderá haver problema no momento da passagem de uma forma de grafar para a outra, principalmente para quem está acostumado [com a grafia atual]. As crianças não terão dificuldade, porque vão começar a aprender imediatamente dessa forma.

FOLHA - Críticos afirmam que o acordo não foi previamente discutido com a sociedade brasileira...
VILLAR - Foi discutido, sim. Esse tema tem sido desenvolvido desde a década de 80. Naquela época, a proposta era mais revolucionária do que a que se conseguiu fazer agora. Em Portugal houve uma forte objeção.

FOLHA - Os brasileiros estão apáticos em relação às mudanças?
VILLAR - Parece que não estão dando muita importância. Ou não fazem nenhuma grande objeção ou não conhecem bem como será escrita a língua. Isso diz respeito ao DNA de cada povo. Na França, isso [uma nova ortografia] seria um escândalo ilimitado. Nunca no Brasil se discutiu o tema com paixão.

Conheça os prazos






do Correio do Povo

e as novas regras





do O Estado do Paraná

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para saber quem está com quem


JORNALISMO PARTIDÁRIO

Antonio Tozzi - do site Direto da redação

Miami (EUA) - Quem venceu o primeiro debate entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos? Qual é o candidato mais bem preparado para governar o país? Quem está liderando as pesquisas?

Essas perguntas permeiam as mentes dos eleitores e moradores dos Estados Unidos que acompanham uma das eleições mais equilibradas dos últimos tempos. O país está bastante dividido e é impossível apontar quem será o vencedor da próxima eleição presidencial, mas algumas emissoras de televisão já escolheram seus favoritos.

Se o telespectador sintonizar a MSNBC, canal a cabo da rede NBC, tem a plena certeza de que Barack Obama é o substituto de George W. Bush, mas se assistir a Fox News ninguém duvida de que John McCain é o novo morador da Casa Branca.

Chega a ser espantoso o tratamento de uma mesma notícia dado pelas duas emissoras. Enquanto na MSNBC, a chapa Barack Obama/Joe Biden merece todo tipo de elogio, na Fox são os “mavericks” John McCain e Sarah Palin que recebem todos os créditos.

A rivalidade alcançou um nível tão elevado que jornalistas e apresentadores das duas grandes redes trocam farpas no ar, ironizando comentários e reportagens abordados pela concorrente. Algumas vezes um chama o concorrente de “biased”, algo que pode ser traduzido livremente como parcial.

Ironicamente, o lema da Fox News é “fair and balanced”, mas a rede não é justa e muito menos equilibrada. Os shows são claramente voltados para o público mais conservador, e uma das estrelas é Bill O’Reilly, que não esconde seu pensamento mais ao gosto do eleitor republicano. Neil Cavuto, Laura Ingraham e Sean Hannity também são outros expoentes da chamada “direita”, e não poupam críticas aos convidados que ousam discordar deles.

É bem verdade que a Fox News tem em seus quadros Alan Colmes, o qual divide a apresentação de um show com Sean Hannity, partidário de uma ideologia mais liberal, e Greta Van Susteren, que procura adotar uma postura mais neutra e objetiva.

Do lado da MSNBC, há dois comentaristas mais conservadores: o inefável Pat Buchanan e Mike Murphy, ex-estrategista do Partido Republicano. Em compensação, a maioria dos analistas e apresentadores pertencem à corrente “liberal”, onde prevalece o pensamento “esquerdista”. Rachel Maddow, Chris Matthews, Joe Scarborough, David Gregory e principalmente Keith Olberman.

Quando terminar a eleição presidencial, uma coisa é certa: o próximo presidente contará com uma importante rede de TV para apoiá-lo e outra poderosa para combatê-lo.

No meio da guerra de audiência e ideologia entre Fox News e MSNBC, fica a CNN, que procura manter uma postura de mais neutralidade, mas, convenhamos, uma rede de TV que mantém o programa de Lou Dobbs – cujo principal mote é atacar imigrantes - no horário nobre fica difícil conquistar o respeito do telespectador mais esclarecido.

Pode até ser que Lou Dobbs seja lucrativo para a CNN, mas ele compromete a isenção jornalística. A seu favor, apenas o fato de ser um crítico contumaz dos democratas e dos republicanos igualitariamente. Para ele, os dois partidos são farinha do mesmo saco. Tanto que foi o único a cobrir a convenção do Partido Independente. Quer saber se alguém assistiu? Provavelmente, apenas seus fiéis telespectadores.

Ditirambo semanal


"Para que se revoltar com a retenção ou manipulação da informação? Os jornalistas têm crises de deontologia mesmo sabendo, há muito tempo, que fabricam o acontecimento, que o lapidam e que, em grande medida, dão-lhe seu sentido. Tais crises os obrigam não a manifestar mais prudência, mas a falar de suas próprias dificuldades na gestão da informação; testemunham publicamente a legitimidade de suas boas intenções. Essa cena patética não trai jamais o arbitrário da interpretação se debatendo com as incertezas de seus próprios fundamentos." - A ironia da comunicação - Henri-Pierre Jeudy

domingo, 28 de setembro de 2008

A narrativa do massacre

A crônica da vingança

Por trás da maior chacina da história do PR, dramas de filhos, pais e colegas de escola numa cidade de fronteira

Bruno Paes Manso - O Estado de S. Paulo

Depois de dois dias de luto, o Colégio Estadual Jardim Zeballos, uma das 26 escolas públicas de Guaíra, no oeste do Paraná, abriu os portões às 7h30 de quinta-feira. Na aula de educação física, alunos resistiam em iniciar as atividades na quadra. Na sala dos professores, a diretora, Célia Wessel, discutia com o corpo docente como reerguer o colégio e tirar alguma lição da tragédia que abalou a cidade. Principalmente aquele grupo de mestres e estudantes tentava achar algum sentido para retomar a rotina.

Na chacina de 15 pessoas ocorrida na segunda-feira na chácara do Polaco, a 2 km da escola, quatro entre os mortos eram alunos do Zeballos. Mizael, de 16 anos, filho do dono da chácara, estava na 5ª série. Leonardo, também de 16, estudava na 6ª. André e Alex, ambos com 17, estavam na 5ª.

Outros dois alunos sobreviveram. Rogério, de 17 anos, saiu correndo quando viu uma pessoa ser morta ao seu lado, com um tiro na cabeça. Na fuga, levou uma bala nas costas e caiu no chão. Em seguida, ouviu sugerirem outro tiro na cabeça, que não veio. Ele se fingiu de morto por duas horas, ouvindo os demais agonizarem.

Fernando, de 16 anos, dono de boas notas no 2º ano do ensino médio, estava ao lado de Karen Vanderlei Soares, de 18, filha do dono da chácara, no galpão onde sete pessoas foram executadas. No meio da sessão de tiros, Fernando não recebeu nenhum disparo. Na confusão, passou o sangue de Karen no rosto e também se fingiu de morto. Foi ao velório dos amigos, mas não voltou à escola.

Além dos seis mortos e feridos, eram alunos do Zeballos parentes dos executores. Gleibson Corrêa, de 18 anos, filho de Jair Corrêa, de 52, apontado pela polícia como comandante do massacre, estava no 3º ano do ensino médio. Duas netas de Jair, filhas de Dirceu Pereira de França, de 35, morto um mês antes da chacina, estudam na 6ª e 8ª séries.

Na secretaria da escola, enquanto preparava a atividade que trataria do massacre com os alunos, no primeiro dia depois do luto, a professora desabafava com os assistentes. "Se uma tragédia desse tamanho já é dolorida, revolta mais a forma como o crime e as vítimas estão sendo tratados. Fala-se de briga de quadrilha, de morte de traficantes e drogados. Gente... Não podemos simplificar dessa maneira. Morreram alunos, filhos, pais, colegas de classe, pessoas que vivem numa cidade cheia de problemas."

André, por exemplo, colega de Mizael no Zeballos, chegou por volta das 9 horas à chácara para levar uma galinha que acabara de dar cria de um galo índio, que ele e o pai, Lázaro, criavam para disputas de rinhas. A galinha era de Mizael. Foi rendido pelos chacineiros. Como André demorava, Lázaro mandou o sobrinho, Reinaldo Martins de Melo, de 28 anos, verificar o que acontecera. Os dois nunca mais voltaram. "Nem que seja a última coisa que eu faça, preciso provar que meu cunhado não era traficante", dizia aos prantos, na quinta-feira, Eliana Aparecida Bueno, casada com um dos 18 irmãos de André. Desorientada, ela buscava na prefeitura antecedentes do cunhado. A polícia acabou confirmando que André não tinha antecedentes.

Fernando, o aluno do Zeballos que sobreviveu ao fingir-se de morto, havia dado carona a Renato Ramos de Oliveira, o Renatão, agricultor de uma família de bóias-frias. Renatão havia ido buscar a bomba d''água roubada da casa onde morava com a família. Sem saber a origem da peça, Polaco comprara o objeto do ladrão e se comprometeu a devolver. Renato pegou carona na moto dele. "Nesses últimos dias, a gente tinha de carregar a carroça de garrafas para conseguir ter água em casa", dizia Renata Ramos de Oliveira, irmã de Renatão, talvez a vítima mais pobre, que não tinha documentos e foi a última a ser reconhecida.

O MASSACRE DE GUAÍRA

Sem o filtro da polícia, fica mais fácil ver os dramas por trás do massacre de Guaíra. Ele começou a se desenhar pelo menos um mês antes, em 20 de agosto. Dirceuzinho, o pai das duas alunas do Zeballos, foi assassinado. Ele havia voltado naquele dia de uma viagem a São Paulo, onde entregara uma carga de drogas avaliada em R$ 19 mil. Jossimar Marques Soares, de 41 anos, o Polaco, dono da chácara onde ocorreria o massacre, havia fornecido a droga a Dirceuzinho, que não pagou.

Dono de um boteco chamado Big Brother, colado ao muro do Colégio Zeballos, uma das oito bocas-de-fumo investigadas pela Polícia Federal na cidade, Dirceuzinho e Polaco eram parceiros. O elo foi rompido naquela noite, quando a vítima recebeu um telefonema de Manoel Pascoal da Silva, o Nel, de 28 anos, parceiro de Polaco, que o chamava para conversar. Nel e um comparsa, Nelsinho, armaram uma tocaia para Dirceuzinho, que morreu com seis tiros.

No período entre esse assassinato e o massacre, a Polícia Civil pouco fez. Com oito funcionários e 211 presos na cela dos fundos da delegacia - feita para 50 -, não sobra tempo para as investigações. O padrasto de Dirceuzinho, Jair Corrêa, que um mês depois comandaria a chacina, testemunhou na polícia, dizendo quem eram os autores do crime. Mas eles continuaram soltos.

Coube a Jair tocar o plano de vingança, que começou a desenhar no velório do enteado. Ali disse a alguns que mataria toda a família de Polaco, mandante do crime. Era conhecido como um homem violento, que já havia trabalhado como segurança para Roque da Silveira, nascido em Guaíra, filho do ex-prefeito da cidade, Osvaldino da Silveira, que se tornou um dos principais fabricantes dos cigarros paraguaios contrabandeados para o Brasil. Segundo vizinhos, na noite em que Dirceuzinho morreu, Jair chegou a fotografar o corpo do enteado para manter a raiva acesa.

Na segunda-feira da semana passada, mais de um mês depois, a vingança aconteceu. Começou às 7 horas. Os três matadores chegaram de barco à chácara de Polaco, um amplo terreno na zona rural de Guaíra, a 800 metros do Rio Paraná. Intermediador da maconha que chega do Paraguai com destino a São Paulo, Minas e Rio, Polaco já não obtinha o mesmo faturamento de antes da prisão, no ano passado. Tanto que ele andava na cidade com um velho Corcel e a mulher trabalhava como doméstica na casa de um carcereiro da polícia.

E a chácara não poderia ser classificada simplesmente como boca-de-fumo. O filho de Polaco, Mizael, também vendia porco, galinha e leite à vizinhança. Na manhã do dia 22, estavam no local só Mizael, o pedreiro Claudiomar Felix dos Santos, de 42 anos, que reformava o piso da chácara por R$ 30 ao dia, e o filho dele, Oséias, de 9 anos. Os assassinos vieram com uma espingarda calibre 12, uma pistola 9 mm e um revólver 38, comprados na vizinha Salto del Guairá, no Paraguai.

Depois de dominados, os três foram levados para dentro de casa. Às 7h30, chegou em um Monza Robert Romão Gonçalves Rios, de 34 anos, morador da Favela da Rocinha, no Rio, que havia ido a Guaíra tentar novos negócios com drogas e cobrir dívidas na cidade. Chegou com a mulher, Lurdes, de 16 anos, que conheceu em Guaíra e com quem teve a menina Daniela, de 1 ano. Os três foram dominados logo que chegaram e obrigados a ficar no quarto com os outros três que já estavam no local.

Jair, que seguia encapuzado, como os outros assassinos, retirou a máscara e mandou que Mizael chamasse o pai e a mãe, para cumprir a vingança contra a família. Mizael contou que a mãe trabalhava na casa de um policial. Jair não acreditou e deu um tiro no menino, que agonizou por pelo menos uma hora, antes de morrer.

Com o filho morto e cinco presos, Polaco chegou desavisado em seu Corcel. Quando viu Jair e o grupo armado, tentou atropelá-los, mas recebeu um tiro na perna. Ferido , foi obrigado por Jair a chamar Manoel, autor da morte de Dirceu, e seus comparsas no negócio das drogas, incluindo Zaqueu Herculano, de 34 anos, e Milton Gonçalves, de 44, o Miltão. Por ordem de Jair, Polaco ligou no celular e os convidou para um churrasco.

Miltão recebeu a ligação em seu bar, o Malvinas, na frente do Zeballos. Avisou sobre a boca livre a Alex, seu sobrinho de 17 anos, estudante do colégio, que o acompanhou. Marcelo Kranke Paulo, de 25 anos, outro integrante do grupo, também foi chamado e levou a mulher, Karen, de 18, filha de Polaco. Enquanto as pessoas iam chegando, os matadores bebiam pinga misturada com as laranjas da fazenda. Ao longo de cinco horas, compareceu à chácara muito mais gente do que o previsto, por diferentes razões.

Rogério, colega de Mizael no Zeballos, também havia ido à chácara com o amigo Fernando Vieira Bradish, às 10h30, falar com o garoto sobre a negociação de um cavalo. Conforme as pessoas chegavam, iam sendo presas e assassinadas, num massacre que alternava mortes isoladas e grandes execuções. Rogério ainda conseguiu escapar. No intervalo da matança, quando Mizael já estava morto havia mais de uma hora, um dos encapuzados, provavelmente Ademar Fernando Luiz, de 28 anos, o Blake, que como Jair teve a prisão decretada, pulou em cima do corpo de Mizael e o encheu de facadas. Segundo testemunhas, quando a pinga acabou, dizia que queria beber sangue.

A situação cada vez mais pareciafugir ao controle. Um papagaio criado na chácara foi estrangulado e jogado na pia. Com os reféns em desespero, Jair apontou a pistola para Daniela, a criança de 1 ano. O pai da menina, Robert, partiu para cima dele. Claudimoar, o pedreiro, também atacou. Nesse momento, Lurdes jogou a criança pela janela e conseguiu escapar com o menino Oséias - depois, apanhou Daniela do lado de fora da casa. O marido dela e o pai do garoto morreram logo em seguida.

A ameaça de reação atiçou ainda mais os ânimos dos matadores. No galpão da chácara, disparos começaram a correr soltos. Testemunhas depois disseram que, no auge, quando as vítimas eram assassinadas por atacado, os tiros duraram cerca de 30 minutos sem parar. Quinze pessoas morreram. E milagrosamente oito escaparam, num caso que - mesmo ainda não totalmente compreendido - marcou para sempre a história e os rumos de Guaíra.

REFLEXÃO

Depois do crime, duas perguntas continuam a assombrar autoridades, professores, pais, filhos e moradores da cidade. Virão novas vinganças? Quando o ciclo será interrompido? Com a tragédia ainda longe de ser assimilada, os alunos do Zeballos desceram para o pátio às 9h30. Cerca de 200 crianças e jovens, entre 11 e 16 anos, sentaram-se nas cadeiras colocadas do lado de fora da sala de aula, esperando para saber o que os professores tinham a dizer.

"Esse é um momento para reflexão", disse a diretora Célia, no microfone. "Precisamos, a partir de hoje, refletir mais sobre nossas vidas. O mundo aí fora oferece muitas escolhas. Devemos pensar nos caminhos que a vida oferece, para escolher os que realmente são melhores."

O pastor evangélico Genésio Araújo, da Congregação Nação de Deus, tomou a palavra em seguida. Cantou uma música, leu um capítulo do Evangelho de Lucas e depois pediu a todos os estudantes que dessem as mãos. "Olhe para quem está ao seu lado. Eu não sou ninguém se quem está ao meu lado não é ninguém. Eu só sou alguém se quem está ao meu lado é alguém", disse. Depois, lamentou ser preciso buscar lições em uma tragédia. "Não é preciso se queimar para aprender que não devemos colocar a mão no fogo. O importante não é o que estou falando. Mas o que vocês estão ouvindo." Quando o encontro acabou, os alunos voltaram à sala de aula. Era preciso tentar retomar a rotina.

Jornalismo da oca ou efeito Skavurzka na Gazeta do Povo




Índio quer 1 mulher a cada 1 hora para fazer 1 festa; na Sibéria não ter 1 net e nem 1 tv, por isso coronel Tutchenko tomar 1 vodka.

sábado, 27 de setembro de 2008

Lá não sabemos, mas aqui a justiça sempre respeita a fauna


Esta é a manchete desta semana do semanário moçambicano Savana.

No Brasil, quando há algo semelhante, o Supremo Tribunal Federal, com a anuência do Ibama, manda soltar o tubarão imediatamente, em respeito à fauna - como foi no caso do Daniel Dantas e de tantos outros.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008







O caso do escritor que não comeu a namorada

O considerado Fábio José de Mello, que construiu seu jardim das delícias em Descalvado, interior de São Paulo, exumou do site do Terra este mais-que-ousado título:

Escritor admite morte mas nega ter comido namorada

Janistraquis, que sempre foi muito respeitoso com as centenas de milhares de mulheres de sua vida dedicada ao dom-juanismo, correu a dar uma olhada na matéria e, dizendo-se aliviado, leu a quase esquecida notícia:

Um mexicano envolvido num caso de canibalismo admitiu hoje ter matado uma de suas namoradas e cozinhado os restos dela, mas afirmou que não comeu a carne da mulher, segundo a procuradoria do Distrito Federal (DF) do país.
(...) José Luis Calva Zepeda, chamado pela imprensa de "O Canibal de Guerrero" - nome da colônia (bairro) em que vivia - "não admite ter consumido a carne de Alejandra (Galeana Garavito)", de 30 anos e mãe de dois filhos.

O texto fez meu assistente recordar aquele episódio da tribo de índios que capturou, matou e cozinhou um missionário inglês. Único preso pela polícia que se embrenhou na selva, o pajé se declarou inocente, pois não havia comido um naco sequer do pobre homem; da panela, apenas bebera o caldo...
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Uma coisa é uma coisa

O considerado Jayme Alves Baeta, advogado paulistano aposentado, envia de sua chácara em Cotia esta procedente crítica ao Jornal Nacional:

“O telejornal exibe uma série de reportagens para comparar condomínios a cidades e síndicos a prefeitos. Parece-me algo forçado porque, se alguns conjuntos residenciais abrigam realmente a população de uma vila do interior, suas necessidades estão longe de ser até mesmo parecidas; e eu, que morei 40 anos em São Paulo e passei por cinco endereços, jamais votaria naqueles síndicos para administrar nada além de um prédio de três andares...”.

Janistraquis e eu também temos visto as matérias do JN, ó Baeta, e concordamos com você: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa; e condomínio é condomínio, cidade é cidade; síndico é síndico e prefeito é prefeito.
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Morrer de rir

Saiu na Folha Online a notícia que Janistraquis considerou a mais engraçada do ano; segue o texto, com ligeiro copidesque:

Jegue é preso em flagrante no Egito sob acusação de roubar espigas de milho.
O alimento estava em uma plantação que pertence a um instituto de pesquisa de agricultura na região do Delta do Nilo.
A prisão aconteceu após reclamação do diretor do instituto, que notou alguns buracos no milharal.
Um posto policial próximo à plantação foi acionado e, depois de avistar o jegue e seu dono, os policiais encaminharam os dois para a delegacia.
O bicho, que carregava a prova do crime nas costas, recebeu voz de prisão em flagrante e um juiz local determinou a pena de 24 horas de prisão para a dupla.
O dono do jegue escapou da detenção depois de pagar fiança equivalente a R$ 17.

(Meu assistente concluiu que o crime do jegue é inafiançável porque ele foi apanhado "com a boca na botija".)
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O Brasil merece

Janistraquis leu por aí que, segundo apurou a pesquisa CNT/Sensus, o presidente da República recebeu avaliação positiva de 68,8% dos entrevistados, contra 6,8% que o avaliaram negativamente; 23,2% avaliaram o governo como regular.
Meu secretário concluiu que, se verdadeiros, tais números transformam Lula na versão batracóide da fada Sininho; a cada toque da varinha mágica surgirá um campeão de votos, agora e em 2010. Assim, se o fenômeno quiser (não nos referimos ao enxundioso craque Ronaldo), o país terá dona Dilma na presidência e, em todos os estados, prefeitos e governadores do PT.
Tá certo, o Brasil merece.
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Anátema! Anátema!

O considerado Rafael Andrade Rios, engenheiro civil em São Paulo, leu esta chamadinha na capa do Globo Online:

Carol Castro: Cristãos querem retirada da PlayBoy – atriz pousou nua com um terço na mão.

Rafael, que não perde missa e nunca faltou às aulas de português, repreende os envolvidos:
“O herético textinho diz que a atriz ‘pousou’, e o verbo assim empregado quer passar a idéia de que ela é a própria Nossa Senhora, que de vez em quando pousa aqui e ali e encanta os fiéis. E essa idéia de fotografar mulher nua com terço na mão é um acinte aos princípios religiosos!”
Janistraquis, ex-coroinha relapso, garante que quem posa de vanguardista ateu tem mesmo é que pousar nas profundas.
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Melamina ou melanina?

A considerada Malcia Ivone Afonso, assessora de imprensa da Anvisa, leu na Folha de S. Paulo:

China: Leite em pó contamina 432 bebês e mata 1
O Ministério da Saúde chinês diz que o leite contém melanina, substância química usada na produção de plásticos.

Malcia esclarece que o jornal confundiu melamina com melanina:
E um amigo, da área de toxicologia, ficou tão injuriado que chegou a afirmar que vai 'propor uma cadeira de nomenclatura química nos cursos de jornalismo'.
Ele sabe que o assunto é difícil pra quem não é da área, mas o sujeito tem que ter um mínimo de desconfiômetro nessas horas; todo mundo sabe que melanina é o pigmento natural presente na pele, cabelo e até olhos de todas as pessoas e jamais poderia causar intoxicação e morte.
O pior é que quem ouviu tudo isso fui euzinha, como se eu tivesse culpa!
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Desastre naval

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no DF, de cujo varandão debruçado sobre o manancial de besteiras vê-se o desemprego a se afogar no espelho d’água do Palácio do Planalto, pois Roldão lia o Correio Braziliense quando, sem que pudesse fazer alguma coisa para evitar a tragédia, observou o vibrante matutino a naufragar nas ondas da ignorância naval:

“NAVIOS FAZEM MANOBRAS -- Aliada da Venezuela, a Rússia anunciou que vai realizar, até o fim de novembro, exercícios militares conjuntos nas águas do Caribe. Segundo a chancelaria da ex-União Soviética (sic), vários navios da frota russa, incluindo o cruzeiro (sic) de propulsão nuclear Pedro el Grande e o Almirante Chabanenko, barco de ataque contra submarinos, chegarão à América do Sul antes do fim do ano. (...)”.

Mestre Roldão, que já se aventurou por mares nunca dantes navegados, deu nota zero à, digamos, notícia:
O navio nuclear não será um barco de cruzeiro e sim um cruzador. E o seu nome não é "Pedro el Grande" e sim "Pedro, o Grande". O despacho deve ter chegado ao jornal em espanhol e o tradutor não ousou traduzir o nome do cruzador russo. Se fosse um navio de guerra venezuelano poderia ser batizado com o nome de "Bolívar, el Grande". Se as manobras serão no final de novembro, é claro que os navios russos chegarão no Caribe antes do fim do ano...
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Nota dez

Já estamos na primavera, porém de repente ventos gelados sopraram do Oeste e o céu fez-se em estrelas que ignoravam um rastro de lua, de modo que tivemos a sobrevida do inverno aqui nos contrafortes da Serra do Mar. Então Janistraquis vestiu aquele capote antigo, inspirado num conto de Gogol, armou-se de luvas e cachecol e foi até nosso escritório examinar a correspondência.
Da sala onde servia o jantar de Dona Marta, mansa jararaca que há anos criamos dentro de casa, ouvi meu assistente comentar: “Mas como escreve bem esse tal de Mauro Santayana!”. O texto, escolhido por 14 colaboradores da coluna, entre eles o nosso proficiente diretor, Roldão Simas Filho, está no Blogstraquis à disposição do considerado leitor.
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Errei, sim!

“PAPO DE CRAQUE – Com indesculpável atraso, Janistraquis demonstra aqui sua admiração pelo ex-jogador, ex-técnico e comentarista de futebol Mário Sérgio Pontes de Paiva. O craque escreveu no Estadão: ‘Dallas – Um esquema errado, um time previsível, um futebol para não chegar a lugar nenhum. É a Seleção Brasileira para enfrentar os russos na estréia na Copa do Mundo.’
Meu assistente aplaude a pontaria de Mário Sérgio, que por absoluta falta de adversários é o legítimo vencedor do Troféu Omar Cardoso de 1994.” (outubro de 1994)
(Para os muito jovens: Omar Cardoso foi o mais célebre horoscopista brasileiro; e a seleção que não iria chegar a ‘lugar nenhum’ conquistou o tetra nos EUA, como todos estão carecas de saber.)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

Fabulações do filósofo Divino Habsburgo pelos bosques da reflexão






"Deus sempre ajuda quem madruga, quando consegue madrugar."

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Profissão? Ibope

A FACE OCULTA DO IBOPE

Mário Augusto Jakobskind - do site Direto da Redação

A temporada eleitoral está entrando na reta final e, como sempre, algumas verdades absolutas continuam a prevalecer. É o caso, por exemplo, da afirmação diária de que a propaganda eleitoral é gratuita. Não é verdade. Como informa o Observatório do Direito à Comunicação, as emissoras de rádio e TV recebem da União uma média de R$ 267 milhões por ano. O pagamento sobre o que a legislação do setor, o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), prevê como obrigação dos concessionários de radiodifusão é feito através de compensação fiscal no cálculo do Imposto de Renda. Ou seja, as emissoras descontam do lucro auferido – sobre o qual incide o IR – o valor que ganhariam com a comercialização publicitária regular dos minutos usados para a propaganda eleitoral. Então, pergunta-se: qual o motivo de no início da propaganda eleitoral se ouvir o refrão segundo o qual “interrompemos a nossa programação para a inserção do horário eleitoral gratuito?” Mais uma propaganda enganosa.

A generosidade dos proprietários de veículos de comunicação se deve a você, cidadão contribuinte. E isto é lei, pelo menos desde 1963. Outra armação é a medição da audiência das emissoras. Na semana passada, em um debate sobre a criatividade na televisão brasileira, no programa Ver TV, na TV Câmara, o jornalista e cineasta Antonio Castigliola apresentou um dado, que na prática questiona a medição feita pelo “conceituado” Instituto Brasileiro de Opinião Pública, cuja sigla Ibope foi incorporada à língua portuguesa como sinônimo de audiência (dá Ibope, não dá Ibope).

Castigliola revelou o que é pouco divulgado, ou seja, o Ibope contrata 750 famílias, só na área urbana de São Paulo e ainda por cima percebendo salário. Quer dizer: quem determina a audiência nacional no Ibope é São Paulo, Neste caso, pelo padrão Ibope, uma eleição nacional bastaria ser realizada em São Paulo, não necessitando auferir a votação em outros Estados. Como se tudo isso não bastasse, estas mesmas famílias fazem o serviço há 10 anos, sem renovação. A medição é feita através de um aparelho denominado peoplemeter, que aufere a audiência minuto a minuto. Mudanças de canais ou o desligamento dos aparelhos de TV são registrados pelo medidor.

O que teria a dizer o Ibope sobre a informação de Castigliola? Como estamos em período eleitoral, uma ou duas vezes por semana, tanto o Ibope como outros institutos de pesquisa apresentam os índices dos candidatos a cargos executivos. Os critérios são os mais diversos. Por exemplo, no Rio de Janeiro, onde até agora, quando faltam poucos dias para a eleição de 5 de outubro, boa parte do eleitorado ainda não se definiu, mas os percentuais apontam como fato consumado a ida para o segundo turno de um dos candidatos, exatamente o apoiado pela máquina do governo do Estado.

O eleitorado do Rio de Janeiro já reservou muitas surpresas em outras eleições. Do jeito que a banda dos institutos de pesquisas toca, parece que há um objetivo claro, qual seja o de induzir o eleitor a votar no candidato à frente das pesauisas. Em outras palavras: a parte do eleitorado ainda sem decidir em quem vai votar fica induzido a escolher o mais cotado. Afinal de contas, garantem os psicólogos, é mais fácil o eleitor escolher quem aparentemente está na frente do que acompanhar o perfil do candidato, o passado e o presente do referido e ainda questionar o tipo de promessa que ele faz.

Além disso, com o esquema em vigor de despolitizar a política, o enfoque apresentado na propaganda eleitoral se volta para o trivial comum, como se o postulante a um cargo executivo fosse um produto qualquer. Aí entram em cena os marqueteiros, contratados a peso de ouro, que ditam as regras como o candidato deve se apresentar na TV. Aí vale tudo em termos de promessas, não raramente enganosas.Ainda uma faceta da campanha eleitoral. Um candidato a prefeito do Rio se apresenta com a proposta de ser “síndico” da cidade. Ao mesmo tempo, um canal de TV, no esquema sórdido de despolitizar a política, mostra no noticiário nobre “as semelhanças entre um síndico e um prefeito”. O Tribunal Eleitoral até agora não se manifestou.

A TV Globo se diz imparcial. O candidato-síndico, apoiado por um Governo de Estado cliente da Globo, há dois anos pedia o impeachment de Lula e hoje, com o apoio do Governador do Estado do Rio, posa de lulista desde criancinha. Ou seja, assim caminha a eleição municipal do Rio de Janeiro. No mais, registro a inquietação do leitor Gilberto César Vieira de Rezende, ao afirmar que “me causa espanto que durante toda a semana que passou, o senhor Bush de repente diz que vai fazer um programa de ajuda aos bancos de 700 bilhões de dólares e não li ou ouvi uma única linha sobre quais os programas de defesa vão ser cancelados/postergados ou qualquer outro gasto social ou de outra área de governo(mais ao gosto da tesoura republicana) será diminuído para liberar esta quantia de dinheiro....”

E nesta crise da economia estadunidense, os apologistas do Estado mínimo não criticaram a intervenção estatal ordenada por Bush, muito pelo contrário. As críticas desses apologistas do capital só valem quando o Estado entra em cena para proteger os que vivem do trabalho. Se amanhã, por exemplo, voltar à cena o Estado de bem estar social, podem imaginar para onde se voltarão as baterias destes analistas a serviço?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Circo da Notícia


SIGILO DA FONTE

A guarda dos segredos e a tentação autoritária

Por Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa

Um sábio da política, o presidente Tancredo Neves, foi procurado certa vez por um amigo. "Dr. Tancredo, vou contar-lhe um caso, mas peço que guarde segredo". Tancredo recusou: "Se você, que é dono do segredo, não consegue guardá-lo, não sou eu que vou conseguir".
O governo quer que a imprensa faça aquilo que Tancredo não quis fazer: já que as autoridades vazam seus segredos, proíba-se a imprensa de divulgá-los. O ministro da Justiça, Tarso Genro, diz que não há ataque à liberdade de imprensa no projeto de lei que encaminhou ao Congresso.

Mas há, sim.

O fato é que a obrigação legal de guardar determinados segredos é das autoridades que os detêm. A partir do momento em que o segredo chega ao conhecimento de um jornalista, já deixou de ser segredo, e não há motivo para que o jornalista deixe de divulgá-lo. Que as autoridades, então, sejam responsabilizadas.
Aliás, já faz tempo que está na hora de cobrar dos detentores de segredos legais que parem de vazá-los. Os inquéritos sigilosos que vazam gota a gota, sempre contra os réus, não são nenhuma novidade. E investigar o vazamento é simples: não há muita gente com acesso a esses documentos sigilosos. O problema é que, até agora, essas coisas nunca foram investigadas – até porque, tanto quanto se saiba, os vazadores e os investigadores do vazamento jogam no mesmo time.
Há ocasiões específicas em que jornalistas guardam segredo: seqüestros, por exemplo, para não prejudicar as investigações. Mas são ocasiões pontuais, esporádicas. A obrigação do jornalista é dividir com seu público aquilo que descobre. A obrigação das autoridades é manter em segredo aquilo que for secreto. Se cada um fizer sua parte, o país funcionará bem melhor. E a tentação autoritária que costuma acometer os poderosos em geral com certeza se tornará menos perigosa.

A base da liberdade

A propósito, antes de pensar em mexer com leis de imprensa e outros entulhos autoritários, o governo precisa informar-se sobre a estrutura legal do país. A liberdade de informação, independente de censura, está no inciso XIV, artigo 5º, da Constituição. É reforçada no artigo 220, parágrafos 1º – "nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social (...); e 2º – "é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística".

As pessoas e a ideologia
Nesta guerra insana travada entre jornalistas (que com freqüência abandonam o tema do debate e partem para o ataque pessoal) sobram, às vezes, balas perdidas. E jornalistas que se dedicam exclusivamente à reportagem, sem compromisso com os lados que se enfrentam, acabam sendo atingidos de maneira injusta. A última vítima foi uma excelente repórter, Lilian Christofoletti, da Folha de S.Paulo. Lilian é séria, correta, íntegra; e isso não é perdoado pelos patrulheiros. Além do mais, o clima entre as patrulhas diversas é tão radicalizado que, se você escrever sobre o banheiro do estádio do Treze de Campina Grande, estará sujeito a acusações de ser contra o Daniel Dantas, ou a favor dele. Não se pode sequer citar nosso presidente, "nunca dantes nesse país", porque pode parecer que o assunto é Daniel Dantas e, portanto, alguma coisa há por trás da frase.
Tudo bem, esfolem-se mutuamente, insultem-se, processem-se. Mas por que tentar atingir quem não faz parte da briga?

Adeus, Lourenço

Faz tempo, muito tempo. Na recém-criada Folha de S.Paulo, que englobava Folha da Manhã, Folha da Tarde e Folha da Noite, comecei a trabalhar com o Lourenço Diaféria. Ele era um pouco mais velho (na época, parecia-me muito mais velho); mas era corintiano, cordial com os focas, disposto sempre a compartilhar os segredos de seu bom texto. Curioso: num meio que valoriza as línguas bífidas, o Lourenço era a exceção. Nunca o ouvi falar mal de ninguém – nem dos militares que, na época da ditadura, o infernizaram por causa de uma crônica bonita, "Herói. Morto. Nós" – um texto que só idiotas radicalizados poderiam considerar subversivo. Lourenço, sim, foi perseguido; e jamais pensou em enriquecer com indenizações. Preferiu levar a vida como gostava, cuidando da família, dos amigos, do Corinthians, das crônicas.
Dizem que crônica, por definição, é passageira. Mas meu cunhado vem me pedindo há tempos uma velha crônica do Lourenço sobre o Dia dos Pais – uma beleza, lembro-me. E que diabo de gênero passageiro é este, que um leitor recorda um texto que quer guardar, e que outro leitor lembra perfeitamente qual é?
Adeus, Lourenço. Você vai nos fazer muita falta.

Leia também
Herói. Morto. Diaféria – Franklin Valverde

A guerra do fumo 1

E, já que falamos em Folha de S.Paulo, está ali uma excelente reportagem sobre o projeto do governador José Serra que proíbe o fumo em lugares públicos fechados. Uma atriz fumou tranquilamente dentro do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista e residência de Serra, e não foi incomodada. Traduzindo: talvez a coisa não seja por aí. Se o governo federal tomar a iniciativa de eliminar o subsídio ao cigarro, elevando o custo do maço, o efeito será bem mais sensível do que a proibição pura e simples. Hoje em dia, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde, o cigarro é baratíssimo no Brasil. E o órgão mais sensível do corpo humano não é o nariz: é o bolso.

A guerra do fumo 2

A propósito, não se falou na imprensa a respeito do lobby do fumo. Quando o cigarro foi proibido nos restaurantes de São Paulo, houve uma tremenda mobilização de sindicatos patronais para derrubar a lei (o que acabou acontecendo). E não foi nenhum deles que financiou a rica campanha em favor do cigarro.

A homenagem a Lula

Passou despercebida pela imprensa a homenagem que o Instituto Steven Roth para o Estudo do Anti-Semitismo e do Racismo Contemporâneos, o mais importante do mundo, acaba de prestar ao presidente Lula. Lula foi convidado a participar das cerimônias do International Holocaust Memorial Day, instituído pela ONU, e das homenagens ao diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas, cujo trabalho na França ocupada pelos nazistas, na Segunda Guerra Mundial, salvou a vida de centenas de perseguidos. O Brasil, mostrou o Instituto, é uma das democracias com leis mais sólidas para punição e prevenção do racismo.

Parabéns! 1

Atenção: na segunda-feira (29/9), o Consultor Jurídico lança, no Maksoud Plaza, em São Paulo, o Anuário da Justiça Paulista. É coisa grande: a publicação nacional é um grande êxito, a estadual tem tudo para acompanhá-la. No coquetel de lançamento, deverão estar o governador José Serra, o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, e o presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro César Asfor Rocha. Vale a pena.

Parabéns! 2

Na terça-feira (23/9), outra bela comemoração, também na área de publicações jurídicas: o Direito na Mídia, de Ricardo Maffeis, completa dois anos. Direito na Mídia é um boletim, enviado por e-mail, com comentários jurídicos sobre acontecimentos da semana; é também um blog com textos que, por seu tamanho, não devem ser enviados por e-mail. Uma boa publicação, a acompanhar: é bom que a imprensa esteja atenta a temas jurídicos.

Parabéns! 3

Desta vez, cumprimentos ao iG: está publicando um novo e delicioso blog, o Balaio do Kotscho. Vale a pena – como, aliás, tudo o que o Ricardo Kotscho faz em jornalismo. Torce para o time errado, mas ninguém é perfeito.

Que vergonha!

É preciso confessar: este colunista viu com muitas reservas a iniciativa do Ministério Público de recomendar a uma emissora que respeitasse o direito dos consumidores de notícias a uma informação correta. O primeiro pensamento foi algo do tipo "esses promotores agora querem decidir o que é certo ou errado na imprensa e daqui a pouco vão querer mexer na diagramação".
Mais duro foi perceber que, neste caso, os promotores tinham toda a razão. Um programa gravado não pode ir ao ar muito depois – no caso, quase seis meses depois – mantendo a vinheta "ao vivo", sem qualquer indicação de que se trata de coisa requentada. Só podemos lutar pela independência quando formos capazes, sozinhos, de responsabilizar-nos por ela.

Como...

A modelo italiana Raffaela Fico, 20 anos, jura que é virgem e está disposta a vender a virgindade por 1 milhão de euros. Mas o melhor da história é o texto da notícia, conforme publicado em nosso país: "Estou ansiosa por conhecer o homem capaz de pagar para me ter". Ah, os cacófatos!

...é...

Já não bastava aquela coisa horrorosa de gringo, de achar que a capital do Brasil era Buenos Aires? Pois pode ser pior: segundo o Boston Globe do último dia 15, "President Evo Morales of Brazil tried to quell violence". Acalmar a violência, tudo bem. Mas "President Evo Morales of Brazil" é meio muito para nós.

...mesmo?

"Paris Hilton nega que coiotes tenham comido seus cachorros". Claro que não: ao que se saiba, os cachorros de Paris Hilton nem são disso.

E eu com isso?

Bolsas subindo e caindo, jornalistas jurando que fizeram previsões sobre a crise muito antes dos economistas, bancos que quebraram por investir mal tentando mostrar aos investidores como investir bem, bolivianos ameaçando entrar em guerra civil – que coisas mais chatas!

Mas existe um outro mundo:
** "Eva Mendes revela que já fez sexo em todos os Estados dos EUA"
(E lá nos EUA há 50 estados. Uma dúvida que Eva Mendes não esclareceu: terá entrado na lista o 51º, o estado livre associado de Porto Rico?)
** "Murilo Benício passeia no Leblon"
** "Cristiana Oliveira cuida das unhas em centro de beleza e estética no Rio"
** "Ana Furtado exibe pernas durante desfile em shopping carioca"
** "Mel Gibson passa horas com morena em camarim"
** "Cobra em banheiro leva polícia a filhote de crocodilo em hotel"

O grande título

Dois títulos da semana passada merecem destaque: um, pela construção da frase; outro, além da construção da frase, traz um "suposto assassinato". Se o sujeito morreu com três tiros nas costas, o "suposto" fica meio esquisito. Mas vejamos:

** 'O governo me prejudica sempre', diz Zé do Caixão seu novo filme"
** "Bope vai investiga suposto assassinato de traficante Tota"

Mas o melhor dos títulos não tem erro nenhum:

** "Jegue é preso em flagrante acusado de roubo"

E ainda dizem que este é o país da impunidade!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Aviso


Conheçam o texto pelo qual serei reconhecido em breve - no máximo alguns séculos - como o paladino da literatura tecnoumana. Assim mesmo, sem hífen e com o H suprimido, por razão filosófica e imposição estilística determinadas por quem vos fala. Boa leitura.

Histórias reais da era das convergências tecnológicas


Conseqüência presumível

Por Álvaro Larangeira

Só podia dar nisso: Patrícia estava grávida. Apenas 13 anos e embuchada – pode parecer grosseira, quiçá cruel, porém é a palavra adequada para a situação. Quem observava a menina (menina?) previra o desfecho. Aquele grude transpusera a normalidade. Tornara-se uma tara. Isso mesmo, tara. A avó, sempre mais atenta e respaldada pela inata percepção pan-óptica feminina, percebera a atração doentia da neta e até a aconselhara a largar aquela – perdoai-nos, senhor, pelo termo – coisa. “Coisa, não, vó!”, retrucava Paty. Para a mocinha, ele era solidário, cúmplice e incapaz do gosto pelas infidelidades inerentes à vida. Em resumo, o companheiro ideal.

A avó alertou a filha, e esta resolveu recorrer às conhecidas propriedades psicoterapêuticas da leitura em casos propensos à lascívia precoce. Presenteou a protoadolescente com a literatura condizente à idade. Primeiro, Alice no País das Maravilhas, Meu Pé de Laranja Lima e, já projetando a carreira artística, O Pequeno Príncipe. Nada. Em seguida, esperançosa da eficácia da filosofia no abrandamento dos espíritos inquietos, mimoseou a caçula com Crítica da Razão Pura, do Kant, e Meus Demônios, do Morin. Inútil. Sem sucesso, apelou: A Função do Orgasmo, do Reich, e Kama Sutra para Adolescentes, dalgum tarado. Nem cócegas.

Simples. Patrícia queria apenas o seu objeto do desejo e mais nada. Começara com conversinhas ao ouvidinho e intermináveis risadinhas. Depois, joguinhos. Nos últimos tempos, fotinhos e videozinhos pra lá e pra cá. Pronto, o distinto ser passou a fazer parte daquele tenro corpinho auroreal. Era manhã, tarde e noite. Inclusive madrugadas. Na escola, nas escadas e nas baladas. O tempo inteiro. Daí a desconfiança daquelas almas ligadas à salutar espiada da vida alheia. Viam-na carregá-lo tal qual um tesouro, um pote de ouro, uma – remitais novamente, ó senhor, pela comparação – bíblia.

E assim foi, até o fatídico dia.

- Mãe, estou grávida.
- De quem? – perguntou a genitora daquele cristalino bibelô, apenas por praxe.
- Não sei.

E era verdade. Patricinha, assim chamada pelas amigas patricinhas, tinha três celulares. Portanto, desconhecia quem fosse o verdadeiro pai da criança. Uma coisa, porém, era certa, e amainava a angústia da família, agregados e entornos: conforme as funções do bebê, será fácil reconhecer a paternidade. MP5, com câmera digital 7 megapixels? Papai Ericsson. Bluetooth e acesso à internet? Papai Motorola. Tudo isso e mais um pouco – alguns diamantes, por exemplo? Só pode ser filho do Goldvish. Pronto.

Ditirambo semanal



"Aquele que tem uma língua e não fala,
Que tem uma espada e não luta,
Para que serve, se não é uma criatura?" - Al-Hariri

domingo, 21 de setembro de 2008

O homem das bic posses

Gataria Crusius


Federasul confirma pagamento ao presidente da Procergs

Zero Hora

Informação está na edição desta semana da revista Veja

A Federasul confirma que durante um ano pagou R$ 15 mil mensais ao presidente da Procergs, Ronei Ferrigolo. A informação está em reportagem da revista Veja deste final de semana. Segundo o presidente da Federasul, o último pagamento foi feito em agosto passado e o contrato não foi renovado. José Paulo Cairoli afirma que Ronei Ferrigolo dava consultoria no projeto Crédito Certo, uma espécie de SPC mantido pela Federasul.

O presidente da Procergs está em Pernambuco e não se manifestou. A revista Veja cita que dois integrantes do governo do Estado recebiam complemento salarial pago por empresários. O outro seria o atual secretário geral de governo, Erik Camarano. De acordo com a reportagem, ele receberia pagamento da ONG Pólo RS quando trabalhava nas câmaras setorias do governo.

Camarano divulgou nota sobre a reportagem. Negou qualquer irregularidade. Admitiu que recebeu recursos da ONG para fazer consultoria, que não envolvia dinheiro público. O contrato foi rescindido quando assumiu a função de secretário. A agência de desenvolvimento Pólo RS considera inaceitável e maldosa a insinuação de que complementava salário, pois nunca houve vínculo empregatício e sim uma relação contratual, legal e documentada na forma da lei.

Um ritual de iniciação científica ou um culto satânico?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vida de repórter







Quem se garante quando tá todo mundo nu?

Moacir Japiassu (*)

Quanta angústia
dessa espera quanto
sangue em cada mão
(Léo Bueno in Como o atrito...)

Quem se garante quando tá todo mundo nu?
O considerado Paulo Moreira, repórter de economia do Diário do Vale, de Volta Redonda, despacha de seu QG ao lado da Companhia Siderúrgica Nacional:

Esta que saiu no G1 do dia 9 de setembro só pode ser ironia ou ato falho.

A matéria é sobre um congresso de naturistas, a se realizar na Paraíba. No segundo parágrafo, alguém tascou: “O Brasil é um importante país no mundo do naturismo. Não apenas tem o clima ideal, as pessoas aqui também são mais livres dos preconceitos que assolam as sociedades americana e européia”, contou Volac, presidente da Federeção Internacional de Naturismo, ao G1, em entrevista exclusiva.

FederAção eu sei o que é, mas federEção, principalmente de naturistas, não deve dar (ops!) em boa coisa...

É mesmo, ó Moreira; quando está todo mundo nu, ninguém pode se garantir. Nem na Paraíba, antigamente terra de cabra macho.
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Consumidor arrependido
O considerado Marcus Cyranka, cidadão carioca, engenheiro de idéias, remete de seu escritório na Rua Siqueira Campos, território livre de Copacabana:

“O Citroën C3 LPU 0074 circulava em Vila Isabel com o seguinte adesivo no vidro traseiro: Vendo esta merda. E divulgava o site www.nuncamais.net, que reúne histórias de consumidores arrependidos.”

E olhe que era um Citroën; o que o arrependido não escreveria se o carro fosse uma Brasília amarela?
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Léo Bueno
Como o atrito, a dor opera é o título do poema cujo fragmento encima esta coluna; são versos que dizem da angústia da espera, do sorriso tomado a laço; dizem, enfim, do viver, assim que seja sem querença de peleja. Leia íntegra no Blogstraquis.
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Réquiem pro Vascão
O maior tormento do torcedor vascaíno é saber que se o time cair para a Segundona, como deve acontecer, nunca mais sairá daquele vale de lágrimas. Janistraquis, eleitor tão otimista que vai lançar a candidatura de Marta Suplicy a Miss Simpatia da Terceira Idade, discorda de meus horrendos presságios:

“Considerado, ânimo porque agora vai! Acabamos de recontratar o Odvan pra botar ordem na nossa defesa!!!”
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O homem errado
O considerado Marco Antonio Zanfra, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, que construiu seu refúgio ecológico na praia do Morro das Pedras e não na Joaquina, como nos informara um araponga da Abin, pois Zanfra expediu daquela paragem ornamental:

E por falar em "erramos", esta pérola ter-me-ia passado despercebida, caso o próprio "Diário Catarinense" não publicasse a correção nesta sexta-feira, 12 de setembro:
O governador de Santa Catarina, em 1958, era Jorge Lacerda e não Carlos Lacerda, como foi publicado ontem na coluna de Juliana Wosgraus, no Variedades.
Só rindo.

Pois é, naquele glorioso ano de 1958, quando o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo, Brasília ainda estava em construção e tínhamos na presidência da República um homem que sabia ler e escrever, Carlos Lacerda se preparava para governar o futuro Estado da Guanabara, conhecido desde o Descobrimento como Rio de Janeiro.
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Cadáveres vingativos
O considerado Paulo Droescher, jornalista paulistano, remete de sua égide nos altos do Sumaré:

Ainda estarrecido com a brutalidade desse ser que, com ajuda da amásia, matou, queimou e esquartejou os próprios filhos, lia matéria do portal Terra sobre a reconstituição do hediondo crime quando deparei com a seguinte "pérola":

"Uma das contradições entre o depoimento do casal e a reconstituição do crime está na ausência de indícios de que tenha acontecido alguma violência na cozinha, como o casal relatou na delegacia. De acordo com o delegado, o local em que os garotos foram queimados e da retaliação de seus cadáveres foi o mesmo."

Bom seria se os pobres garotos tivessem tido alguma chance de retaliação antes do inqualificável fim que tiveram. Mas, infelizmente, se nem assim eles puderam reagir à violência, depois de mortos é que não puderam justiçar o casal de monstros, que está bem inteiro conforme constatamos diariamente na exaustiva cobertura sobre o caso.

Janistraquis ficou impressionado com a retaliação dos meninos, ó Droescher, e, embora seja contrário à pena de morte, abriria uma exceção no presente caso.
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Ignorância americana
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, cuja sede é vizinha do Palácio da Liberdade, onde Aécio promete que começará a governar brevemente, pois Camilo leu no The Boston Globe:

President Evo Morales of Brazil tried to quell violence.

Camilo não deixou passar em branco:

“Depois dos discursos de Reagan, do Bush, de todos eles, agora também imprimem a infamante besteira!!!”

É deverasmente doloroso. Janistraquis já estava conformado com ‘Brasil, capital Buenos Aires’, e agora vem essa...

(Leia no Blogstraquis artigo de Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Minas, no qual ele analisa o Epifenômeno Daniel Dantas.)
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Galho de árvore
A considerada Rebecca Fontes, assessora de imprensa no Ceará, envia de seu paraíso vizinho à Praça do Ferreira, em Fortaleza:

Esta pérola foi publicada no Terra e não pude deixar passar:

'Corpo' de soldado da 2ª Guerra é galho de árvore

O suposto corpo de um soldado da Segunda Guerra encontrado em uma floresta em Papua Nova Guiné é na verdade um galho de árvore coberto de musgo, informou o Departamento de Defesa Aérea australiano.

No dia 28 de agosto, um dos membros de uma expedição de trekking em Kokoda, no leste do país no Oceano Pacífico, avistou o que parecia ser um cadáver pendurado de uma árvore. (?!?)

Desolada, Rebecca comentou:

Às vezes dói tanto ler algumas manchetes...

Janistraquis acha que, além de doer, coça como o diabo!
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Muito prazer
Janistraquis perdeu a paciência com o Shopping UOL:

“Considerado, é duro você ligar o computador todos os dias e todos os dias deparar com a banalização dessa tão incompreendida crase; é ‘internet sem fio à partir de R$ 129’; ‘sapatos e botas à partir de R$ 189,90’; ‘pantufa de coelhinho à partir de R$ 19’ e por aí vai. A gente até desiste de comprar alguma coisa! Será que os redatores dos anúncios ainda não foram apresentados à gramática?”.

É possível; e eu mesmo desisti de comprar a pantufa de coelhinho.
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A notícia do ano
Janistraquis jurou que leu a seguinte manchete na Folha Online:

Aprovação de Lula bate recorde histérico, diz Datafolha

Fui conferir o que não seria nada absurdo, porém não se tratava de recorde histérico, mas recorde histórico.

Meu assistente bateu o pé:

“Considerado, histórico ou histérico, tudo o que vem de Lula é ilusório.”
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Mauro Santayana
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que o Mestre escreveu no Jornal do Brasil. Começa assim:

O que está ocorrendo na Bolívia ocorreu no Brasil, em 1964; no Chile, em 1973; na Argentina, em 1976, e quase ocorreu na Venezuela, em 2002. Tudo começou com a usurpação de 1.300 mil km² do território do México, na guerra movida pelo presidente Polk (1846/1848). E em 1856, o mercenário ianque William Walker se declarou presidente da Nicarágua. Podemos deixar de lado o caso bem conhecido da intervenção em Cuba, desde sua "independência" até a Revolução de 1959.
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Promoção injusta
O considerado Alfredo Spínola, jornalista paulistano, aquele que ajudou a derrubar um ombudsman da Folha, conforme não ignoram os leitores da coluna, pois Spínola passava os olhos na primeira página da Gazeta Mercantil quando eles (os olhos) derraparam na pista escorregadia traduzida por este título:

Moto já representa 73% do mercado de carros

Janistraquis também ficou impressionado, ó Spínola, porque nunca imaginou que, apesar de responsável direta por tantos e tantos acidentes, a moto pudesse ser promovida a carro!!!
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Nota dez
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cuja janelinha do banheiro, em escalando-se o vaso sanitário, avistam-se passaralhos a decolar do gramado defronte ao Palácio do Planalto, pois Roldão envia a Nota Dez da semana, aninhada no blog do não menos considerado Hugo Studart sob o título O esquema Dilma-Lula na privatização dos aeroportos:

Publiquei ontem um post sobre a privatização do Galeão e de Viracopos com o título "Afinal, Dilma é mesmo ex-assaltante de banco?". Acabo de confirmar. Um grupo suíço deve ficar com o Galeão e uma empreiteira nacional com Viracopos. Por trás, pode estar uma nova forma de financiamento público da campanha presidencial.

Clique aqui e leia detalhes do que andam aprontando por lá.
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Errei, sim!
“37 mais 5= 41! – Conta feita pelo Jornal do Brasil a propósito da brilhante carreira do atleta mexicano Arturo Barrios, vencedor da São Silvestre: ‘O atleta mostrou como estabeleceu nos últimos cinco anos a invejável marca de 37 vitórias e cinco segundos lugares em 41 corridas de rua das quais participou’.

Janistraquis garantiu que 37 mais cinco dá 42 e não 41, e comentou, mordaz: ‘Considerado, o redator parece membro da equipe da Zélia; toda vez que soma, a gente perde alguma coisa’.
N. da R.: Zélia é aquela do ‘Besame Mucho; a que foi ministra. (fevereiro de 1991”)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

Fabulações do filósofo Divino Habsburgo pelos bosques da reflexão






"Quem tanto espera, esquece a vida no prelo."

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tuberrepórter

YouTube lança o primeiro concurso de Jornalismo Participativo ou Jornalismo Cidadão

Em parceria com o Centro Pulitzer, o YouTube lançou um concurso para selecionar vídeos produzidos por Jornalistas Cidadãos ou Jornalistas Amadores com um prêmio de 10 mil dólares para o grande vencedor. Os patrocinadores incluem a Sony e a Intel. Veja no http://www.youtube.com/projectreport




Repórter free-lancer de Empregos/Carreiras e Negócios

A Folha está selecionando currículos de interessados em trabalhar como repórter free-lancer dos cadernos Empregos/Carreiras e Negócios.

Candidatos devem ter:

- boa cultura geral
- experiência em jornal (de preferência diário) ou revista informativa

Curso de pós-graduação concluído ou em andamento e conhecimentos do Novo Manual de Redação da Folha são habilitações desejáveis.

O processo de seleção inclui testes de conhecimentos gerais, conhecimentos específicos, português e regras de padronização estabelecidas pelo manual, além de entrevista.

Envie um currículo sintetizado (com formação escolar, domínio de idiomas, cursos de especialização e experiência profissional) e dois exemplos de seu trabalho até 22/9, aos cuidados da Secretaria de Redação, sob a sigla C-1.015 pela internet (treina@uol.com.br) ou pelo correio Al. Barão de Limeira, 425, 4ºandar -CEP 01202-900, São Paulo, SP

ATENÇÃO: mande o currículo no corpo da mensagem; links e arquivos anexados não serão considerados

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Circo da Notícia


O QUE VÊ O DELEGADO
Por debaixo dos panos

Por Carlos Brickmann - Observatório da imprensa

O delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva, que desenvolveu boa carreira na Polícia paulista e foi o primeiro comandante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Lula, mandou um bilhete para o blog de Luis Nassif. Discute ali temas relacionados à Telecom Itália, o que foge ao objetivo desta coluna. Mas diz coisas que merecem ser analisadas por nós, jornalistas:

1. "Não tenho o costume de escrever sobre matérias jornalísticas porque as considero, em geral, parciais ou encomendadas (compradas mesmo)".

2. "A matéria que possivelmente deu origem ao seu comentário [o comentário de Luis Nassif] é de autoria de um dos piores profissionais que existem no mercado jornalístico brasileiro. É de um lobista de [Daniel] Dantas, uma pessoa desclassificada que, acostumada com o que tem de pior na Itália, retornou ao Brasil (país que declaradamente odeia) somente porque na Itália não conseguia se manter. (...) Resumidamente, mais um dentre tantos ratos que minha atividade profissional me obriga a lidar cotidianamente".

3. "Desde que estourou o escândalo da Telecom Itália, alguns jornalistas/colunistas tentam ligar o meu nome ao caso, para assim, atingir o presidente Lula, ou porque foram pagos para isso, ou porque ainda torcem para que o governo Lula não dê certo".

4. "Certo de seu senso de justiça e retidão profissional, encaminho essa minha indignação para que seus leitores não fiquem com informações incompletas e possam tirar as conclusões de quem está recebendo as `trinta ou trezentas moedas´ para vender a alma ao diabo".

São acusações fortes, embora o nome dos acusados não seja mencionado: fala-se em reportagens compradas, pessoa desclassificada, mais um dentre tantos ratos, foram pagos para isso, quem está recebendo as trinta ou trezentas moedas para vender a alma ao diabo. É possível, destas informações, inferir a quem o delegado se refere; mas é preferível pedir a Mauro Marcelo, oficialmente, em nome da categoria profissional dos jornalistas, que identifique seus alvos. O pedido pode ser feito pela Fenaj, por exemplo. E, fora isso, a manifestação do delegado vale pauta: um bom repórter poderá não apenas tentar identificar os alvos como ouvi-los e registrar sua reação às acusações.

Seria uma pena se a opinião do delegado Mauro Marcelo se perdesse no meio do tiroteio em que se transformou boa parte da atividade jornalística. Uma oportunidade como esta, de identificar uma eventual banda podre da profissão, não pode ser perdida.

Tem coisa que não pode

Esteja certo ou errado naquilo que pensa dos meios de comunicação, o delegado Mauro Marcelo é uma pessoa de nível, um formador de opinião. Quando pessoas de nível, formadores de opinião, perdem a confiança na imprensa, é hora de respirar fundo e reexaminar critérios e comportamentos. O formador de opinião não representa a maioria dos leitores. Mas, a longo prazo, é quem os conduz.

Imprensa boazinha

O presidente Lula, num daqueles discursos "nunca dantes", disse que o Brasil, de 1980 a 2002, "esteve em estado de coma, atrofiado, deitado numa cama, sem saber quem era e para onde ia". Outra frase: "Quem governou este país já tinha feito universidade, portanto não estava ligando para os que não fizeram".

Tudo bem, é a opinião de Sua Excelência. O curioso é que ninguém se tenha dado ao trabalho de ouvir os presidentes dessa época. Fernando Henrique e Itamar Franco dariam suas respostas. Mas Sarney e Fernando Collor, que hoje fazem parte da base de apoio do presidente Lula, que é que iriam dizer?

Cerveja ou morte

Um juiz de Goiás mandou soltar um motociclista preso por pilotar embriagado. Em sua sentença, diz que não pode ser "escravo das leis", cita a cerveja como a grande paixão do brasileiro, diz que ir a um bar e não tomar cerveja é tão absurdo como fazer uma refeição sem feijão. E, criticando a lei seca do trânsito, diz sua pérola final: "E tudo para quê, afinal? Isto em troca de algumas almas que, em tese, momentaneamente, foram salvas de acidentes" [ver, neste Observatório, "Apenas algumas almas"].

Os meios de comunicação deram destaque ao caso. Mas faltou buscar, se existe, alguma instância que analise o que o juiz fala; ou informar que, absurdamente, isso não existe. Se o juiz não é "escravo da lei", que é que faz com aquela toga? Se salvar de acidentes "algumas almas" é menos importante do que se embriagar de cerveja antes de guiar, em que mundo estamos?

A propósito, alguém poderia informar ao juiz que existe gente que não gosta de cerveja, nem de feijão, nem de mandioquinha frita, nem de caipirinha? E que faria tudo para evitar que haja mortes no trânsito?

Tudo invertido

Um grande jornal deu duas páginas inteiras para a queda do Santa Cruz à série
D – aquela que antigamente se chamaria Quarta Divisão. E, na mesma edição, cinco linhas para a morte de Pelópidas Silveira, por três vezes prefeito do Recife, símbolo da esquerda pernambucana, o político que abriu caminho para o maior mito eleitoral de Pernambuco, Miguel Arraes.

O pior é que, se perguntarem ao responsável por que ignorou a importância histórica de Pelópidas, a resposta será aquela de sempre: "Eu não sabia. Não é do meu tempo". Não é mesmo. Nem Pelópidas, nem Pedro Álvares Cabral.

Superexposição

Não deve ser a primeira vez em que isso acontece, mas este colunista jamais tinha visto o fenômeno: o mesmo artigo, de Paul Krugman, foi publicado no mesmo dia em dois grandes jornais da mesma cidade. Cada um fez sua própria tradução, cada um deu seu próprio título, mas o artigo é sem dúvida o mesmo, que trata do socorro americano às grandes empresas hipotecárias.

O limite da reportagem

Mais um caso que deve ser debatido e analisado dentro do Código de Ética da profissão: Gil Rugai, condenado num caso rumoroso pelo assassínio do pai e da madrasta, estava em liberdade provisória. Uma rede de TV, em ampla reportagem, mostrou que ele estava morando em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e não em São Paulo (isto é irregular: não poderia mudar de endereço sem avisar o juiz). Entretanto, ele estava trabalhando, não estava se escondendo, não estava fugindo, tinha apenas mudado de endereço; e encontrá-lo não era assim tão difícil, tanto que a TV o achou. Resultado da reportagem: a liberdade provisória foi cancelada e Gil Rugai voltou para a cadeia.

O furo de reportagem vale dificultar o trabalho de ressocialização do preso? Faz parte das funções de jornalista fiscalizar os condenados em liberdade provisória? E, pior, o fato de Santa Maria ficar perto da fronteira (como assinalou o juiz) significa que, automaticamente, ele iria fugir do país? Se isso fosse verdade, por que, em vez de fugir de uma vez, ele teria feito um longuíssimo pit-stop, durante o qual até arranjou emprego?

Liberdade ameaçada

Dois casos numa só semana:

1. O site Nova Corja recebeu ordem judicial para retirar da internet as informações sobre o empresário Eduardo Laranja, aquele que vendeu uma casa à governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius. No caso, há dois fatos curiosos: primeiro, parece que o sr. Laranja havia recebido oferta mais alta, que recusou, para aceitar a mais baixa, vinda da governadora recém-eleita; segundo, o patrimônio da governadora, declarado ao Tribunal Regional Eleitoral, era inferior ao valor da casa que comprou.

2. O site Ucho Haddad foi obrigado a retirar informações contrárias ao banqueiro Daniel Dantas, do banco Opportunity.

Ué, e a Constituição Federal, aquela Constituição Cidadã, que diz que não haverá censura à imprensa? Ainda existe?

E eu com isso?

Supremo, tiroteio entre jornalistas, Daniel Dantas, delegado Protógenes, ministro Gilmar, liberdade provisória, prisão em regime fechado – mas tente conversar sobre isso com a vizinha do apartamento ao lado!

Entretanto, mude o assunto e veja como a conversa vai fluir:

** "Ju Paes compra biquíni na areia e cria hit"
** "Gisele Itié leva caldo e se diverte com namorado"
** "Brad Pitt e Angelina Jolie não conseguem dormir"
** "Sandy vai usar um cabelo `romântico´ em seu casamento"
** "Patrícia Pillar circula na noite carioca"
** "Felipe Dylon passa a manhã surfando no Rio"
** "Moscas de fruta também têm vida social, diz estudo"

O grande título

Voltamos a ter daqueles títulos que, sabe-se lá por que motivo, acabam saindo truncados e dão trabalho para descobrir o que é que querem dizer:

** "Acidente deixa um mor na Rodovia Fábio Talarico"

E daqueles que, se a Última Flor do Lácio fosse levada a sério, provocaria uma corrida às livrarias, para comprar dicionários:

** "Chinaglia não havia concordado com o conteúdo da sansão feita pelo STF ao Congresso"

Mas dá para explicar: a sansão deve ser a esposa do dalila.

E o melhor título da semana:

** "Jennifer Lopez obrigou marido a fazer teste de gravidez"

Podem ficar tranqüilos: parece que o teste deu negativo.

Em nome do pai, do filho e da rede do espírito santo


O avanço dos católicos na mídia

Igreja se
profissionaliza
nos meios de comunicação
para conquistar fiéis

Por Carina Rabelo - IstoÉ
Fotos Murillo Constantino

Há quem diga que Jesus Cristo tenha sido o grande comunicador da história das religiões. Em seus discursos, ele se posicionava a favor do vento para que sua voz ganhasse amplitude. Utilizava a simbologia da palavra "pastor" para mostrar a importância de ser líder das "ovelhas desgarradas". Nos sermões para as multidões, a montanha era seu palco. A tática, mesmo que não intencional, funcionou. Milhões de pessoas se viram - e se vêem - representadas em suas metáforas, arquétipos e alegorias.

Séculos mais tarde, tanto a mensagem quanto a forma de linguagem continuam sendo utilizadas, agora amplificadas pelos meios de comunicação de massa. Atualmente, esse é o método mais eficaz de conquistar - e manter - fiéis. A Igreja Católica, o grande pilar do cristianismo no mundo, se manteve distante - e arredia - dos recursos da mídia durante muito tempo, mas há alguns anos rendeu-se definitivamente ao seu poder. No Brasil, depois de engatinhar e perder para os evangélicos nesse campo, os católicos dão passos seguros em direção à profissionalização. Hoje, alcançam fiéis com 13 emissoras de tevê, 97 rádios, dez gravadoras e 40 editoras. Tentam com esses recursos ampliar seu rebanho.

Os pioneiros na entrada profissionalizada da mídia como reforço da prática da fé foram os evangélicos pentecostais (como a Igreja Universal do Reino de Deus, que atualmente tem a Record como carro-chefe). Com o discurso adaptado aos novos tempos, o número de seguidores no Brasil aumentou de 3,4% para 15% em 50 anos. Inversamente, os católicos diminuíram de 93% para 73% no mesmo período. "Devemos copiar aquilo que deu certo na forma com que os evangélicos utilizam a grande mídia", reconhece o monsenhor Jonas Abib, fundador da Canção Nova, o maior pólo de comunicação católica do Brasil. Diante do desafio, a Igreja se movimenta na luta pelos holofotes. O contra-ataque foi iniciado na década de 70, com os shows em estádios do padre Zezinho, que substituiu o estilo de composição litúrgica pelo popular. E consolidado com a explosão na mídia em 1998 do padre Marcelo Rossi, religioso que levou a palavra de Deus aos programas de auditório da televisão, trios elétricos, shows de artistas leigos e cinema, abriu caminho para novos talentos católicos e fomentou uma vasta indústria de entretenimento religioso.

A mudança de atitude já promove resultados. A cada ano, aumenta o número de padres cantores, festivais profissionais de música, livros, revistas, discos, DVDs, programas de rádio, tevês, além de sites, blogs e, até mesmo, feira de produtos e serviços semelhante aos grandes salões de negócios. Os CDs, produzidos há dez anos em pequenos estúdios das gravadoras religiosas, ganham espaço nas gigantes, como Sony e Som Livre, que ainda gravam DVDs ao vivo de espetáculos com milhões de fiéis.

Para adequar o cristianismo à mídia e lançar outros "padres Marcelos" no mercado, surgiram as empresas especializadas em artistas católicos e na produção de festivais de porte, como o Hallell e o Halleluya, que reúnem cerca de 850 mil pessoas em várias cidades do Brasil, com patrocínio de grandes marcas, como Coca-Cola e Claro. A Talento Produções lançou nomes como padre Fábio de Melo, Adriana, Ziza Fernandes e Eros Biondini. Já a Codimuc seguiu o filão da música para jovens e produz o material publicitário das bandas católicas de pop rock, axé e eletrônico que agradam ao público, como Anjos de Resgate e Rosa de Saron.

O primeiro festival Halleluya ocorreu em 1995, para apenas 500 pessoas e com poucos artistas se apresentando. "Hoje, temos um espaço de 22 hectares, reunimos 650 mil pessoas e 25 bandas de música", comemora Aurinilton Leão, coordenador e membro da Shalom, a primeira comunidade católica brasileira a ser reconhecida pelo Vaticano. Nesses eventos, não é cobrado ingresso. E, se há entrada de dinheiro, ele é revertido para novos shows.

Nem todos os membros da Igreja aprovam a relação dos padres com a indústria cultural. "A grande maioria dos católicos que participam destes festivais não vai às missas. Eles rejeitam a profundidade porque só querem saber de cantar e dançar. É uma forma de oferecer uma religião à la carte", diz padre Pedro Gilberto Gomes, pró-reitor acadêmico da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O perigo da perua botocuda, burra e botocada


Deu em O Globo

Sarah Palin sob fogo cruzado

Do Blog do Noblat

Depois de tornar-se um fenômeno de popularidade, a ponto de levar platéias de mais de 20 mil pessoas a comícios republicanos, a candidata a vice-presidente dos Estados Unidos, Sarah Palin, viu sua primeira entrevista transformar-se num pesadelo, com críticas inclusive no seu próprio partido.

O despreparo da governadora do Alasca na conversa com Charlie Gibson, da ABC, foi tema de alguns dos principais comentaristas políticos. Maureen Dowd, do "New York Times", ficou alarmada "com a semelhança entre Sarah e o presidente George W. Bush, e não apenas no jeito de pronunciar a palavra nuclear".

Para Maureen, a candidata a vice parece "saída do seriado ‘Sex and the City’ como um novo modelo da mulher pioneira, carregando um revólver, um bebê e uma Bíblia". Nas respostas à sua primeira entrevista televisiva revelou não ter a menor idéia do que seja a doutrina Bush, de basear a defesa nacional no direito a fazer ataques preventivos.

Bob Herbert, assustado com o que chamou de despreparo da governadora do Alasca, disse que "é preciso alertar os eleitores de que estamos elegendo presidente e vice-presidente, e não quem vai ganhar o concurso do programa ‘American Idol’."

Num dos mais populares programas humorísticos, o "Saturday Night Live", Sarah foi sarcasticamente interpretada por Tina Fey, tentando fazer um "pronunciamento público contra o sexismo" ao lado de Hillary Clinton (Amy Poheler). A personagem de Sarah, além de não saber o que é sexismo, quando ouve a senadora de Nova York dizer que é a "favor da diplomacia na política externa", responde: "Vejo a Rússia da minha casa e não gosto do que vejo".

Ditirambo semanal

"Mas nós não queremos, de modo algum, entrar no reino do céu: tornamo-nos homens - e assim, queremos o reino da Terra." - A festa do burro - Assim falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Senado abre o Eldorado para a comunicação social


Senado lança cinco editais para 150 vagas com salários de até R$ 13,8 mil

Inscrições vão de 15 de setembro a 10 de outubro

ZERO HORA 12/09/2008 11h10min

O Diário Oficial da União publicou na edição desta sexta-feira cinco editais de concursos públicos para 150 vagas no Senado, sendo 61 de nível médio e 89 de nível superior. Os salários vão de R$ 6.722,68 a R$ 13.879,95. Dos cargos, 5% são destinados a portadores de deficiência.

As provas serão realizadas no dia 9 de novembro em sete capitais: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). As inscrições ocorrerão das 10h do dia 15 de setembro até as 23h59 do dia 10 de outubro, conforme o horário de Brasília.

Editais: http://concurso.fgv.br/senado08/