sábado, 31 de janeiro de 2009


Acredite: Sérgio Noronha perde o lugar para Júnior!!!

Moacir Japiassu (*)

Posso ultrapassar os
limites da ciência
e nada sei do meu irmão
(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)

Acredite: Sérgio Noronha perde o lugar para Júnior!!!
No jogo do Campeonato Carioca em que o bandeirinha roubou o Friburguense e o Flamengo ganhou de 1 a 0 com um gol pra lá de duvidoso, o telespectador da Rede Globo recebeu a lôbrega notícia de que Júnior (aquele que nunca escutou os apelos da voz reflexiva) ocupará o lugar de Sérgio Noronha na função de comentarista. Janistraquis, que ouriça todo, ou melhor, que SE ouriça todo quando o ex-craque da Seleção Brasileira anuncia que alguém “antecipou” e ganhou o lance, abanou a cabeça, como os cães aos rabos:

“É, considerado, talvez a presença de Noronha, um jornalista histórico, alfabetizado, independente, incomodasse as pessoas lá na Globo. Mestre Armando Nogueira, que sempre acolheu a inteligência, jamais permitiria tal absurdo.”

Sérgio Noronha chefiou a “cozinha” da Copa de 1966 no Jornal do Brasil e um de seus redatores foi este veterano colunista, então com 24 anos de idade. Era uma satisfação trabalhar com ele, o qual havia formado, com José Ramos Tinhorão, a mais brilhante dupla de “criadores de textos” do famoso copidesque do jornal, montado depois da reforma de 1956.

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Asa da graúna
Frase atribuída a Michael Jackson e que percorre a internet com a velocidade de um foguete israelense:

"Se eu soubesse que um dia os EUA seriam governados por um de nós, jamais teria mudado de cor."

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Puta injustiça!!!
O considerado Professor Gilson Caroni Filho, petista irremissível e, ainda por cima, flamenguista impiedoso, enviou esta mensagem ao desamparado colunista:

Meu caro Japi,
Você não aprende mesmo. Ignora meus artigos, sequer retorna acusando o recebimento, e o castigo vem no campo. Não bastasse a queda para a segundona, começou com uma derrota vexatória em São Januário.

Não culpe o time, a culpa é sua. Tenho pena dos jogadores e comissão técnica por não saberem que tanta derrota tem origem no desafeto de um torcedor vascaíno por seu amigo rubro-negro.

A injustiça é tamanha que o colunista responde com a publicação do link que transportará o leitor ao mais recente artigo do verdugo.

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A melhor escolha
Muitos dos tantos considerados leitores perguntam de que mais gosta o colunista na língua portuguesa, além da lingüiça com trema; resposta: dos adjetivos e da musicalidade dos períodos, das frases, das palavras. Escrever é saber escolher...

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Finalistas em campo
Considerada leitora que se assina simplesmente Deyse, envia preciosidade publicada na capa do IG:

Dia de decisão – Copa São Paulo conheçe seus finalistas esta noite.

“Ainda bem que vamos conhecer, né?”, escreve a moça, ao que Janistraquis aproveita para divulgar sua versão:

“O negócio é o seguinte: a reforma ortográfica chegou para confundir e os redatores não sabem mais se orientar nesse oceano de ignorância. Aliás, ignorância começa com IG...”.

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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema intitulado No Limiar do Terceiro Milênio, cujo fragmento encima a coluna. O poeta ensimesmado conclui que tudo pode, porém não encontra nenhuma clarividência na solidão.

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Figura de retórica
O considerado Antonio Carlo Schiaveto, jornalista em Araraquara (SP), envia observações a uma notícia de jornal:

A Folha de S. Paulo informa que o capitão Luís Fernando Ribeiro de Souza foi detido pelo comando da unidade do exército "em que trabalha", quando eu pensava que o capitão ali "servia".

Mas o melhor vem depois: o advogado que assiste ao capitão queixa-se de que "a defesa não teve acesso às razões da detenção, publicadas em um boletim reservado". Em vista da queixa do advogado, é de se supor que as ditas razões permanecem mesmo reservadas, sendo o "publicadas" do redator apenas uma figura de retórica...

Janistraquis acha que a Folha, dirigida por um pessoal muito inteligente, criou o “jornalismo interativo”:

“Os textos saem com uma porção de impropriedades e cabe ao leitor, caneta à mão, providenciar o conserto. Tenho a impressão de que a festejada seção ‘Erramos’ está para ser ‘descontinuada’, como se diz.”

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Miau pra você
Sob o "chapéu" Irregularidade, saiu na capa do UOL:

Gato de Mato Grosso do Sul recebeu R$ 20 do Bolsa Família por cinco meses.

Janistraquis, que anda a confundir Q.G. com W.C., achou o episódio "tipicamente brasileiro":

"A gente sempre esteve careca de saber que havia um porrilhão de gatos no Bolsa Família, considerado; agora, com nome e sobrenome, é a primeira vez. E o Mandante deve estar infeliz com a notícia, menos pelo assunto em si, mas porque gato de verdade ainda não vota."

De minha parte, impliquei com o "chapéu" do UOL, pois em vez de "irregularidade" deveria ser "deboche".

Leia no Blogstraquis a íntegra do texto que ajuda a entender os descaminhos da nação.

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Viva o revisor!!!
O considerado Thiago Ibelli, estudante de Relações Públicas da Uerj, escreve de Niterói, onde, à beira da Baía de Guanabara, vê, como ele mesmo diz, o Rio de Janeiro a se afogar nas chuvas:

Acabo de ler um parágrafo no portal do IG que me chamou a atenção. Sob o título Obama ordena que prisão de Guantánamo seja fechada, o texto sugere que o novo Presidente ou veio de Hollywood ou pensa em utilizar a máquina do tempo para fins anti-terroristas. Ei-lo:

Entre as ações previstas no decreto de Obama está a criação de uma força-tarefa que terá 30 dias para recomendar políticas para o tratamento de suspeitos de terrorismo que foram presos no futuro. O principal ponto é definir onde essas pessoas seriam presas, já que Guantánamo será fechada.

Espero, com essa futurística notícia, colaborar com sua coluna (não a vertebral), que sempre me traz bons momentos.

Pois é, Thiago, trata-se de simples troca de letras mas que reforça a importância do revisor, profissional escorraçado de tantas redações e há tanto tempo, né mesmo? Hoje, precisa-se de quem tire o trema da lingüiça e evite a armadilha de certas palavras como pedido, colchões e até o nome de uma célebre rua de Copacabana, a Bulhões de Carvalho, também conhecida como “Rua Quase-quase”...

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Ação privada
O considerado Marco Antonio Zanfra, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, remete de seu Q.G. na Praia da Joaquina:

O pessoal da editoria de Mundo do "Diário Catarinense" definitivamente faz ouvidos moucos para a cacofonia.

Depois de lascar um sonoro Israel cerca Gaza em ofensiva contra Hamas em 5 de janeiro - cacófato devidamente "exorcizado" em sua coluna publicada logo em seguida -, a edição de hoje (23/01) do "vibrante matutino florianopolitano" nos castiga, na página 21, com um correlato: Navio de Israel ataca Gaza.

Não tem desculpa: ou eles não leem sua coluna, ou não leem livros de gramática.

Janistraquis garante, ó Zanfra, que o pessoal passa longe da coluna e também das livrarias e bibliotecas públicas; só adentram as privadas e mesmo assim para fazer algo mais, digamos, contundente, como os cacófatos denunciam.

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Obra-prima
De seu ateliê em Belo Horizonte, o considerado e consagrado artista José Romualdo Quintão foi o primeiro de incontáveis leitores que enviaram à coluna esta obra-prima da chalaça nacional que percorre a internet:

Reforma Ortográfica -- JAMAIS TREMA EM CIMA DA LINGUIÇA

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Pura encenação
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cuja varanda debruçada sobre o conluio entre o atrasamento e a presunção é possível enxergar o ministro Tarso Genro a ornear lições de Direito, pois Roldão enviou a seguinte mensagem ao diretor do seu jornal preferido:

Na edição desta sexta-feira o caderno Divirta-se do Correio Braziliense, página 20, ao apresentar a crítica sobre a peça O Menino que Brincava de Ser legenda a foto dizendo que a apresentação em Brasília será a primeira exibição fora do Rio de Janeiro. Precisamos usar com maior exatidão a nossa língua. As peças teatrais são encenadas, ou seja, são criadas na hora. Essa é a magia do teatro. Exibe-se algo pronto, acabado, como um quadro ou um filme.

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Nota dez
O considerado Augusto Nunes, raro jornalista que não se deixa enganar, escreveu no Jornal do Brasil:

(...) Condenado à prisão perpétua na Itália pela participação no assassinato de Sabbadin e de mais três "contra-revolucionários", Battisti livrou-se da extradição graças ao ministro da Justiça, que o promoveu a "refugiado político" e pôs na conta das motivações ideológicas o prontuário de um ladrão vocacional diplomado em latrocínio na escolinha do PAC.

Segundo a discurseira recorrente do próprio Tarso, do presidente Lula e de toda a companheirada, devem ser anistiados, aplaudidos e indenizados os que lutam de armas na mão contra a ditadura e pela ressurreição da liberdade. Não se encaixam no palavrório os Proletários Armados para o Comunismo, que sempre couberam em quatro ou cinco camburões. Na Itália dos anos 70, não havia regimes totalitários a combater, nem tiranos a derrubar. Muito menos houve guerrilheiros dispostos a matar ou morrer pela pátria livre.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo capaz de provocar azia em quem chama Alka Seltzer de arcacelso.

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Errei, sim!
“TÍTULOS, TÍTULOS... – Na pasta em que Janistraquis arquiva os títulos inesquecíveis de nossa Imprensa, há lugar reservado para o novo-Estadão-agora-com-nova-direção. ‘Considerado, olhe só para esta modernidade, este requinte da vanguarda’, exibiu meu assistente. Lia-se: População não crê em pesquisa, diz pesquisa. E este, soberbo e supimpa: Alastra-se o mistifório. Mais outro: Emenda pior do que o soneto.

O texto do obituário, então, passou por reforma radical. Janistraquis pescou este exemplo, na edição de 5 de julho: ‘Consternou profundamente a sociedade paulista a notícia do falecimento, no dia 3 último, nesta capital, do engenheiro (...) O extinto...’, e enterrou-se o texto em louvaminhas, turificações e incensadelas.” (agosto de 1988)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A espetacular entrevista com a supergata Gisele Bündchen

BBB é marmelada

Nós triunfamos


NÃO ERAM SAPATOS GASTOS, ERAM HISTÓRIA

Elio Gaspari

Naquela esplanada onde já houve um mercado de escravos, o movimento de quem chegava para a festa da posse de Barack Obama começou quando ainda era noite e a temperatura estava a 7 graus negativos, suficiente para congelar a água das garrafinhas. Nada havia para fazer senão esperar várias horas. Mas aquela gente esperou séculos.
Desta vez, no chão, a festa era deles, extensiva a quem fosse capaz de gritar 'Obama' com um sorriso no rosto. Para Rodrick Moore, funcionário da Universidade da Carolina do Sul, foram oito horas de volante. Para Eivind Petersen, diplomata norueguês, enrolado num cobertor azul, foram oito horas de voo. Fernando Souza, de Salvador, enrolado na bandeira brasileira, esperava o fim da cerimônia para voar de volta.
Tanya Moore, estudante de Ciências do laboratório no Ohio, tinha outra conta. Às 8h da manhã, quando o sol já aparecera, ela informou:
'Faltam quatro horas para George Bush ir embora'. Repetiria o lance, com absoluta felicidade: 'Faltam 45 minutos'. Não havia lugar melhor para a contagem regressiva de Bush.
Empossado na Presidência, Barack Obama fechou gloriosamente um ciclo da história americana que começou bem antes do nascimento do companheiro, quando uma vendedora chamada Rosa Parks entrou num ônibus, sentou no assento destinado aos brancos e não quis se levantar. Não há apenas um negro na Casa Branca, até porque o pastor Thomas Robb, diretor da Ku Klux Klan, já informou que ele 'é só metade preto'.
Os negros americanos liquidaram a fatura. O presidente é negro. O procurador-geral também, bem como a embaixadora nas Nações Unidas. O trisavô de Michelle Obama foi escravo numa plantação de arroz. Os netos da geração que marchou (ou não) nos anos 60 tornaram-se parte da elite americana. Susan Rice, a embaixadora na ONU, é sobrinha-neta de Vernon Jordan, que em 1961 era um jovem advogado e escoltou a primeira estudante negra admitida por ordem judicial na Universidade da Georgia.
A meia hora de caminhada da escadaria onde Obama tomou posse, está guardado um par de mocassins com os saltos tipo anabela quase completamente comidos. Durante dez anos, aqueles sapatos ficaram em algum canto da casa de uma professorinha negra de 25 anos, mulher de um militante que tomara 125 cadeias por conta das encrencas de Martin Luther King. Eram a um só tempo coisa velha e memorável. Um dia veio-lhe a ideia de oferecer os mocassins ao Museu de História americana. E lá estão eles, com a informação: 'Estes foram os sapatos que Juanita Williams usou na Marcha de Selma'.
Em março de 1965, Barack Obama ainda não completara 4 anos, viviam em Selma (Alabama) 15 mil negros, mas só 156 deles podiam votar. Uma primeira marcha andou seis quarteirões e acabou-se a cacetadas. Não adiantou. Duas semanas depois, os negros marcharam por 80 quilômetros, durante cinco dias e quatro noites. Eram 300 na partida e foram 25 mil na chegada, na capital do estado.
Os sapatos de Juanita eram um pedaço da história dos Estados Unidos e ela percebeu. Depois de Selma, o presidente Lyndon Johnson pôs fim às chicanas eleitorais contra os negros e desafiou uma audiência usando o título de uma canção de protesto: 'We Shall Overcame' ('Nós Triunfaremos'.)
Estranho. Nas festas da posse de Obama evitava-se essa canção. Não precisava, pareceria provocação. Afinal, triunfamos.

Meu herói


Americano de 67 anos acumula 27 cursos acadêmicos, sendo 20 mestrados

Ele também fez um doutorado, três especializações e três graduações.
Atualmente, Michael Nicholson está cursando mais dois mestrados.

Do G1, em São Paulo

Michael Nicholson já fez 20 mestrados, um doutorado, três especializações e três graduações. (Foto: Reprodução/Kalamazoo Gazette)
A paixão do norte-americano Michael Nicholson, de 67 anos, é estudar. Desde 1963, ele já fez 27 cursos, sendo 20 mestrados, um doutorado, três especializações, além de três graduações, segundo reportagem do "Kalamazoo Gazette".

Nicholson começou com uma graduação em educação religiosa na William Tyndale College, em Detroit. Depois, ele fez um mestrado em teologia em Dallas.

Em sua longa vida acadêmica, entre os 27 diplomas que coleciona, Nicholson cursou dez mestrados, uma especialização e um doutorado na Universidade do Oeste de Michigan, recorde na história da instituição.

Atualmente, ele está cursando dois mestrados na Universidade Grand Valley State, em Allendale. "Ele está intrinsecamente motivado. Ele não faz alarde sobre o que está fazendo", disse o professor Tom Carey, em referência a Nicholson.

"Gosto de estudar como um meio de independência", disse. "Tenho liberdade acadêmica e posso estudar ou fazer o que eu quero", acrescentou Nicholson, que mora com sua mulher, Sharon, em Kalamazoo desde 1980.

Nicholson manteve um estacionamento na Universidade do Oeste de Michigan por 11 anos e se aproveitou de descontos oferecidos para cursar vários de seus mestrados nessa instituição. Inspirado no marido, Sharon Nicholson possui sete cursos acadêmicos.

Dize-me como editas e direi quem és










É bizarro investir em educação e conhecimento?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Está na área

Oxford


Agenda do Coletiva Net

28/01/2009
Reuters seleciona jornalistas para bolsa na Inglaterra
O Programa de Bolsas de Estudo da Fundação Reuters recebe inscrições até esta data. Podem participar jornalistas com cinco anos de experiência e proeficiência em Inglês. Os selecionados estudarão por um período de três a nove meses na Universidade de Oxford, Inglaterra. Cadastro em reutersinstitute.politics.ox.ac.uk.

Assim será difícil ir para Oxford

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O pingo no i


O DEVER DA CONTRAMÃO

JMS - Correio do Povo

O papel de intelectual é ter a coragem de andar na contramão. Mas não na contramão da história. Isso é um clichê válido e complexo de aplicar. Intelectual orgânico, ao contrário, defende uma ideologia sem jamais criticá-la. Foi assim com Jean-Paul Sartre voltando da União Soviética e tecendo elogios à liberdade que reinaria por lá. É assim com intelectuais israelenses que nunca encontram falhas nas políticas do seu país. Justificam sempre. O ministro Tarso Genro foi criticado quando errou, no caso da entrega dos atletas cubanos, e mais ainda quando acertou, ao conceder asilo político ao italiano Cesare Battisti. Tarso Genro merecia elogios.
O lugar-comum limita-se a dizer que Tarso Genro está protegendo um terrorista. Battisti participou dos movimentos armados italianos da década de 1970. Foi condenado à revelia por quatro assassinatos que não cometeu. As provas contra ele nunca passaram da delação premiada de Pierre Mutti, terrorista arrependido, cuja pena diminuía na medida em que entregava companheiros. Aquilo que não sabia ou não existia, Mutti inventou. Transformou Battisti em bode expiatório. Vários intelectuais renomados do mundo sabem disso. O francês Bernard-Henri Lévy, convidado do ciclo de conferências Fronteira do Pensamento, aproveitou para ir a Brasília visitar Battisti e interceder por ele junto ao ministro Tarso Genro. Fernando Gabeira também defendeu Battisti.
A escritora francesa Fred Vargas apresentou provas da inocência de Cesare Battisti. O caso é assim: o advogado de Battisti e de outros militantes aproveitou três folhas em branco com assinaturas do cliente e escreveu cartas terminando de incriminá-lo. A sequência dos fatos revela que Battisti já havia abandonado o movimento quando os crimes aconteceram. Bernard-Henri Lévy, que está longe de ser um marxista, vê uma armação da extrema-direita italiana atual contra o ex-terrorista completando uma vingança anterior da extrema-esquerda. Battisti declarou que nunca matou e poderia jurar isso olhando nos olhos dos parentes das vítimas. O exame grafológico das cartas supostamente enviadas por Battisti em 1982 provaram que elas eram falsas e com uma assinatura antiga do acusado. Durante algum tempo, Battisti não pôde declarar a sua inocência para não ser considerado um traidor pelos companheiros de luta.
Lévy e Vargas não duvidam de que se um dia Battisti voltar a uma prisão italiana, será executado pelos inimigos. Dar asilo político a Battisti não significa legitimar sua participação num movimento ilegal, mas dar-lhe proteção diante da fragilidade dos elementos que determinaram a sua condenação. Battisti é o símbolo de uma época que a turma de Berlusconi gostaria de explorar politicamente. Tarso Genro agiu como intelectual ao conceder o benefício da dúvida ao prisioneiro Battisti. Errou ao ter cedido às pressões dos amigos cubanos no episódio dos atletas devolvidos para a ilha de Fidel. Quem tem posição monolítica, sempre de um lado só, não é intelectual, mas adepto de uma doutrina. Pode ser que exista uma lógica de esquerda clássica nas atitudes de Tarso Genro, entregando aos comunistas dois atletas que pretendiam abandonar o barco e concedendo asilo a um esquerdista dos velhos tempos. Prefiro imaginar que Tarso Genro errou num caso e, como homem inteligente e aberto, redimiu-se no outro, considerando as informações de intelectuais de horizontes ideológicos muito diversos.

juremir@correiodopovo.com.br

domingo, 18 de janeiro de 2009

O primeiro Boletim do Divino - para todos e para ninguém

Experimentalismo



O pré-Boletim do Divino, gravado ontem à noite, em meio ao entrevero para entender as funções do Imac 20.

Meu único caminho para as Índias

Prestando contas


Na sexta-feira passada, a Rede Globo exibiu o último capítulo da minissérie Maysa – Quando Fala o Coração. Biografia romanceada da cantora carioca Maysa (1936-1977), ela obteve a excelente média de audiência de 29 pontos – mas foi também uma vitória pessoal de seu idealizador, o diretor Jayme Monjardim. Filho de Maysa com o industrial André Matarazzo, Monjardim nasceu em maio de 1956 na cidade de São Paulo. No ano seguinte, seus pais se separaram. Com a morte de Matarazzo, em 1964, Maysa colocou Jayme num colégio interno na Espanha. A decisão deixou profundas marcas no filho. Jayme se sentiu rejeitado e passou anos sem falar com a mãe. Ele e Maysa se reconciliaram em 1975, dois anos antes da morte da cantora. No fim dos anos 70, ele ingressou no mundo artístico. De seu currículo constam sucessos de audiência como Pantanal, na extinta Rede Manchete, e O Clone, na Rede Globo. Cinco anos atrás, fez sua estreia no cinema com o filme Olga, que teve mais de 3 milhões de espectadores. Monjardim falou com a reportagem de VEJA em sua casa no Rio de Janeiro.

Depois da morte de seu pai, sua mãe o deixou num internato na Espanha. O senhor ficou lá dos 7 aos 17 anos. Qual foi o peso dessa experiência? Em quase dez anos, minha mãe nunca me visitou e me mandou apenas duas cartas. Nas vezes em que saí do colégio para encontrá-la, fui incorporado à equipe que a acompanhava em seus shows. Fiquei noites intermináveis sentado em banquinhos, esperando o fim de uma apresentação. Ou então trancado num quarto de hotel. Lembro de dizerem: "Fechem a porta para o Jayminho não fugir". Foi um período terrível, de muita angústia.

Sua mãe chegou a lhe explicar a razão de um afastamento tão prolongado? No fim da vida de minha mãe, toquei nesse assunto. Ela não soube responder. Disse que já não lembrava o motivo de me deixar na Espanha, longe da família e do Brasil. Ela mesma, quando criança, foi para um colégio interno – mas por apenas dois anos. Gosto de pensar que entre as motivações, fossem quais fossem, houve algumas positivas. Minha mãe queria que eu tivesse uma cultura europeia para, quem sabe, assumir a administração dos negócios deixados por meu pai. Suponho que também quis, de alguma forma, me preservar de seus próprios problemas – com álcool, por exemplo.

O senhor chegou a odiar sua mãe? Ódio é uma palavra forte demais. Houve um período na infância em que o sentimento dominante foi de rejeição. Eu me perguntava cotidianamente o que havia feito de errado para ser esquecido tão longe, num colégio interno em outro país. Depois veio a revolta. A gota d’água se deu em 1970, quando voltei ao Brasil – e ela não foi me buscar no aeroporto. Fui para a casa dela e tivemos uma briga homérica. Tempos depois, fui morar em São Paulo com os meus tios. Nosso afastamento parecia irremediável. Mas então, cerca de dois anos antes de sua morte, fui visitá-la em sua casa em Maricá, no litoral do Rio de Janeiro, e criamos um novo laço.

O que aconteceu nesse reencontro? Eu estava partindo para uma viagem quando senti o impulso de visitar minha mãe. De repente, eu me dei conta de que ela tinha se tornado uma mulher muito solitária – e eu nem sequer falava com ela. Tivemos uma linda conversa e segui viagem. Quando voltei, retomei o contato. Em um ano e meio, recuperamos dezoito anos de estranhamento. Viajamos juntos, rimos e sofremos juntos. A partir daquele encontro, eu passei a defender minha mãe na imprensa e briguei com inúmeras pessoas que insistiam em lhe oferecer bebida.

"Havia duas Maysas. 
A primeira era alegre, amorosa e descontraída. A segunda era a Maysa que bebia e ficava agressiva. Alcoólatras perdem a razão e tomam atitudes para as quais você não está preparado – por exemplo, pular de um carro em movimento"

O senhor viu sua mãe alcoolizada?Infelizmente, sim. Nada é mais desagradável do que ver seu pai ou sua mãe tendo uma crise de alcoolismo. Eles perdem a razão e às vezes tomam atitudes para as quais você não está preparado – por exemplo, pular de um carro em movimento. Até hoje me lembro em detalhes de alguns desses momentos terríveis. Os cheiros, os sons estão marcados a fogo na minha cabeça. Havia duas Maysas. A primeira era uma pessoa alegre, amorosa e descontraída. A segunda era a Maysa que bebia e ficava agressiva e temperamental.

Há um momento da infância que o senhor relembre com carinho?A melhor lembrança que tenho é de quando ela cantava para mim. Eu estava ali, sentado na coxia de um teatro, e de repente minha mãe saía do palco e cantava A Noite do Meu Bem olhando para mim. Ela me encarava de tal maneira que eu ficava numa confusão de sentimentos. Muito emocionado – a tal ponto que, às vezes, chegava a sentir medo.

É verdade que sua iniciação sexual ocorreu com a ajuda de sua mãe? A escola em que estudei era extremamente rigorosa. Era simpática ao ditador espanhol Franco e os professores nos batiam por qualquer motivo. Nesse ambiente repressor, era difícil até olhar para uma mulher. Para dar uma ideia da situação, nós íamos à loucura ao ver os joelhos das meninas que arrumavam nossos quartos e limpavam nossos sapatos antes da hora de dormir. Então, aos 13 anos, eu fiz uma das minhas visitas ao Brasil. Numa conversa, minha mãe me perguntou se eu já tinha tido alguma espécie de contato com uma mulher. Eu disse que não. Ela então me disse: "Tenho uma amiga que quer te levar para passear, conhecer os lugares bonitos do Rio". Saí com essa mulher e aconteceu. Não foi uma relação profissional. E também não foi uma atitude constrangedora por parte de minha mãe. Foi uma das boas coisas que ela fez por mim.

Sua mãe foi uma transgressora? Sim. E essa foi uma das características de sua história que me motivaram a fazer a minissérie. Maysa foi transgressora porque ousou viver com prazer e sofreu profundamente. Muitas pessoas sonham em ser como ela, mas lhes falta coragem para isso. Minha mãe falava o que pensava, nunca teve meias palavras e foi intensa em todos os sentidos. Isso é raro. Todo mundo se esconde atrás de uma máscara. Maysa, não. Nunca teve vergonha de assumir o que era e sabia que despertava nas pessoas à sua volta uma sensação de preocupação e medo.

"O escândalo é que 
os artistas de bossa 
nova mal tocam no 
nome da minha mãe. 
A maioria se refere 
a ela como ‘a cantora 
que namorou o Ronaldo 
Bôscoli’. Ninguém diz 
que foi ela quem levou
João Gilberto para 
cantar na televisão 
pela primeira vez"

Qual a importância musical de Maysa? Ela representou a transição do período das cantoras do rádio para a bossa nova. Começou como uma mulher que, ousadamente, despejava seus sentimentos na canção. Quando a bossa surgiu, aderiu ao novo gênero. O discoBarquinho, de 1961, foi um dos primeiros lançamentos de uma grande cantora a trazer compositores de bossa nova. Ela também foi a primeira artista a levar a bossa nova para os palcos internacionais. No exterior, era acompanhada pelo Tamba Trio. O escândalo é que os artistas de bossa nova mal tocam no nome da minha mãe. Somente o Roberto Menescal lhe dá o devido valor. A maioria se refere a ela como "a cantora que namorou o Ronaldo Bôscoli". Ninguém diz que Barquinho teve uma repercussão maior do que a de qualquer outro disco de bossa nova lançado naquele momento, muito menos que foi ela quem levou João Gilberto para cantar na televisão pela primeira vez. Minha mãe foi injustiçada.

A série transmite a ideia de que o grande amor de Maysa foi seu pai, André Matarazzo. Foi isso mesmo? Não tenho dúvida de que ela morreu apaixonada pelo meu pai. Ela estabelece isso muito bem em seu diário. No dia em que conheceu meu pai, escreveu: "Hoje eu encontrei o homem da minha vida". Minha mãe era obcecada pela ideia de ser muito feliz, de se relacionar com um homem que a aceitasse como ela era. E se sentiu muito frustrada em não poder realizar essa ideia com o André. Durante muitos anos, procurou em outros homens uma relação de amor como ela encontrara com meu pai. Para mim, ela morreu amando meu pai. E o Manoel Carlos, que escreveu a minissérie, também acha isso.

Por que o senhor aboliu o sobrenome Matarazzo? Porque quando eu comecei a trabalhar como cineasta as pessoas implicavam com o sobrenome Matarazzo. Eu ia pedir patrocínio para fazer meus filmes e tinha de ouvir as pessoas falando: "O cara é Matarazzo, não precisa de dinheiro para nada e vem se meter a fazer cinema?". Elas achavam que o patrocínio só era válido para os cineastas que tinham nascido pobres e ralavam na vida. Eu comecei a me sentir discriminado porque me chamava Matarazzo e não podia fazer cinema. Passei a assinar Jayme Monjardim porque as pessoas iam falar que, sendo filho de artista, eu podia ter mais chances.

De que maneira esses sentimentos de filho interferiram em seu trabalho ao dirigir Maysa? Quando Manoel Carlos aceitou escrever o roteiro da série, teve essa exata preocupação. Insistiu que eu teria de esquecer os vínculos pessoais, caso contrário o trabalho seria impossível. Eu sabia que era capaz de alcançar o distanciamento necessário, não apenas porque tenho 52 anos e sou um profissional maduro, mas também porque já sofri tudo o que tinha de sofrer e já expiei tudo o que havia para expiar no que diz respeito à relação com minha mãe.

Houve momentos da gravação em que o senhor deixou esse distanciamento de lado? Sim, houve alguns momentos em que fiquei emocionado. Como na cena do acidente de carro que tirou sua vida ou na cena em que a gente se despede. Mas eu tinha um compromisso com o elenco. Não podia simplesmente cancelar a gravação e dizer: "Gente, hoje não vamos gravar porque estou emocionado". Eu fazia as cenas e depois ia chorar no meu canto.

Como a minissérie vai se refletir em sua carreira? Posso dizer tranquilamente que minha trajetória se divide em a.M. e d.M. – antes e depois de Maysa. A série é muito rica em detalhes. Tive a oportunidade de me esmerar na direção de arte, de trabalhar a luz de cada cena, de usar um elenco de atores pouco conhecidos e burilar cada personagem, de editar com tempo e carinho. A minissérie foi um enorme passo à frente para mim. Além de todo o significado pessoal.

Qual sua ambição como diretor? Quero fazer filmes populares, para a massa. Em vez de ser o Antonioni, quero ser o Fellini. Em vez de ser o François Truffaut, quero ser o Steven Spielberg. E decidi que não vou mais me importar com certos preconceitos do meio artístico brasileiro. Em outros países, a classe artística reverencia quem está indo bem. Aqui, você faz um filme com mais de 3 milhões de espectadores, como foi meu caso com Olga, e seus colegas ficam com raiva. Nenhum deles liga, nem que seja para lhe dizer: "Olha, eu não gostei do filme, mas o sucesso contribui para o cinema brasileiro".

Duas mulheres com quem o senhor foi casado tiveram papel de destaque em suas novelas. Em Maysa, o senhor empregou dois filhos. Isso não é nepotismo? Anos atrás, era comum deparar com grandes diretores da Globo casados com estrelas. Era o Paulo Ubiratan casado com a Natália do Vale, o Roberto Talma casado com a Maria Zilda. Por conta disso, virou comum achar que determinada atriz tem um papel de destaque porque está casada com o diretor de novela. Nada disso. Ingra Liberato e Daniela Escobar, pessoas com quem eu tive um relacionamento e por acaso tive a felicidade de dirigir, são grandes atrizes. Não posso negar à minha mulher um trabalho que ela mereça fazer. Com Jayminho e André, que aparecem em Maysa,aconteceu a mesma coisa. O Manoel Carlos pediu para eles fazerem um teste. Na hora, eu fiquei apreensivo porque era uma exposição muito grande. Mas o Jayminho fez o teste e conquistou o papel graças a seu talento. Já dei oportunidade a tanta gente nova, por que negaria uma chance a minhas mulheres e meus filhos?

O senhor se considera um bom pai? Tive uma dificuldade imensa em ser pai. Como eu poderia dar afeto e atenção se não sabia o que era isso? Jayminho e Maria, meus filhos mais velhos, sofreram muito. Não dei 20% do que um bom pai poderia dar. Eu era ausente, e me escondia atrás do trabalho. Com meu filho mais novo, André, creio que cheguei aos 80%. Espero que alcance a marca de 100% caso tenha outro filho.


sábado, 17 de janeiro de 2009

Iphone report

Do site Jornalismo nas Américas

Foto do acidente aéreo de NY tirada com celular fura a mídia e mostra força da cobertura na Web

Uma das fotos mais marcantes do "milagre sobre o [rio] Hudson" foi tirada por um iPhone e vista primeiro por dezenas de milhares de pessoas no site de microblogging Twitter, informa o New York Daily News.

A foto, tirada por Janis Krums, um passageiro de balsa, apareceu em várias primeiras-páginas. O CNet, o Los Angeles Times, e o Detroit Free Press são alguns dos vários meios de comunicação que descrevem a forma como as primeiras fotos dispararam ao redor o mundo através de um serviço chamadoTwitPic. "As melhores ofertas ... partiram de pessoas assistindo ao evento das janelas de seus escritórios ou compartilhado fotos no Flickr tiradas de longe", observou Matt Marrone, do Daily News.


blogger de tecnologia da BBC Rory Clellan-Jones disse que
o acidente aéreo foi a segunda maior notícia em 24 horas que ele ficou sabendo via Twitter. (A primeira foi a declaração da Apple sobre a situação de saúde de Steve Jobs.)

 

No front em Gaza


Gaza: um blog no meio da zona de conflito

Filipe Serrano
Último Segundo

A voz do jovem palestino e blogueiro Sameh Akram Habeeb, de 23 anos, soava cansada no telefone ao falar com a reportagem pela segunda vez na última semana enquanto o 13º dia da ofensiva de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza chegava ao fim, na noite de quinta-feira (8). "Está tudo bem por aqui.

.. Só que os bombardeios ainda não acabaram (suspiro). Você já escreveu meu nome no jornal?", ele pergunta, curioso, mas sem entusiasmo.

É que, desde o início do cerco a Gaza, há duas semanas, Sameh teve poucas horas de descanso. Ele se dispôs a reportar voluntariamente, pela internet, a situação na Cidade de Gaza, onde vive com seus pais, irmãos e irmãs.

Sua casa está sem eletricidade e, a cada dia, ele percorre quatro quilômetros até um local onde pode recarregar a bateria de seu notebook. Nas horas seguintes, telefona para hospitais, ouve as notícias pelo rádio do seu celular e tira fotografias do caos que tomou a região. Em casa, na região leste da cidade, se conecta à internet usando uma precária conexão discada.

Ela é lenta, mas, desde que a banda larga deixou de funcionar, tem sido a única opção para atualizar seu blog "Gaza Strip, the Untold Story" (http://gazatoday.blogspot.com) e o álbum virtual de fotografias que mantém no site http://picasaweb.google.com/sameh.habeeb.

No blog, que em português quer dizer "Faixa de Gaza, a História Não Contada", Sameh descreve as dificuldades pelas quais os palestinos habitantes de Gaza têm passado nos últimos dias. Falta de água potável, energia, comida, gasolina, gás e assistência média são alguns dos problemas citados na página. Ele também enumera os acontecimentos do dia com uma sobriedade de manchete jornalística: "A casa da família Bawadi, em Jabalia, foi destruída", dizia uma das atualizações de quinta-feira.

A sobriedade não é à toa. Sameh é formado em Língua Inglesa em 2008, mas também faz trabalhos como jornalista independente. Por isso, a cobertura em seu blog tem um tom objetivo, mesmo que ele, pessoalmente, tenha opiniões contrárias às ações de Israel.

Blogueiros palestinos como Sameh têm feito um papel importante durante a ofensiva israelense porque nenhum jornalista estrangeiro teve permissão de Israel para entrar na Faixa de Gaza até sexta-feira. Israel informou à organização Repórteres Sem-Fronteira que um cinegrafista da BBC entrou acompanhado do Exército. Com informações de pessoas como Sameh, a mídia internacional conseguiu dizer o que ocorria dentro da Faixa de Gaza.

Sameh é um caso especial porque, além de ter experiência como jornalista, deixa todos os seus contatos no blog. "Estou disponível 24 horas para atender jornalistas. Você pode me ligar a qualquer hora em minha casa", avisa ele no blog.

Sua primeira entrevista para um jornalista estrangeiro foi em março, depois de um ataque na Faixa de Gaza. O palestino foi encontrado por causa do blog, que já publicava desde o início de 2008. Nas últimas duas semanas, porém, ele foi procurado diversas vezes para contar sua experiência como um palestino vivendo em meio aos ataques. "Muitas emissoras me procuraram, como CNN, ABC, CBS, Skynews, e jornais grandes, como USA Today, New York Times, Libération e Le Figaro", diz.

"Meu telefone toca como o de um escritório cheio. Tenho um celular que fica ocupado toda hora também. Imagino que recebi umas 200 ligações nas últimas duas semanas. Não foram só jornalistas, mas algumas pessoas ligaram para dar apoio, dizer boa sorte e essas coisas", afirma.

O blogueiro não esconde seu orgulho pessoal de ter recebido tantas ligações do mundo todo. "Tenho uma boa experiência já. Sou um bom fotógrafo, um fotógrafo fantástico. Você viu minhas imagens no site Skynews? Fotos fantásticas", gaba-se.

A vontade de ajudar e de contar a situação de Gaza trouxe consequências perigosas. Na quinta-feira, Sameh recebeu três ligações anônimas ameaçando-o de morte se não parasse de escrever no blog. Ele diz não ter medo e que apenas não quer que sua família seja machucada.

"Vou continuar escrevendo mais e mais. Não vou parar. Sinto que preciso mandar notícias sobre esta guerra".

Após a declaração, Sameh conta que adora o Brasil e quer visitar o País quando tiver férias. Fica curioso para saber se é o custo de vida aqui é alto e ainda diz que em Gaza há muitos fãs de Ronaldo, o jogador. "Sabia que ele já esteve em Ramallah (cidade palestina próxima a Jerusalém)?" 
A conversa é interrompida e ele diz "Look, breaking news (olhe, últimas notícias): um jornalista de Gaza foi morto em sua casa. Era um cinegrafista. Acho que foi atingido por um foguete. Nossa, agora estou com medo."


Na Gazeta de Alagoas o Chávez é diferente

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Oportunidade para fazer minisséries


Edital de Seleção de Projetos de Desenvolvimento e
Produção de Teledramaturgia Seriada para TVs Públicas.

O Ministério da Cultura (MinC), a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lançam hoje edital de Seleção de Projetos de Desenvolvimento e Produção de Teledramaturgia Seriada para TVs
Públicas - FICTV, como parte do Programa Mais Cultura. O edital é voltado para projetos de produção de minisséries, com 13 episódios de 26 minutos de duração cada, que proponham uma visão original sobre a juventude brasileira das classes C, D e E. As minisséries serão exibidas nas emissoras da Rede Pública de Televisão.

Os projetos serão selecionados por Comissão de Avaliação formada por especialistas em teledramaturgia e produção audiovisual indicados pelo Ministério da Cultura. O processo de seleção será realizado em duas etapas.

Na primeira, de Desenvolvimento de Projeto Técnico de Realização de Minissérie, serão selecionados até oito projetos, que receberão R$ 250 mil, cada um, para executar o plano de desenvolvimento do projeto da minissérie, que inclui a produção do episódio piloto. Os pilotos serão exibidos nas emissoras públicas de televisão, e serão submetidos a uma análise de
performance.

Na segunda etapa, de Produção de Minissérie, serão selecionados até três projetos técnicos, dentre os oito pré-selecionados na primeira fase, considerando-se o relatório de performance dos pilotos exibidos e o respectivo projeto de produção da minissérie. Cada projeto premiado receberá aporte total de recursos financeiros no valor de R$ 2,6 milhões para produzir a minissérie com 13 episódios.

As inscrições deverão ser realizadas no período de 10 de dezembro de 2008 a 15 de março de 2009. Todas as informações sobre o edital, pesquisas de apoio, regulamento e a ficha de inscrição estarão disponíveis na página eletrônica fictv.cultura.gov.br.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Uol!


Chamada de Projetos para o UOL Bolsa Pesquisa - Edição 2009

Prazo para submissão de projetos: 15 de fevereiro de 2009, às 23:59 (horário de Brasília)

Documentos necessários:
Formulário de Submissão de Projeto
Formulário de Inscrição de Aluno Candidato
Currículo do pesquisador proponente (opcional) - arquivo em formato PDF ou PS. O Currículo Lattes/CNPq será consultado.
Cópia digital dos seguintes documentos (em formato compacto. Por exemplo, JPEG ou GIF. Evitar formatos pouco compactos ou não-usuais. Por exemplo, bitmap, TIFF, PNG etc.):
Histórico escolar (no caso de graduação, será dada preferência para alunos que tenham completado pelo menos o primeiro semestre e tenham algum histórico; se o mestrado tiver se iniciado neste semestre, o histórico de graduação; se o doutorado tiver se iniciado neste semestre, o histórico do mestrado; sugere-se fortemente o histórico de graduação nos casos de alunos de mestrado e doutorado) – obrigatório.
Comprovante de matrícula de graduação, mestrado ou doutorado na universidade ou faculdade no presente semestre – obrigatório.
Comprovante de aprovação de dissertação (em caso de mestrado) – desejável; alunos com propostas aprovadas terão preferência.
Comprovante de aprovação de tese (em caso de doutorado) – desejável; alunso com propostas aprovadas terão preferência.

Divulgação dos resultados: 9 de março de 2009. Para os projetos aprovados, o UOL solicitará cópia física dos documentos digitalizados apresentados durante o processo seletivo para fins de conferência.

Início da bolsa: 16 de março de 2009.

Submissão dos projetos:: os formulários preenchidos devem ser encaminhados para l-bolsapesquisa@uolinc.com.

Principais interesses:
legislação e jurisprudência do spam;
tecnologias para combate ao spam;
redes sociais;
blog e jornalismo digital;
redes peer-to-peer;
busca na Internet;
busca em mídias audiovisuais e streaming;
testes de Turing (Captcha);
aplicações de compressão em transmissão de dados.

Avaliação da capacidade de pesquisa do professor proponente:
O UOL Bolsa Pesquisa prioriza bolsas para projetos conduzidos por professores que, no papel de pesquisadores, mostram experiência e capacidade comprovada de formação de recursos humanos nas esferas de doutorado, mestrado e graduação;
publicação de artigos técnicos nos principais veículos nacionais e internacionais da sua área de atuação;
atuação em uma das áreas temáticas de interesse do UOL.
Será priorizada, inicialmente, a concessão de no máximo duas bolsas por pesquisador proponente.

Valores das bolsas
Os valores das bolsas mensais para os níveis de graduação, mestrado e doutorado, bem como a bolsa de produtividade em pesquisa para os professores são:

graduação/iniciação científica: R$ 558,81;
mestrado: R$ 1.676,41;
doutorado: R$ 2.794,02;
professor: R$ 1.117,61 + 15% do valor da bolsa de cada orientado.
Os valores das bolsas são brutos e impostos federais podem ocorrer sobre eles.

Observações:
A partir da submissão da solicitação de bolsa o professor proponente receberá um número de processo que será usado em todas as comunicações com o UOL;
Qualquer outro ponto não apresentado aqui será deliberado exclusivamente pelo UOL;
Em todas as comunicações com o UOL, bem como em todas as publicações produzidas dentro do âmbito do UOL Bolsa Pesquisa as regras de propriedade intelectual devem ser respeitadas.

Tranquilo no mais

Bronzeamento na chapa

Tratamento na praia

sábado, 10 de janeiro de 2009

Sessão da Cama


Entrevista Susana Vieira
"Ingênua, sim. Burra, não"

Uma das atrizes mais bem pagas do país conta como
o marido, Marcelo Silva, que morreu de overdose
há um mês, a traiu, roubou e até a filmou nua para chantagear

Sandra Brasil - Revista Veja

A atriz Susana Vieira, de 66 anos, casou-se três vezes e teve muitos relacionamentos. Nenhum deles foi tão traumático e expôs tanto sua intimidade quanto o último, com o ex-policial militar Marcelo Silva, que, aos 38 anos, sucumbiu a uma overdose de cocaína em dezembro passado. Bonita, sorridente e com 5 quilos a menos, Susana relata as cenas repugnantes a que foi submetida nos capítulos finais do seu casamento. A atriz conta que o ex-PM lhe surrupiou joias, dinheiro, eletrodomésticos e pretendia chantageá-la. Refeita de golpes na vida real que nem os mais criativos autores de novela foram capazes de imaginar, Susana diz que já conseguiu superar o escândalo e está pronta para amar de novo.

Seu marido, Marcelo Silva, foi preso e expulso da Polícia Militar do Rio por se drogar e espancar uma prostituta em um motel. Depois, a senhora descobriu que ele mantinha uma amante. Em seguida, Marcelo morreu de overdose ao lado dela. Qual foi o pior desses momentos?
Nunca vivi nada comparável ao primeiro grande baque, que foi o episódio do motel. Mas também nada se compara à nossa separação e à morte dele. Nem (a autora de novelas) Glória Perez seria capaz de escrever uma história como essa. Depois do escândalo do motel, perdoei o Marcelo porque jamais imaginei que ele aprontaria de novo. Mas nem o Marcelo nem aquela amante dele (a nutricionista Fernanda Cunha) eram inocentes. Só peço que não escreva o nome dessa mulher junto do de Susana Vieira, que é a vítima.

Muita gente apostou que o seu casamento terminaria depois do episódio do motel.
Eu chorava de saudade do Marcelo. Era uma mulher apaixonada. Ele era sedutor, me amava e a gente transava bem. Aliás, só soube agora que pessoas com deformidade da mente, como ele, transam muitíssimo bem. Não me nego ao amor e estou cheia dessa história de que mulher de 60 anos tem de namorar homem de 70. Sou uma estrela. Não estou nem aí para preconceitos.

As traições de Marcelo têm relação com o fato de que ele tinha quase trinta anos menos que a senhora?
Só diz isso quem se sente no direito de me julgar. Apareceram até uns psicanalistas para falar do caso da Susana Vieira, a sessentona que se casou com um jovem de 35 anos. Eles diziam que eu estava com um garoto. Por favor, quem tem 35 anos não é jovem nem garoto. Jovem é o Cauã Reymond (de 28 anos). Mais velho do que ele já é senhor. Sei o que estou dizendo. Antes de casar com o Marcelo, passei dezessete anos com o Carson Gardeazabal. Quando nós começamos, ele tinha 24 anos e eu, 43. E quer saber? Sou mais jovem em curiosidade, energia e disposição do que o Marcelo e o Carson juntos. Não fico procurando garotão em porta de universidade, mas não tenho culpa se sou desejada por jovens.

Por que a senhora resolveu se casar com Marcelo em vez de apenas namorar com ele?
Foi Marcelo quem quis casar. Pensei: por que não? Por que não me casar de noiva? Não é pecado nem crime. Eu estava apaixonada e não devia nada a ninguém. O problema era que ele tinha 35 anos e era policial militar. Aliás, o preconceito por ele ser PM era pior do que o da diferença de idade. Dias antes do casamento, soube que ele era dependente químico. Lidar com isso, com um adicto, foi uma novidade a mais para mim. Eu acreditei na reabilitação dele.

A senhora já superou a traição, a separação e a morte de Marcelo?
Foi difícil. Não chorei nem gritei, mas entrei em estado de choque. Fui parar no consultório da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (autora do livro Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado). Precisei de quatro sessões para me recuperar das revelações que a amante dele me fez ao telefone. O stress a que ela me submeteu equivale ao de um sequestro. Perto dessa mulher, a Flora (vilã de A Favorita) é boazinha. As coisas que ouvi dela eram de uma crueldade que nenhuma novela jamais mostrou. Falou até das posições preferidas na cama – tanto as deles quanto as nossas.

A senhora trouxe a mãe de Marcelo, Regina, do subúrbio para a Barra da Tijuca. O que será dela agora?
Minha querida, ela herdou do filho uma conta bancária muito boa, fruto dos desvios de dinheiro da reforma da minha casa. Levou um Polo, que passei para o nome do Marcelo porque ele recebeu mais de 20 000 reais em multas. Além disso, a mãe dele ficou com seis malas de roupas masculinas, 47 pares de tênis e relógios. Tudo de grife. Marcelo roubou minha alma, meu sentimento e muito mais. Pedia que colocassem 2 000 reais a mais em notas de material de construção para embolsar a diferença.


"Marcelo se escondeu atrás da porta do banheiro para me filmar tomando banho de touca na cabeça. Fazia close das minhas partes íntimas enquanto eu me lavava"

Marcelo a roubou?
Tirou joias, perfume importado e até um aparelho de micro-ondas que ainda estava na caixa. Marcelo pôs a culpa no caseiro. Depois, eu soube pela amante dele que o Marcelo levou o micro-ondas para esquentar comida no flat dela. Quando as joias sumiam, ele também culpava os empregados. Eu não acreditava. Achava que tinha perdido. Ele as tinha dado de presente a ela. A mulher ficou até com meu BlackBerry. Ela me contou que ia escondida aos restaurantes, ensaios de escolas de samba e outros lugares em que estávamos juntos. Eles se encontravam nos banheiros. Transaram na minha casa em Búzios enquanto eu estava na praia. E foi na minha cama.

O que mais a amante de Marcelo lhe contou?
Que ele desviou dinheiro da obra da minha casa. Era para custar
110 000 reais. Saiu pelo dobro. Se ele me dizia que um tijolo custava 12 reais, não checava. Ela sabia de tudo, até de quanto faltava para pagar o telhado. Só soube desses absurdos depois que o Marcelo morreu. Os empregados não diziam nada porque ele os ameaçava. Dizia assim: "Antes de falar alguma coisa para a Susana, lembra que sou polícia. Você some". Sabia que ele pediu à revendedora da Honda que emitisse uma nota superfaturada? Fez a mesma coisa na Volkswagen quando comprei o Polo. Felizmente, ninguém aceitou. Aquela mulher me contou que o Marcelo fez até um filme das nossas transas. Mas eu nunca achei a gravação. Se for verdade, espero que nunca apareça. Mas achei outra, a do chuveiro, no dia em que meu cofre foi arrombado.

Que filme é esse? Quem arrombou seu cofre?
Marcelo. Ele se escondeu atrás da porta do banheiro para me filmar tomando banho de touca na cabeça. Ainda por cima, fazia close das minhas partes íntimas enquanto eu me lavava. Ele ia usar o filme para me chantagear. Isso eu soube pelo pessoal da praia. O cara de uma barraca contou para minha sobrinha que o Marcelo ia cobrar 500 000 reais para me dar a gravação. Achei esse filme quando meu cofre foi arrombado.

Como foi isso?
Um dia depois que a amante dele me telefonou, encontrei meu quarto revirado com o cofre aberto. Nunca dei o segredo ao Marcelo, mas, do mesmo jeito que me filmou escondido, ele me viu abrindo o cofre e decorou o número. Sumiram meus dólares, euros, reais e as joias. Resolvi esconder a moto antes que o Marcelo a levasse também. Aí, descobri no bolso da jaqueta de couro dele o filme do banho e um documento importantíssimo.

Que documento?
O nosso contrato de casamento, que diz que ele não teria nenhum direito a meus bens em caso de separação. O documento estava no cofre. Meu filho, Rodrigo, disse ao Marcelo que ele havia assaltado meu cofre. Ele respondeu: "Não fui eu. Eu estava dormindo". Ou seja, ele sabia que o cofre tinha sido arrombado. Liguei para a Globo para contar do filme. Fui à Justiça pedir a separação de corpos. Falei que corria risco de vida. Os meus empregados contaram à juíza que eram ameaçados. Aí descobri que sabiam dos desvios de dinheiro. Voltei para casa com seguranças e coloquei o Marcelo para fora. Ele disse que prejudicaria a minha carreira. Era uma referência ao filme do banheiro, que, àquela altura, estava seguro dentro do meu sutiã.

O que a deixou mais magoada: ser traída em público ou guardar segredo sobre os roubos?
O pior foi a traição espiritual e calculada dele. Se ninguém me contasse, eu podia estar me enganando até agora.



"Emagreci 5 quilos de nojo do que Marcelo e a amante fizeram. Só tive pena quando vi pela televisão o corpo dele no chão. Fora isso, só tive raiva, raiva e raiva"

Como, aos 66 anos, a senhora foi tão ingênua?
Ingênua e generosa. Ainda bem. O mundo não é feito de gente má, ladrões e assassinos? Sou boa. O nosso problema não era a diferença de idade, de nível social nem de formação. Quantas pessoas vieram do nada, viraram famosas e não roubaram? O desnível cultural pode ser suprido por outras qualidades. Namorei o jornalista Renato Machado (da Rede Globo) e casei com Carson, que fazia motocross. Não falava só de vinho e ostras com Renato e nem só de moto com Carson. O Marcelo me beijava muito. Imagina se eu não gostava? Eu, que sempre gostei de sexo, amor e carinho? Se ele me completava nesse departamento, não precisava falar de museu.

A senhora se dizia muito feliz. Essas descobertas apagaram as boas lembranças?
Posso ser ingênua, mas não sou burra. Uma traição de sete meses é uma covardia com uma pessoa famosa. Fui obrigada a ler um artigo de uma revista que me chamava de ridícula. Dizia que eu devia arrumar garotos apenas para transar, e não me casar com eles. Estou cheia de ouvir que velha tem de arrumar garotão só para transar. O que é isso? Se o cara trai, é ele o errado, não nós. Aliás, idade não existe para mim. Em primeiro lugar, sou uma estrela brasileira, como a Fernanda Montenegro e o Pelé. Não se pergunta em que ponto nós três deixamos de ser estrelas por causa da idade. Não somos sessentões, somos estrelas: Marília Gabriela, Elba Ramalho, todo mundo que chegou lá... Em segundo lugar, minha vida não é pautada por encontrar homem. Sempre gostarei de alguém, sempre beijarei e transarei. A gente tem o direito de amar quem quiser. Quem é que não gosta de homem bonito? Homem velho tem ex-mulher que vai encher a paciência e filho que vai chatear. Envelhecer deve ser horrível, mas, como não envelheço, estou ótima.

Podemos concluir que a senhora poderá aparecer em breve de namorado novo?
Podem, sim. Mas não agora. Acabei de sair de um redemoinho. Mesmo assim, já rolou paquera. Estou viva e aberta para tudo, mas ninguém nunca mais toca no meu dinheiro.

Seus colegas a classificam como competitiva e temperamental. Como eles reagiram ao seu drama?
Da melhor forma possível. A ligação mais importante que recebi e que me fez chorar foi a da (atriz) Renata Sorrah, justamente alguém que a imprensa diz ser minha desafeta. Nunca tivemos um ai. Sempre contracenamos, ela como má e eu como boa. Mas Renata estava tão sentida quanto eu. Não crio caso com ninguém. Estou na elite porque sou excelente profissional. Acha que eu seria tão respeitada na Globo se eu fosse esse mau elemento que pintam? Agora, quando contraceno com ator relapso e medíocre, chamo sua atenção, sim, e digo que lugar de estudar texto é em casa. A Carolina Dieckmann trabalha como eu. Aliás, o meu melhor trabalho foi com ela e a Renata Sorrah em Senhora do Destino.

O casamento com Marcelo será um trauma que atrapalhará seus relacionamentos futuros?
Deus me livre de trauma, filhinha. Não tenho trauma nem de pai, nem de mãe, muito menos de ex-marido, ex-bandido. Só quero esquecer que conheci Marcelo Silva. Enquanto o Marcelo estava vivo, fiquei trancada em casa com medo do que ele pudesse fazer comigo. A partir do momento em que, infelizmente, morreu, estou livre. Já sofri. Emagreci 5 quilos de nojo do que ele e a amante fizeram. Só tive pena uma vez: quando vi pela televisão o corpo dele no chão da garagem. Fora isso, só tive raiva, raiva e raiva.

Folha uniformiza o mundo árabe






Afinal, Líbia, Líbano, Líbio e Libanês, tudo começa com LI, não é mesmo?

A dúvida fica com a palavra Kibanês, cuja provável etimologia remonte a Kibe.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O que aquele ônibus está fazendo?




O testemunho da tragédia

Equipe do Correio do Povo testemunhou o acidente que matou duas pessoas, feriu pelo menos 15 e causou pavor e pânico no Centro de Porto Alegre

Textos e depoimento: Mirella Poyastro
Fotos: Alexandre Mendez

A tragédia com o ônibus desgovernado, ocorrida na manhã de ontem em uma das avenidas mais movimentadas do Centro de Porto Alegre, poderia ter sido muito pior se a cidade não estivesse em ritmo de férias de verão. Mesmo assim, em fração de segundos, duas pessoas morreram atropeladas e pelo menos 15 ficaram feridas. Eu já fiz coberturas envolvendo acidentes de trânsito e aéreos, inundações, estiagens, incêndios, rebeliões em penitenciárias, resgates e vários dramas do cotidiano desde 1994, quando comecei 'foca' como repórter do Correio do Povo. Mas, sem dúvida, presenciar o acidente de ontem foi a experiência mais terrível e assustadora que já vivenciei.
Agora tenho a certeza que um antigo ditado citado por meu pai é real: 'Para morrer, basta estar vivo'. Isto foi o que aconteceu com as duas vítimas, a mãe e a filha, que foram atropeladas pelo ônibus e tiveram morte instantânea. Elas estavam atravessando a rua Coronel Vicente na faixa de segurança, quando perderam suas vidas.
Foi também por segundos que eu e meus colegas de equipe, o fotógrafo Alexandre Mendez e o motorista André Luiz Diniz da Rosa, escapamos da morte. Em meio a uma reportagem, rodávamos na pista da esquerda da avenida Júlio de Castilhos, quando tudo aconteceu. 'Nossa sorte é que a gente estava em baixa velocidade, procurando um número', desabafou André Rosa, depois do ocorrido.
E foi porque estava procurando o número de um prédio que olhei para o lado direito da Júlio, quando vi, às 10h19min, um ônibus azul-claro da empresa Transcal subindo o canteiro que divide a faixa dos coletivos a, no máximo, 30 metros à frente do nosso carro. Gritei: 'O que aquele ônibus está fazendo?'. Foi o tempo que o veículo levou para cruzar as quatro faixas da avenida, esmagando tudo que tinha pela frente sem frear. No curto trajeto, o ônibus levou postes e fios de energia, um telefone público foi esmagado, placas de sinalização foram derrubadas e pessoas atropeladas em cima da faixa de segurança. O coletivo só parou quando se chocou com o edifício da esquina da Júlio com a Coronel Vicente.
'Meu Deus, que horror.' Foi o que consegui dizer. Tudo aconteceu em fração de segundos, como um filme que passa no telão do cinema. Apesar da sensação de pânico que atingiu todos dentro do carro, Mendez pulou para fora do veículo e eu saí atrás, pedindo para o André Rosa ligar para a Samu. E as expressões de pânico e terror estavam nos rostos das pessoas que, como nós, viram toda a tragédia, sem conseguir entender o que aconteceu. 'O motorista só pode ter tido um mal súbito.'
A pior imagem foi ver os corpos das duas mulheres estirados no asfalto da Coronel Vicente, ao lado do ônibus. Pedaços de cérebro no chão evidenciavam que nada mais poderia ser feito por elas. Minhas pernas tremeram. Senti um calorão. Pensei que ia desmaiar. Mas a movimentação de curiosos, retirada de feridos de dentro do ônibus, veículos buzinando (se iniciava um longo congestionamento), fizeram com que eu voltasse a agir e, literalmente, trabalhar.
Acompanhamos a iniciativa de populares em ajudar os feridos, e a chegada, nesta ordem, da Brigada Militar, EPTC, Samu e bombeiros. E, aqui, gostaria de fazer justiça aos profissionais que atuaram na ocorrência. É difícil precisar o tempo nestes casos de pânico coletivo gerado em tragédias inesperadas. Repito: segundos parecem durar uma eternidade. No entanto, tenho a impressão que do momento do choque até a chegada da BM, não se passaram nem três minutos. Quase em seguida chegaram duas equipes da EPTC. E dois minutos depois, no máximo, chegou pela contramão a primeira das três ambulâncias da Samu.
Os bombeiros chegaram em seguida. Já estavam lá quando o ônibus começou a pegar fogo. Entre a batida e o início do incêndio que causou a completa destruição do ônibus passaram-se mais de dez minutos. Foi o esforço dos bombeiros que impediu que o fogo se alastrasse para os prédios vizinhos. Até porque, exatamente do outro lado da rua, há um posto de combustíveis, de onde acompanhamos todo o trabalho de resgate e socorro.
Muitos populares ajudaram com extintores de incêndio de edifícios, estabelecimentos comerciais da redondeza e até dos carros que pararam para tentar prestar algum socorro. Infelizmente, no esforço de salvar vidas, socorrer feridos e apagar o incêndio, os corpos das duas vítimas não foram retirados do asfalto e acabaram sendo queimados junto com a lataria do coletivo, quando o fogo se propagou.


10h20 - Após cruzar as quatro faixas da avenida Júlio de Castilhos, atropelar e matar Magda Machado Matos, 45 anos, e a filha Daniela, 14 anos, o ônibus prefixo 24152 da empresa Transcal, linha Morada do Vale, colide no prédio localizado na esquina da Júlio com a rua Coronel Vicente











10h22 - Populares que presenciaram o acidente tentaram ajudar. O que mais se via era gente falando ao celular, pedindo socorro. O desespero de quem estava próximo da tragédia era evidente, como este rapaz que estava ao lado de Thiago Machado Matos, 20 anos, atropelado e ferido

10h23 - O cenário era chocante. Atropelado e ferido, o pai e marido de Daniela e Magda, Carlos Alberto da Silva Matos, 47 anos, constata atônito, ainda no chão, a morte dos familiares. Pedaços dos corpos estavam espalhados pelo asfalto, sem deixar dúvidas da fatalidade



10h32 - A foto registra o exato momento em que o ônibus incendeia totalmente, causando altas chamas e chamuscando as janelas e paredes dos prédios no entorno . O calor intenso foi sentido até do outro lado da rua, no posto de gasolina













10h33 - Os bombeiros chegaram um pouco antes de o incêndio começar, mas foram surpreendidos pela intensidade das chamas logo a seguir, tendo muito trabalho para combatê-las. O fogo se alastrou pelo chão e atingiu o corpo da mãe e da filha