quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Início do discurso do reitor



Habituei-me a associar o regresso às aulas ao cheiro inconfundível da terra
molhada pelas primeiras chuvas de Outono, ao restolhar das folhas caídas dos plátanos na Praça da República, arrastadas pelo vento frio do final da tarde, ao fumo apetitoso das castanhas assadas, a crepitar, estaladiças e adocicadas no
triciclo do meu amigo Zé, ao cimo das Escadas Monumentais. Sinal dos tempos, vemo-nos agora a iniciar as aulas com Sol e calor lá fora, em meados de Setembro, para ir a passo com a Europa do Norte, onde não há verão como o nosso, nem Praça da República, nem Escadas Monumentais, nem castanhas assadas, pelo menos pelo meu amigo Zé. Também a ele, queriam à força que alinhasse pelas regras dos outros, trocando o triciclo que sempre lhe conheci por um impessoal e asséptico carrinho em inox, sem nada do que fazia dele igual a todos os carrinhos de castanhas portugueses e diferente de todos os carrinhos de
castanhas de outros Países, sem negrume, sem mística, sem papel de jornal a embrulhar castanhas, por pouco sem castanhas. Nunca saberemos se teria feito essa troca.
Podendo parecer a ironia fora de contexto ou inapropriada, aqui quero deixar, mesmo assim, logo para abrir, em pano de fundo, esta reflexão desalinhada, este contraponto que considero necessário ao discurso, em tudo o mais canónico, de abertura solene das aulas referente ao ano lectivo 2009/2010.
São 3043, os estudantes que foram este ano colocados em primeira fase na Universidade de Coimbra, representando 97,5% das vagas postas a concurso, oque coloca novamente a nossa Universidade no pequeno grupo das mais procuradas. Estão a entrar numa Universidade bem consolidada e estabelecida pela experiência dos séculos, que concilia a força do seu prestigioso passado com a dinâmica de mudança transportada pela onda de juventude que
anualmente a demanda, nela semeando exigentes futuros nos sonhos que transportam, fazendo-a reinventar-se a cada novo dia e recentrar-se em função das expectativas dos seus mais recentes membros, que sois vós.
Aos novos estudantes da Universidade de Coimbra, que lá fora no Pátio, para o efeito uma vez mais adaptado, se afadigam nos preparos necessários à formalização das suas inscrições, quero deixar as primeiras palavras de regozijo e de bom acolhimento. Trabalharam para entrar, conseguiram-no, sejam bem-vindos. Pela nossa parte, tudo faremos para vos preparar como cidadãos e como profissionais para ocuparem o lugar a que têm direito na sociedade.
Estendo o meu cumprimento a todos os nossos convidados, que quiseram partilhar connosco este momento de júbilo e de alegria renovada. Os membros da comunidade universitária presentes, docentes, estudantes e trabalhadores, a quem também saúdo, aqui estão para vos receber com calor e com amizade.

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Discurso completo, aqui:
http://www.uc.pt/UC/media_uc/discursos/090916DR.pdf

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