sábado, 31 de janeiro de 2009
Acredite: Sérgio Noronha perde o lugar para Júnior!!!
Moacir Japiassu (*)
Posso ultrapassar os
limites da ciência
e nada sei do meu irmão
(Talis Andrade in Os Herdeiros da Rosa)
Acredite: Sérgio Noronha perde o lugar para Júnior!!!
No jogo do Campeonato Carioca em que o bandeirinha roubou o Friburguense e o Flamengo ganhou de 1 a 0 com um gol pra lá de duvidoso, o telespectador da Rede Globo recebeu a lôbrega notícia de que Júnior (aquele que nunca escutou os apelos da voz reflexiva) ocupará o lugar de Sérgio Noronha na função de comentarista. Janistraquis, que ouriça todo, ou melhor, que SE ouriça todo quando o ex-craque da Seleção Brasileira anuncia que alguém “antecipou” e ganhou o lance, abanou a cabeça, como os cães aos rabos:
“É, considerado, talvez a presença de Noronha, um jornalista histórico, alfabetizado, independente, incomodasse as pessoas lá na Globo. Mestre Armando Nogueira, que sempre acolheu a inteligência, jamais permitiria tal absurdo.”
Sérgio Noronha chefiou a “cozinha” da Copa de 1966 no Jornal do Brasil e um de seus redatores foi este veterano colunista, então com 24 anos de idade. Era uma satisfação trabalhar com ele, o qual havia formado, com José Ramos Tinhorão, a mais brilhante dupla de “criadores de textos” do famoso copidesque do jornal, montado depois da reforma de 1956.
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Asa da graúna
Frase atribuída a Michael Jackson e que percorre a internet com a velocidade de um foguete israelense:
"Se eu soubesse que um dia os EUA seriam governados por um de nós, jamais teria mudado de cor."
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Puta injustiça!!!
O considerado Professor Gilson Caroni Filho, petista irremissível e, ainda por cima, flamenguista impiedoso, enviou esta mensagem ao desamparado colunista:
Meu caro Japi,
Você não aprende mesmo. Ignora meus artigos, sequer retorna acusando o recebimento, e o castigo vem no campo. Não bastasse a queda para a segundona, começou com uma derrota vexatória em São Januário.
Não culpe o time, a culpa é sua. Tenho pena dos jogadores e comissão técnica por não saberem que tanta derrota tem origem no desafeto de um torcedor vascaíno por seu amigo rubro-negro.
A injustiça é tamanha que o colunista responde com a publicação do link que transportará o leitor ao mais recente artigo do verdugo.
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A melhor escolha
Muitos dos tantos considerados leitores perguntam de que mais gosta o colunista na língua portuguesa, além da lingüiça com trema; resposta: dos adjetivos e da musicalidade dos períodos, das frases, das palavras. Escrever é saber escolher...
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Finalistas em campo
Considerada leitora que se assina simplesmente Deyse, envia preciosidade publicada na capa do IG:
Dia de decisão – Copa São Paulo conheçe seus finalistas esta noite.
“Ainda bem que vamos conhecer, né?”, escreve a moça, ao que Janistraquis aproveita para divulgar sua versão:
“O negócio é o seguinte: a reforma ortográfica chegou para confundir e os redatores não sabem mais se orientar nesse oceano de ignorância. Aliás, ignorância começa com IG...”.
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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema intitulado No Limiar do Terceiro Milênio, cujo fragmento encima a coluna. O poeta ensimesmado conclui que tudo pode, porém não encontra nenhuma clarividência na solidão.
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Figura de retórica
O considerado Antonio Carlo Schiaveto, jornalista em Araraquara (SP), envia observações a uma notícia de jornal:
A Folha de S. Paulo informa que o capitão Luís Fernando Ribeiro de Souza foi detido pelo comando da unidade do exército "em que trabalha", quando eu pensava que o capitão ali "servia".
Mas o melhor vem depois: o advogado que assiste ao capitão queixa-se de que "a defesa não teve acesso às razões da detenção, publicadas em um boletim reservado". Em vista da queixa do advogado, é de se supor que as ditas razões permanecem mesmo reservadas, sendo o "publicadas" do redator apenas uma figura de retórica...
Janistraquis acha que a Folha, dirigida por um pessoal muito inteligente, criou o “jornalismo interativo”:
“Os textos saem com uma porção de impropriedades e cabe ao leitor, caneta à mão, providenciar o conserto. Tenho a impressão de que a festejada seção ‘Erramos’ está para ser ‘descontinuada’, como se diz.”
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Miau pra você
Sob o "chapéu" Irregularidade, saiu na capa do UOL:
Gato de Mato Grosso do Sul recebeu R$ 20 do Bolsa Família por cinco meses.
Janistraquis, que anda a confundir Q.G. com W.C., achou o episódio "tipicamente brasileiro":
"A gente sempre esteve careca de saber que havia um porrilhão de gatos no Bolsa Família, considerado; agora, com nome e sobrenome, é a primeira vez. E o Mandante deve estar infeliz com a notícia, menos pelo assunto em si, mas porque gato de verdade ainda não vota."
De minha parte, impliquei com o "chapéu" do UOL, pois em vez de "irregularidade" deveria ser "deboche".
Leia no Blogstraquis a íntegra do texto que ajuda a entender os descaminhos da nação.
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Viva o revisor!!!
O considerado Thiago Ibelli, estudante de Relações Públicas da Uerj, escreve de Niterói, onde, à beira da Baía de Guanabara, vê, como ele mesmo diz, o Rio de Janeiro a se afogar nas chuvas:
Acabo de ler um parágrafo no portal do IG que me chamou a atenção. Sob o título Obama ordena que prisão de Guantánamo seja fechada, o texto sugere que o novo Presidente ou veio de Hollywood ou pensa em utilizar a máquina do tempo para fins anti-terroristas. Ei-lo:
Entre as ações previstas no decreto de Obama está a criação de uma força-tarefa que terá 30 dias para recomendar políticas para o tratamento de suspeitos de terrorismo que foram presos no futuro. O principal ponto é definir onde essas pessoas seriam presas, já que Guantánamo será fechada.
Espero, com essa futurística notícia, colaborar com sua coluna (não a vertebral), que sempre me traz bons momentos.
Pois é, Thiago, trata-se de simples troca de letras mas que reforça a importância do revisor, profissional escorraçado de tantas redações e há tanto tempo, né mesmo? Hoje, precisa-se de quem tire o trema da lingüiça e evite a armadilha de certas palavras como pedido, colchões e até o nome de uma célebre rua de Copacabana, a Bulhões de Carvalho, também conhecida como “Rua Quase-quase”...
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Ação privada
O considerado Marco Antonio Zanfra, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, remete de seu Q.G. na Praia da Joaquina:
O pessoal da editoria de Mundo do "Diário Catarinense" definitivamente faz ouvidos moucos para a cacofonia.
Depois de lascar um sonoro Israel cerca Gaza em ofensiva contra Hamas em 5 de janeiro - cacófato devidamente "exorcizado" em sua coluna publicada logo em seguida -, a edição de hoje (23/01) do "vibrante matutino florianopolitano" nos castiga, na página 21, com um correlato: Navio de Israel ataca Gaza.
Não tem desculpa: ou eles não leem sua coluna, ou não leem livros de gramática.
Janistraquis garante, ó Zanfra, que o pessoal passa longe da coluna e também das livrarias e bibliotecas públicas; só adentram as privadas e mesmo assim para fazer algo mais, digamos, contundente, como os cacófatos denunciam.
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Obra-prima
De seu ateliê em Belo Horizonte, o considerado e consagrado artista José Romualdo Quintão foi o primeiro de incontáveis leitores que enviaram à coluna esta obra-prima da chalaça nacional que percorre a internet:
Reforma Ortográfica -- JAMAIS TREMA EM CIMA DA LINGUIÇA
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Pura encenação
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cuja varanda debruçada sobre o conluio entre o atrasamento e a presunção é possível enxergar o ministro Tarso Genro a ornear lições de Direito, pois Roldão enviou a seguinte mensagem ao diretor do seu jornal preferido:
Na edição desta sexta-feira o caderno Divirta-se do Correio Braziliense, página 20, ao apresentar a crítica sobre a peça O Menino que Brincava de Ser legenda a foto dizendo que a apresentação em Brasília será a primeira exibição fora do Rio de Janeiro. Precisamos usar com maior exatidão a nossa língua. As peças teatrais são encenadas, ou seja, são criadas na hora. Essa é a magia do teatro. Exibe-se algo pronto, acabado, como um quadro ou um filme.
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Nota dez
O considerado Augusto Nunes, raro jornalista que não se deixa enganar, escreveu no Jornal do Brasil:
(...) Condenado à prisão perpétua na Itália pela participação no assassinato de Sabbadin e de mais três "contra-revolucionários", Battisti livrou-se da extradição graças ao ministro da Justiça, que o promoveu a "refugiado político" e pôs na conta das motivações ideológicas o prontuário de um ladrão vocacional diplomado em latrocínio na escolinha do PAC.
Segundo a discurseira recorrente do próprio Tarso, do presidente Lula e de toda a companheirada, devem ser anistiados, aplaudidos e indenizados os que lutam de armas na mão contra a ditadura e pela ressurreição da liberdade. Não se encaixam no palavrório os Proletários Armados para o Comunismo, que sempre couberam em quatro ou cinco camburões. Na Itália dos anos 70, não havia regimes totalitários a combater, nem tiranos a derrubar. Muito menos houve guerrilheiros dispostos a matar ou morrer pela pátria livre.
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo capaz de provocar azia em quem chama Alka Seltzer de arcacelso.
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Errei, sim!
“TÍTULOS, TÍTULOS... – Na pasta em que Janistraquis arquiva os títulos inesquecíveis de nossa Imprensa, há lugar reservado para o novo-Estadão-agora-com-nova-direção. ‘Considerado, olhe só para esta modernidade, este requinte da vanguarda’, exibiu meu assistente. Lia-se: População não crê em pesquisa, diz pesquisa. E este, soberbo e supimpa: Alastra-se o mistifório. Mais outro: Emenda pior do que o soneto.
O texto do obituário, então, passou por reforma radical. Janistraquis pescou este exemplo, na edição de 5 de julho: ‘Consternou profundamente a sociedade paulista a notícia do falecimento, no dia 3 último, nesta capital, do engenheiro (...) O extinto...’, e enterrou-se o texto em louvaminhas, turificações e incensadelas.” (agosto de 1988)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.
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