sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Nota dez para o poeta Ferreira Gullar

Moacir Japiassu (*)

Sou como o vento: roubei 
o coração de alguém 
que desconheço

(Nei Duclós in Olhos de Lata)


Nota dez para o poeta Ferreira Gullar
Doze entre treze leitores da coluna votaram no artigo que o considerado Ferreira Gullar, jornalista e poeta-maior, escreveu naFolha de S. Paulo, o qual abriga frases como estas:

MINHA GENTE, estou a cada dia mais perplexo com a performance do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não que ele tenha mudado essencialmente; nada disso, ele se comporta assim desde o primeiro dia de governo: não desce do palanque.

Ele não se comporta como chefe de Estado. Fala sempre em termos pessoais, ou louvando-se a si mesmo sem qualquer constrangimento ou acusando alguém, seja a imprensa, seja a oposição, sejam as classes ricas, sejam os países ricos.

Estão todos contra os pobres, menos ele que, felizmente, assumiu o governo do Brasil para salvá-los, após quatro séculos de implacável perseguição. Do Descobrimento até 2003, ninguém sabe como o Brasil conseguiu sobreviver, crescer, chegar a ser a oitava economia do mundo, sem o Lula! Só pode ter sido por milagre ou qualquer outro fator inexplicável.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que deve ter provocado sesquipedal azia no presidente, se é que um assessor mais letrado o soletrou para Sua Excelência.

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Grande idéia
Como o considerado leitor está careca de saber, tem um promotor público (?) a vagar por aí, cujo propósito é ver os estádios de futebol livres das torcidas visitantes, para evitar brigas. Se jogarem São Paulo e Corinthians no Pacaembu, por exemplo, somente a torcida deste poderia assistir ao jogo.

Janistraquis considerou a idéia a coisa mais inteligente do mundo em todos os tempos, porém observou:

“Considerado, o que impediria os são-paulinos de cercar o estádio e esperar o final do jogo para o pau quebrar nas imediações?”.

É mesmo, nisso o tal promotor não pensou. 

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?????????????????
Janistraquis lavava uns pratos a escutar o noticiário da GloboNews, às 12h20 da terça, 17/2, quando escutou a apresentadora se referir a um “Centro de Interrogação”; aí virou-se para mim, que estava de cerca-lourenço para encarar umas aranhas:

“Considerado, não seria ‘Centro de Interrogatório’?”.

É, ficaria mais apropriado, creio.

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Ivo viu a bunda
O considerado Wander Cincarolli, professor aposentado em São Paulo, envia notícia segundo a qual tramita na Câmara um projeto de lei cujo objetivo é “proibir o uso de imagens eróticas, pornográficas ou obscenas no material escolar”. Wander não deixou barato:

“Que imagens são essas que o deputado mineiro Miguel Martini (PHS) viu? Isso ele não disse. 
Esses políticos, à falta do que fazer, ficam procurando besteiras capazes de lhes garantir alguma exposição na mídia.”

Segundo Janistraquis, ó professor, as escolas deveriam simplesmente ensinar a meninada a ler e escrever, não importa se o material escolar se refira àquele Ivo que viu a uva ou a dona Raimunda que mostrou a bunda...”

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Cueca e lingerie
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo banheiro, em trepando-se nas bordas do vaso sanitário, dá pra ver o ensaio do Bloco dos Puxa-sacos para o desfile de amanhã, com todos os foliões fantasiados de Lula, pois o Mestre Roldão despacha do seu bem-aparelhado escritório:

A revista Brasília em Dia da semana de 14 a 20 de fevereiro publica uma notícia na seção Empresas & Negócios (p. 33) sobre a terceira edição em Brasília, no próximo dia 17, do 'Dia Nacional da Roupa de Baixo' (The Brazilian Underwear Day), inspirado em evento similar que se realiza em agosto em Nova York, na Times Square desde 2003 . Trata-se de um desfile de moda destinado a valorizar a roupa de baixo feminina. Os modelos brasilienses vão desfilar pela cidade vestindo apenas cueca e lingerie, diz o texto.

O redator da matéria deve ser português e não entende nada de roupas íntimas das mulheres. Só em Portugal é que as calcinhas femininas também são chamadas de cuecas, aqui exclusivamente roupa masculina. E lingerie é o termo francês para toda a roupa de baixo usada pelas mulheres. A peça superior é o sutiã, antigamente chamada de porta-seios.

Janistraquis acha que o redator também não entende de mulher.

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Inhaca, bodum
O considerado Fábio José de Mello procurava luzes na internet, para melhor desempenhar seu trabalho na prefeitura de Descalvado (SP), quando encontrou este arremedo de lamparina travestido em manchetinha do Terra:

Vitor Belfort quer melhor de três com Fedor.
 
Fábio, porém, logo se recuperou do susto:

Fedor, considerado, não é aquele cheirinho catinguento; trata-se de Fedor Emilianenko, brutamontes russo que vai lutar com o brasileiro.

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Consumo pessoal
O considerado José Truda Júnior, que de seu minarete em Santa Teresa divisaria todas as chaminés do Rio, se o Rio tivesse as chaminés de Paris, e o minarete dominasse a paisagem de lá, se Montmartre tivesse minaretes, pois Truda esquivou-se dessa confusão dos diabos e enviou o seguinte título que veio do Blog do Noblat e  se enfumou de repente no Globo Online
 
FH quer descriminalizar maconha para consumo pessoal

É claro que todos os leitores inteligentes deram boas gargalhadas e Truda legendou a sua:

"Dá pra imaginar a gritaria da base de apoio se, no lugar de FH, estivesse a palavra Lula, né não?"

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Otimismo é isso
Depois do jogo de ontem em Teresina, Janistraquis fez questão de comemorar e até abriu uma garrafa de sidra de São Roque, tremendo exagero nestes tempos difíceis:

“Considerado, há anos não ganhávamos de 4 a 1 do Flamengo!!!”

Observei que se tratava do Flamengo do Piauí, mas ele nem se tocou:

“Flamengo é sempre Flamengo, como diz o hino deles; ganhamos de goleada e ponto final!”

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Licitação Brasileira
A piadinha percorre a internet, embora Janistraquis tenha certeza de que conhece o tal prefeito:
 
Um prefeito queria construir uma ponte e chamou três empreiteiros: um
japonês, um americano e um brasileiro.
 
- Faço por US$ 3 milhões - disse o japonês:
- Um pela mão-de-obra.
- Um pelo material.
- E um para meu lucro.
 
- Faço por US$ 6 milhões - propôs o americano:
- Dois pela mão-de-obra.
- Dois pelo material.
- E dois para mim... mas o serviço é de primeira!
 
- Faço por US$ 9 milhões - disse o brasileiro.
- Nove paus? Espantou-se o prefeito. Demais! Por quê?
- Três para mim.
- Três para você.
- E três para o japonês fazer a obra.
- Negócio fechado! Respondeu o prefeito.

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Sem vaselina...
A propósito daquele  cordel de Miguezim de Princesa, intitulado "Bolsa-vaselina" e enviado por um leitor de Várzea Grande (MT), cuja publicação foi aqui tão festejada, a coluna recebeu esta mensagem do considerado Claudio Humberto:

Saiu originalmente, caro amigo, no site www.claudiohumberto.com.br, em 23/jan/2009.

Janistraquis acusou o golpe:

"Pois é, considerado, e esta foi sem vaselina, hein?"

Sem vaselina nem KY.

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Nei Duclós
Na hora de cruzar o deserto, dobrado ao peso do alforge,  e no instante em que cascavéis armam o bote na fronteira da carne, ásperos cenários inspiram o poeta nascido e criado na liça de todos os dias. Leia no Blogstraquis a íntegra do poema que integra o livroPartimos de Manhã e cujo fragmento é a epígrafe da coluna.   

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Decisão
Se a licenciosidade partir definitivamente pra ignorância, Janistraquis pretende sair às ruas enfiado numa burka, para fugir dos credores. 

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O ano da reforma
O considerado artista mineiro José Romualdo Quintão envia estas sugestivas mudanças para 2009, que é o Ano da Reforma Ortográfica:

-- Em casos como AUTOESTIMA o hífen cai. Mas a sua é que não pode cair.

-- Em algumas palavras, o acento desaparece, como em FEIURA. Aliás, poderia desaparecer a palavra toda.

-- O acento também cai em IDEIA, só que dela a gente precisa. E muito!

-- O trema sumiu em todas as palavras, como em INCONSEQUÊNCIA, que também poderia sumir do mapa; assim, a gente ia viver com mais TRANQUILIDADE.

-- Mas nem tudo vai mudar. ABRAÇO continua igual. E quanto mais apertado, melhor. AMIZADE ainda é com "Z", como VIZINHO, FUTEBOLZINHO, BARZINHO.

-- Expressões como "EU TE AMO" , continuam precisando de ponto. Se for de exclamação, é PAIXÃO, que continua com "X", como ABACAXI, que, gostando ou não, a gente ainda vai ter alguns pra descascar.

-- SOLITÁRIO ainda tem acento, como SOLIDÁRIO, que muda só uma letra, mas faz enorme diferença.

-- CONSCIÊNCIA ainda é com SC, como SANTA CATARINA, que precisa tocar a VIDA para a frente.

-- E por falar em VIDA, essa muda o tempo todo e é por isso que emociona tanto!!!

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Cobras, cobrões
Um grupo de cobrões da biologia, que atua na Universidade da Pensilvânia (EUA), garante que uma reles minhoca de 10 centímetros de comprimento, encontrada em Barbados, aquela ilha do Caribe, é, na verdade, a menor serpente do mundo; a Associated Press, que espalhou a notícia mundo afora, não informou se é venenosa.

Janistraquis, que sempre mostrou o pau depois de matar a cobra, não acreditou; para ele, a menor cobra do mundo, e venenosa, ainda atende pelo nome de ACM Neto, agora corregedor da Câmara.

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Ah!, quello paese...
Num daqueles admiráveis filmes italianos do pós-guerra, apelidados de “neo-realistas” por quem entende de cinema, o ator de tantas e tantas comédias, Alberto Sordi, grita, depois dalguns tropeços na vida ordinária: “Paese di merda!!!

Ignoro o motivo pelo qual Janistraquis se lembrou da cena; certamente porque é inesquecível.

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Errei, sim!
“CRUZEIROS ETERNOS – Capa do caderno de Turismo da Folha de S. Paulo estampou esta manchete: Cruzeiros são quase perfeitos, mas acabam. Depois da leitura, Janistraquis era a imagem da decepção: ‘Considerado, sempre pensei que os cruzeiros durassem eternamente’, declarou, mais cabisbaixo do que o PC Farias.” (dezembro de 1992/janeiro de 1993)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

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