quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Circo da notícia
MARCAÇÃO SOB PRESSÃO
A imprensa e a memória de todos
Por Carlos Brickmann - Observatório da Imprensa
Dizem as colunas noticiosas que o ministro da Justiça, Tarso Genro, comentou que a próxima operação da Polícia Federal fará tremer a República. Ótimo: é preciso reprimir a ilegalidade (e sem cair na tentação de, ao fazê-lo, cometer outras ilegalidades).
Este é o papel da Polícia Federal (e, em seguida, da Justiça). O papel do jornalista é, além de cobrir o último escândalo, cuidar para que os escândalos mais antigos não sejam esquecidos. Uma nova operação que fará tremer a República não pode fazer com que a Operação Satiagraha seja esquecida; da mesma forma que a Operação Satiagraha não deve nos levar a esquecer a Hurricane, as duas Kaspar, a Farol da Colina, a Dilúvio e tantas outras.
A procuradora da República Ana Lúcia Amaral, em comentário à coluna anterior, que criticava a imprensa por ter esquecido o processo em que figuravam uma socialite e um empresário do setor de roupas, diz que o caso está em curso, na 2ª Vara de Guarulhos, aguardando sentença. E completa: "Não é porque a imprensa não dá conta de acompanhar que deixou de existir".
A procuradora tem toda a razão – ou melhor, quase toda: acha que uma nota em que a imprensa é cobrada por esquecer do caso é uma justificativa à omissão da imprensa. Não é: basta reler o texto.
"Há quatro possibilidades: a) eles foram absolvidos (e, nesse caso, a imprensa falhou lamentavelmente, ao não noticiar a absolvição); b) a acusação não se sustentava (e o erro foi dos que anunciaram com toda a pompa a operação e as pessoas nela atingidas); c) o inquérito está em alguma gaveta (erro da imprensa, que não cobra, e permite que o caso seja esquecido); d) apesar do tempo que já se passou, o inquérito está tramitando normalmente, sem que ninguém o atrase ou apresse (mais uma vez, falta a cobertura da imprensa)".
Aliás, a nota não se refere ao caso da Daslu, como achou a procuradora (o erro certamente é deste colunista, que não foi claro), e sim à Operação Dilúvio. Mas poderia se referir à Operação Chacal, ou à Operação Sanguessuga. Sepultadas por novos escândalos, a imprensa simplesmente parou de noticiá-las.
Carimbo no papel
Desde 1994, quando o Plano Real tornou mais clara a importância da taxa básica de juros, o noticiário é igualzinho: subiu o juro, vêm declarações absolutamente iguais às da alta anterior, recolhidas das mesmas fontes. Será impossível buscar fontes novas? Será mais impossível ainda buscar fontes novas capazes de analisar a alta dos juros com outras palavras? Juros pornográficos, obscenos, siderais, planetários, gigantescos, extravagantes, sesquipedais, os mais altos do mundo (serão mesmo?), absurdos, vergonhosos, escandalosos, nefastos, corrosivos – tudo bem, isso a gente já sabe. Que tal fazer uma forcinha e descobrir como é que a elevação da taxa de juros funciona, na opinião de tantos outros especialistas, para conter a inflação?
Queda para cima
A maior novidade em noticiário sobre juros veio no título de um grande jornal:
** "Apostas de corte de 0,5 e 0,75 ponto"
O texto esclarecia que o corte nos juros, na verdade, era uma elevação.
Adeus, Mingão
Jornalista que passa a vida na Redação não ganha notoriedade. Mas, sem ele, o veículo seria ainda mais bagunçado do que já é.
Na semana passada, morreu um grande jornalista de Redação: Domingos Ferreira Alves, Mingão, 75 anos, um dos melhores editores de primeira página do país. Domingos foi editor de madrugada da Folha de S.Paulo (acompanhava as notícias e decidia quando o jornal teria a edição modificada), depois editor de primeira página da Folha de S.Paulo, da Folha da Tarde e do Agora. Ficou no mesmo emprego, o único de sua vida, por 54 anos. E, na "cozinha" do jornal, contribuiu poderosamente para o sucesso dos jornais do grupo.
Mingão chegou, com seu próprio nome, a ser personagem de Maurício de Souza – outro "foca" que passou por suas mãos. Fez sucesso, um personagem cheio de dúvidas (afinal de contas, qual seria a manchete? Quais as outras notícias de primeira página?), mas pediu a Maurício que o tirasse dos quadrinhos: Domingos não gostava de nada que o levasse à fama.
Fará falta. Mais falta do que os que buscam a notoriedade a todo custo.
Cautela no texto
Tanto se falou que os meios de comunicação aceitavam as acusações como verdade, sem comprová-las, que novas normas acabaram entrando em vigor. Por exemplo, ninguém é acusado de fazer alguma coisa: é acusado de "supostamente" fazer alguma coisa. Pode ficar engraçado: "Cunhado de menina morta em suposto tiroteio diz que policiais tiveram intenção de matar". Tiroteio é tiroteio. Que significa "suposto tiroteio"? Será que a intenção era outra, dizer que possivelmente o tiroteio foi simulado para encobrir um assassínio sem troca de tiros? No caso, por que não escrever claramente as alternativas?
Como...
Frase de uma empresária sobre o novo imposto do cheque, que está no Congresso: "Um imposto que nunca recebemos e que somos taxados de receber, a sociedade está se unindo para lutar contra um imposto que nunca foi usado para nada". Pelo menos a autora deve saber o que quis dizer com esta frase.
...é...
** "Cedae encontra gato em restaurante no centro do Rio"
E que tem a Companhia de Águas e Esgotos do Rio a ver com animais em restaurantes? Nada: o "gato" é um desvio de água por fora do hidrômetro.
...mesmo?
Do noticiário on line de um grande jornal:
** "Cervo de seis pernas tem um dos rabos amputado após ataque de cães"
OK, o cervo tinha seis pernas. E quantos rabos?
E eu com isso?
Faz tempo, faz tempo. Quem dirigia o Jornal do Brasil era Alberto Dines. Este colunista era redator da sucursal de São Paulo e aguardava o sinal verde do Rio para desligar o telex e ir embora para casa.
Houve um pequeno incêndio no centro de São Paulo, mas os bombeiros chegaram rápido e já estavam apagando o fogo. A notícia foi imediatamente enviada ao JB. Faltou água, o incêndio cresceu, o depósito de plásticos de uma grande loja pegou fogo, foi um inferno. E as microondas, único sistema de comunicação rápida da época, pifaram. Às duas da manhã, sem alternativa, passamos um telegrama via Western para o jornal. Claro, não chegou a tempo. O JB publicou uma notícia curtinha, escondida, sobre um pequeno incêndio rapidamente dominado.
Ah, se fosse hoje! Com todos os recursos de tecnologia, sabemos no mesmo instante que, "após irmão, pagodeiro termina namoro que começou na TV" (deve ter sentido, deve ter sentido); que "Nívea Stelmann compra móveis com o filho no Leblon"; e que "gêmeos de Jolie e Pitt já têm certidão de nascimento" – como se os nossos filhos, caro colega, também não a tivessem.
Há muita coisa finíssima:
** "Edu Guedes descobre sexo do primeiro filho"
** "À beira da estrada, pavão consegue carona em picape"
** "Gwyneth Paltrow aparece com novo corte de cabelo"
** "Lucília Diniz arremata cueca de Edson Celulari em leilão"
Aliás, esta notícia já está superada. Lucília quer devolver a cueca a Celulari, já que só a arrematou para contribuir com a causa.
O grande título
Esta é a semana dos títulos incompletos
** "Moradores participam de missa homem morto em tiroteio"
** "Telefônica atende vítimas apagão; veja locais"
Ou completos até demais:
** "Rio: tiroteio faz mata um e fere dois na Rocinha"
Ou inadvertidamente engraçados:
** "Artista revela nave russa para viagem tripulada à Lula"
Mas há um absolutamente invencível:
** "Greenpeace fala sobre transgênicos no habbo"
Realmente, o pessoal anda escrevendo coisas que antigamente seriam vetadas.
terça-feira, 29 de julho de 2008
domingo, 27 de julho de 2008
Histórias com o Divino Habsburgo
Divino Habsburgo e a defloração da Sandy
E a mancha vermelha espargiu-se pelas coxas das Américas, Europa, África, Ásia e Oceania. Esparramou-se pelos campos do Atlântico, Pacífico e Índico e, exausta, espichou-se no lençol polar. Emanava brasa a torrente rubra. Fluíam gozos da sua face. Em poucos segundos o Pentágono colocou-se de prontidão, os russos afiaram os mísseis, Bin Laden saiu da toca e o Greenpeace aguçou as antenas. Presumiram a anormalidade do fato também em razão do corcovear das árvores, do riso compulsivo das nuvens e do movimento autista da terra. Esmerilharam hipóteses e teorias, até perceberem o olhar imanizado de Sandy. Havia fogo em seus olhos. Havia sido deflorada a donzela.
Foi um deus-nos-acuda. Hordas de soldados, fãs e jornalistas rodaram pelo planeta em busca do elemento desvirginante. Mas somente com o término do estado catártico da rapariga foi possível descobrir a identidade do gaiato.
- Foi ele - balbuciou a sirigaita, ainda tonta.
Ele quem, cara-pálida?, perguntaram-se as criaturas. Poderia ser o todo-poderoso, o Marx, o Buda, o Maomé, o Clodovil - embora improvável -, a Xuxa - mais provável -, o Badanha.
- Foi o Diva – acrescentou a rapariga.
- Diva? Aquele que te comeu viva? – brincou o Papa, já irritado.
- Não, o Divino Habsburgo – explicou a moça.
Escutou-se um oh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! proferido por seis bilhões de pessoas. A interjeição de espanto chegou à constelação APArósio, rodopiou por um sem-fim de buracos negros e perdeu-se sei lá onde. Passada a estupefação, nem perguntaram em que lugar estava o culpado, porque sabiam muito bem. Divino Habsburgo haveria de estar na Lancheria do Parque. Acertaram. Encontraram-no no templo.
Habsburgo, filósofo de mesa de bar, sociólogo da noite e antropólogo da boemia, desconfiou da entrada abrupta daquela multidão, capitaneada por Chitãozinho, Xororó, Júnior e, meio a contragosto, Sandy. Mas ele não esmoreceu.
- O senhor me deve uma explicação – intimou Xororó.
- Darei, mas apenas na próxima coluna, pois agora quero tomar a minha Polar em paz.
Divino Habsburgo é um sujeito sem pressa.
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sábado, 26 de julho de 2008
Notícia misteriosa
Ministério cria comissão para regulamentar profissão de jornalista
Da Agência Brasil
Brasília - O Ministério do Trabalho instituiu hoje (25) um grupo de estudo para propor alterações na legislação a fim de regulamentar a profissão de jornalista.
A comissão, criada por meio da Portaria n.º 342 publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União, "terá três integrantes do Ministério do Trabalho, três representantes das categorias profissionais e três representantes das categorias econômicas".
O grupo tem 90 dias para apresentar relatório final ao ministério.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Assim a loba pira
Revista Istoé
Arqueologia
A idade da Loba
Símbolo da fundação de Roma, o monumento Lupa Capitolina é mais novo do que se imaginava
O monumento italiano Lupa Capitolina, representando a loba que teria amamentado os gêmeos Rômulo e Remo, lendários fundadores de Roma, é uma das obras mais simbólicas já produzidas pela humanidade. Ele empresta uma origem mítica à criação da cidade e os historiadores sempre acreditaram que fora erigido por volta de 500 anos antes da era cristã. Como é esse monumento que data o nascimento da capital italiana, fixou-se então, logicamente, o surgimento de Roma nesse mesmo período e teria sido o fratricida Rômulo o seu primeiro rei – diz a lenda que ele matou o irmão na disputa pelo poder. Na semana passada ocorreu uma reviravolta envolvendo tal marco: arqueólogos revelaram que a estátua é datada do ano 1300 a. C, ou seja, Roma é mais jovem do que se supunha – pelo menos se continuar a manter a loba como emblema de sua fundação. “Graças a uma falha na escultura, podemos agora confirmar que ela foi construída à base de uma cera persa fundida em um só jato”, declarou a historiadora e restauradora italiana Anna Maria Carruba, que realizou o exame da obra. “Essa era uma técnica utilizada por volta do ano 1300 antes do início da era cristã. E a superfície do monumento não tem os sinais característicos dos bronzes antigos”, avaliza Adriano La Regina, ex-diretor do Patrimônio Cultural de Roma e responsável pela coordenação dos estudos.
A origem do equívoco nas datas remonta ao ano de 1764, quando o filósofo alemão Johann Joachim Winckelmann analisou a estátua e, atento a detalhes, como o de sua representação achatada, concluiu que ela fora feita no ano 500. Essa versão perdurou por séculos, até que La Regina e Anna Maria, valendo- se de recursos tecnológicos impensáveis na época de Winckelmann, pudessem agora reformular o período histórico em que a obra foi esculpida. “Estou maravilhada. Chegamos a uma certeza maior sobre a data de fundação de Roma”, diz ela.
Qual a chave dessa descoberta? Um defeito na pata da loba. Arqueólogos e historiadores realizaram uma varredura nos arquivos dos principais museus italianos e se depararam com registros de uma descrição feita pelo imperador Cícero. Desses registros consta que “a estátua de uma loba fora danificada por um raio”. Recentemente, ela foi então submetida aos mais diversos exames de carbono e a causa da “lesão” não se deve a raio – ela foi motivada, isso sim, pelo material que se fragmentou, e esse material a humanidade não utilizava no ano 500 a .C.
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Pois bem, vejamos: Se 1300 a.C. é anterior a 500 a.C. - pelo menos por enquanto -, como pode dizer "ou seja, Roma é mais jovem do que se supunha"? Então o australopithecus é um neném. A humanidade utilizava o material em 1300 a.C., mas não em 500 a.C. Quem instituiu o decreto da proibição do uso do material mais antigo: mamãe loba? O pequeno "equívoco" é uma diferença de apenas 800 anos? Piremos.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Excesso literário
A ex-BB coloca em prática sua formação de jornalista
Luciana Tecidio
Do EGO, no Rio
A ex-sister Juliana Góes , que é jornalista, coloca em prática sua formação profissional. Durante os intervalos das viagens que faz a trabalho, ela aproveita para escrever dois livros em seu laptop. Na verdade, um já está pronto. No primeiro, Juliana reuniu 10 frases ditas por ela durante o "BBB " que foram selecionadas por seu fã-clube. O outro é uma história inédita em que mistura fatos reais com ficção. A santista está à procura de uma editora.
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Um livro com 10 FRASES, pronto? Não será demais, minha cara repórter? Claro!, cada frase, pela profundidade das reflexões, preenche no mínimo umas 10 páginas.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Bala de mel ou de pólvora
IMPRENSA & GOVERNOS
Pedras no caminho da liberdade de imprensa
Por O Globo em 22/7/2008
Textos de Janaína Figueiredo (Buenos Aires), Vivian Oswald (Moscou), Gilberto Scofield Jr. (Pequim), Marília Martins (Nova York), Deborah Berlinck (Paris) e Vera Gonçalves de Araújo (Roma) reproduzidos de O Globo, edições de 20 e 21/7/2008
Usando desde formas truculentas de censura dos jornais até sutis pressões econômicas, passando por vários matizes de controle estatal da mídia, governos impõem dificuldades à liberdade de imprensa em vários países. Mesmo nas democracias há tentativas de intervenção branca, com autoridades buscando influenciar a cobertura de seus atos. Correspondentes do Globo em três continentes relatam as dificuldades de fazer a informação chegar ao cidadão sem a interferência do Estado.
Conflito aberto com os jornais
Janaína Figueiredo, de Buenos Aires
Em quase todos os seus discursos públicos, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, critica os meios de comunicação.
Como seu marido e antecessor, Néstor Kirchner (2003-2007), ela tem certa dificuldade em digerir os questionamentos de jornalistas que mostram os problemas de sua gestão.
Em um gigantesco ato na Praça de Maio há cerca de dois meses, Cristina atacou o cartunista Hermenegildo Sábat, do jornal Clarín, figura ilustre do jornalismo argentino, por uma charge publicada dias antes na qual a presidente aparecia com um esparadrapo na boca.
O incidente, apenas um exemplo que reflete a relação do casal Kirchner em relação à imprensa, provocou a reação das principais associações de jornalistas do país.
– O governo tem um conceito equivocado sobre o papel que devem desempenhar os meios de comunicação num regime democrático. O casal Kirchner considera que os meios de comunicação devem subordinar-se ao governo, e nós, obviamente, não estamos de acordo – afirmou o diretor do Clarín, Ricardo Kirschbaum.
Desde o início do conflito entre a Casa Rosada e os produtores rurais do país, que se arrasta há mais de três meses, o governo comandou uma campanha contra o principal jornal argentino.
Em manifestações a favor do governo, grupos kirchneristas levaram cartazes que diziam "Clarín mente". O jornal também foi alvo de ataques por parte de dirigentes políticos aliados ao governo, como Luis D’Elia, que está à frente de um movimento social de desempregados, os chamados piqueteiros. D’Elia chegou a dizer que a "Argentina vive hoje a ditadura do grupo Clarín". A campanha também buscou desprestigiar o canal de TV do grupo, o Todo Notícias, chamado de Todo Negativo pelos kirchneristas.
Em março passado, o jornalista Jorge Lanata, um dos fundadores do Página 12, hoje aliado do casal Kirchner, lançou o jornal Crítica da Argentina, novidade que não foi bem recebida pelo governo. O jornal já causou muitas dores de cabeça à presidente. Em uma de suas edições, o Crítica informou quanto foi gasto por Cristina em suas viagens ao exterior ano passado, em plena campanha eleitoral (US$ 8 milhões).
– Assim como o governo manipula as estatísticas do Indec (o IBGE argentino), pretende controlar o que é publicado na mídia. Nosso trabalho é lutar contra essa tendência – assegurou Silvio Santamarina, editor-chefe do Crítica.
Uso da comunicação direta com a população
Para a deputada e secretária da Comissão de Liberdade de Expressão do Congresso, Norma Morandini, "o casal Kirchner têm uma concepção de comunicação direta com a população, ignorando o papel dos meios de comunicação":
– Existe uma escassa consciência sobre o papel que deve ser cumprido pela imprensa numa sociedade democrática.
A deputada lembrou que a presidente não participa de coletivas e informa sobre suas ações de governo através de discursos e propaganda. Morandini questionou, ainda, a maneira como o governo asfixia os meios de comunicação vetando a entrega de publicidade oficial a veículos opositores, entre eles, os jornais Crítica e Perfil.
O encarregado de distribuir os recursos da publicidade oficial é o secretário de Meios de Comunicação, Enrique Albistur, que há dois meses foi acusado de ter repassado US$ 3,2 milhões em recursos destinados à publicidade do Estado a empresas suas, de familiares e de colaboradores próximos. O caso está sendo investigado.
Pouco preocupada com as queixas, a Casa Rosada anunciou recentemente a criação de um Observatório dos Meios de Comunicação, organismo que já foi batizado pela imprensa local de "guarita midiática". Para a Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas, o observatório "é um instrumento que busca controlar o trabalho informativo".
Venezuela
Em maio passado, o jornalista venezuelano Mario Villegas, que trabalha na assessoria de imprensa do Seniat (a Receita Federal da Venezuela), recebeu um telegrama no qual era informado que o órgão decidira transferi-lo para a cidade de Santa Elena de Uairén, a 1.400 quilômetros de Caracas, na fronteira com o Brasil.
A notícia não surpreendeu o jornalista, que publica artigos no jornal El Mundo e critica as reformas comandadas pelo presidente Hugo Chávez.
Casado, pai de cinco filhos e com uma mãe em delicado estado de saúde, Villegas, irmão do ex-embaixador da Venezuela em Brasília, Vladimir Villegas, não pensou duas vezes e entrou na Justiça contra o Seniat, argumentando que o organismo não podia decidir, unilateralmente, seu destino.
– Sinto que esta decisão foi um castigo por minhas colunas de opinião.
Aqui existe uma tendência muito forte de pensar que cargos públicos só podem ser exercidos por aliados do governo – disse o jornalista.
O caso foi comentado pelos principais meios de comunicação do país. Semana passada, os tribunais de Caracas determinaram que o jornalista pode permanecer na capital do país até que o processo seja encerrado.
– No governo venezuelano existe uma manifesta aversão a jornalistas críticos. Também devo dizer que, nos últimos tempos, muitos setores da imprensa confundiram o papel que devem cumprir e atuaram como militantes políticos – comentou Villegas.
De fato, em abril de 2002, os principais meios de comunicação respaldaram o governo de Pedro Carmona, que durou apenas 47 horas, e evitaram denunciar o golpe de Estado que derrubara Chávez. No entanto, disse Villegas, a posição de alguns setores da imprensa não justifica a tentativa do governo de silenciá-los.
Prisão de até 30 meses para jornalistas que publicarem ‘ofensas’ ao presidente Depois de ter retornado ao Palácio Miraflores, o presidente venezuelano deu impulso a uma série de medidas interpretadas como ameaças à liberdade de expressão por ONGs locais e internacionais.
Em dezembro de 2004, foi aprovada a Lei de Responsabilidade Social de Rádio e TV.
Em março de 2005, a Assembléia Nacional aprovou a reforma do Código Penal, que estabeleceu pena de seis a 30 meses de prisão para quem "ofender de maneira grave" o presidente.
Paralelamente, Chávez controla dezenas de meios de comunicação estatais: dos oito canais de TV nacionais, quatro são estatais (Telesur, Venezolana de Televisión, Vive TV e o canal da Assembléia Legislativa). Existem, ainda, cerca de 150 jornais estatais. No ano passado, o presidente não renovou a concessão da RCTV, provocando repúdio mundial. Poucos meses depois, o canal de TV Globovisión foi ameaçado pelo governo, mas o presidente terminou optando por evitar um novo conflito.
– A sensação que temos é de que os chavistas, sobretudo o presidente, são hipersensíveis e não suportam qualquer tipo de crítica.
Mas nosso dever é continuar informando e também opinando – assegurou Villegas.
Para o diretor do jornal El Nacional, Miguel Henrique Otero, Chávez tem uma concepção comunista do papel dos meios de comunicação:
– Chávez criou um esquema de hegemonia comunicacional, termo usado pelos países comunistas, que busca controlar a informação que circula no país.
Segundo o diretor de um dos principais jornais do país, que publica artigos de dirigentes chavistas, o presidente busca prejudicar meios de comunicação opositores, considerados inimigos, "vetando a entrega de publicidade oficial e atacando, constantemente, nossas empresas".
Há cinco anos, o El Nacional, acusado por Chávez de ter participado do golpe de 2002, nada recebe de publicidade oficial.
Seus jornalistas não podem participar de entrevistas coletivas organizadas por funcionários do governo e tiveram sua entrada vetada no Palácio de Miraflores.
– Tentamos fazer nosso trabalho da melhor maneira possível. Em muitos casos pedimos ajuda a correspondentes estrangeiros, que fazem perguntas em nosso lugar nas coletivas do governo – comentou Otero.
Na visão da jornalista Gloria Bastidas, que colabora com vários jornais, "existe um clima de medo" entre os jornalistas. "Continuamos fazendo nosso trabalho porque nosso país tem uma profunda cultura democrática, e isso Chávez não conseguiu destruir".
– Quando surge uma denúncia, o governo ataca a imprensa e não responde às acusações – disse ela.
Segundo Gloria, "o caso RCTV foi um dos principais fatores da derrota de Chávez no referendo sobre seu projeto de reforma constitucional".
Equador
Depois de fechar três TVs, Correa ameaça rever concessão de 300 rádios O resultado da manobra chavista não parece ter assustado um de seus principais parceiros na região, o presidente do Equador, Rafael Correa, que semana passada ordenou a intervenção em três emissoras de TV e 195 empresas de um grupo financeiro que, segundo o governo, sacou dinheiro público de forma ilegal para tentar salvar um banco. Correa pretende rever as concessões de 300 rádios e TVs do país.
Na visão de Paul Bonilla, professor de comunicação da Universidade Central do Equador, "existe uma atitude hostil do governo em relação aos meios de comunicação, foi assim desde o primeiro dia de gestão, mas é exagerado compará-lo com Chávez": – Também é importante dizer que os meios de comunicação adotaram uma atitude muito dura com o governo de Correa – disse Bonilla.
– O presidente optou por desafiar os meios de comunicação, mas não está cometendo um delito, juridicamente sua atuação é correta. É uma decisão política, outro governo talvez não fizesse nada e buscasse um acordo com a imprensa.
Para ele, "o principal objetivo de Correa é silenciar meios opositores e garantir um triunfo no referendo sobre a reforma constitucional".
***
Internet livre, mas restrições nas bancas
Vivian Oswald, de Moscou
Good night, and bad luck! A frase ("boa noite e má sorte", em português) é a manchete da última edição do irreverente jornal russo publicado em inglês The eXile. A frase é um trocadilho com o nome do filme dirigido por George Clooney, Good night, and good luck! ("Boa noite, boa sorte", no Brasil). O complemento é ainda mais provocador: "Em um país aterrorizado por seu governo, um jornal ousou zombar da sua cara". O periódico quinzenal, que existia há 11 anos, teria sido fechado pouco após receber visitas de agentes do serviço de segurança.
Entre os motivos estaria seu relacionamento com o escritor oposicionista Eduard Limonov, cujos artigos vinham sendo publicados com destaque. O periódico também teria sido enquadrado no artigo 4º da Lei de Mídia, que prevê punições para a apologia do extremismo, da pornografia e das drogas.
A notícia do fim do The eXile veio poucos meses depois de o tablóide Moskovski Korrespondent ter saído de circulação, após publicar matéria de capa sobre o suposto relacionamento do ex-presidente Vladimir Putin com uma ex-ginasta e deputada com metade da sua idade. Mas veio também poucas semanas depois de este mesmo jornal reabrir as portas e de seu diretor-geral dizer que o periódico teria aprendido "com os erros do passado e terá mais responsabilidade ao escolher matérias para publicação".
Para especialistas, falta institucionalização do país
Esta semana, o eXile voltou a funcionar, mas só em versão eletrônica. Na página inicial, há uma carta do editor do jornal contando como foi a visita das autoridades, e explicando que agora o jornal terá como foco os EUA, e não mais a Rússia, onde só terá um funcionário.
Em outro episódio, a morte da jornalista Anna Politkovskaya, do Novaya Gazeta, completa dois anos em outubro e, embora as autoridades acabem de anunciar o indiciamento de quatro envolvidos no crime, ainda está longe de ser esclarecida. O editorchefe do jornal diz que foram vazadas informações das investigações para facilitar a fuga dos responsáveis.
A situação da imprensa na Rússia hoje preocupa especialistas e é alvo de críticas. Mas, por mais paradoxal que pareça, não se pode dizer que não há liberdade de expressão. Analistas garantem que a imprensa nunca foi tão livre. A editora da revista Pro et Contra do Centro Carnegie de Moscou, Maria Lipman, garante que há jornais e rádios mostrando uma realidade que os canais de TV – que pertencem ao Estado ou a grupos ligados ao governo – não ousam.
Na internet ainda mais. O problema é a falta de repercussão.
– Liberdade existe sim. A imprensa nunca foi tão livre na Rússia. Mas não existe a institucionalização da imprensa. Este governo ficou conhecido pela desinstitucionalização em geral.
Segundo Lipman, reportagens negativas ou críticas não ecoam no país. Um deputado da Duma (câmara baixa do Parlamento), ao ler sobre problemas no atual governo, não aprofundará a discussão na Casa, muito menos tentará levar as investigações adiante.
– O Parlamento está completamente dominado pelo Kremlin. O mesmo acontece no Judiciário. Ninguém vai investigar a situação. É preciso fortalecer as instituições.
Jornais são, em sua maioria, influenciados por prefeituras
Em recente entrevista, o presidente Dmitri Medvedev disse que a Rússia não tem "controles especiais sobre a mídia diferentes dos que existem em outros países". Desde que assumiu o poder, há dois meses, prometeu zelar pela liberdade de expressão.
No pacote anticorrupção que está em estudo, cogita-se dispensar a jornalistas, durante a apuração de pautas espinhosas, a mesma proteção que se dá a testemunhas de crimes.
O fato é que a informação existe, mas não chega às pessoas.
A internet nunca teve qualquer restrição. Considerada uma arena importante de debate, é usada por pouco mais de 10% da população, em sua maioria jovens das grandes cidades.
Além disso, nem todos lêem jornais.
E a TV, que, segundo o sociólogo Denis Volkov atinge a maioria esmagadora da população, sobretudo no campo, mostra uma realidade mais filtrada.
Outro problema seria a preferência popular pelos periódicos locais. Segundo a edição de junho da revista especializada Jornalista, a maior parte da mídia regional e até 80% dos jornais municipais da Rússia continuam sendo públicos ou ligados a órgãos municipais, o que se reflete na sua política editorial.
Acabam sendo patrocinados por fundos regionais ou pelo orçamento municipal. Em outras palavras, na Rússia existe um grande número de publicações periódicas que estariam fora das relações de mercado.
Apesar de seus defeitos, o mercado russo de periódicos é enorme e crescente. Em 2007, foram US$ 2 bilhões, cerca de 30% a mais do que em 2005. Muitas empresas estrangeiras lançaram suas versões em russo, como a Newsweek, a Elle, a Vogue, a Cosmopolitan e a National Geographic. E um dado curioso: pesquisa do Centro VTsIOM mostra que 58% dos entrevistados são favoráveis à censura da imprensa no país.
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Imprensa controlada apesar das promessas
Gilberto Scofield Jr., de Pequim
A menos de um mês de a China protagonizar o tão esperado espetáculo das Olimpíadas – período durante o qual Pequim jurou dar "total liberdade" para os jornalistas estrangeiros que trabalham no país –, o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC) mandou uma carta ao Ministério das Relações Exteriores condenando o aumento da censura na mídia estatal e cobrando a promessa de "permitir, sem qualquer restrições, que repórteres viajem para onde quiserem e entrevistem quem concordar em dar declarações à imprensa".
Segundo a carta ,estes dois princípios estão incluídos na regulamentação sobre a cobertura internacional das Olimpíadas (que expira em outubro, após as Paraolimpíadas), mas não estão sendo obedecidos pelo governo, que continua proibindo jornalistas estrangeiros de viajarem a regiões de conflito no país, como o Tibete e a província de Xinjiang (de maioria muçulmana), bem como entrevistar presos políticos confinados em suas casas durante os Jogos.– O governo chinês ainda não cumpriu a promessa de dar completa liberdade para reportagem e há sinais contraditórios de que esteja disposto a fazê-lo – afirmou o presidente do FCCC, Jonathan Watts.
Jornais servem como forma de propaganda do regime
A não obediência de Pequim às promessas de liberdade de imprensa feitas aos jornalistas estrangeiros por conta dos Jogos ilustra com perfeição a relação conflituosa do Partido Comunista da China (PCC) com a informação.
Richard Baum, diretor do Centro de Estudos Chineses da Universidade da Califórnia, afirma que os jornais estatais chineses funcionam como propaganda do governo, o que ajuda a legitimar um regime ditatorial num país sem eleições.
E num momento em que os holofotes do mundo estão voltados para Pequim, o governo está assustado com a exposição e procura de todas as formas impedir que a mídia estrangeira mostre com fidelidade um país cheio de virtudes e defeitos. Ainda assim, diz ele, o jornalismo investigativo cresce:
– O jornalismo investigativo está se impondo na China, menos por conta do esforço individual da imprensa tradicional e mais pela rapidez com que as informações hoje se espalham nas salas de discussão da internet, o veículo mais temido. As autoridades não podem mais ignorar as denúncias debatidas por milhões. Mas também não podem deixar a imprensa ir fundo em tudo. Este é o dilema – diz Baum.
Na segunda-feira passada [14/7], a ONG Human Rights Watch afirmou que as autoridades estão ameaçando retirar as credenciais de correspondentes estrangeiros baseados na capital se estes produzirem reportagens que "manchem a reputação do país".
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A imprensa sob pressão econômica
Marília Martins, de Nova York
Como vão as relações entre o governo Bush e a mídia? Conturbadas, como sempre.
Mas, em tempos de baixa popularidade, o presidente, que depois do 11 de Setembro tinha mais de 80% de aprovação e hoje mal atinge os 20%, já não consegue dar as cartas na cobertura da imprensa como antes.
Joshua Friedman, professor da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia, em Nova York, e presidente do Committee to Protect Journalists, acredita que a pressão sobre a imprensa exercida pelo governo Bush tomou outra forma devido à queda de popularidade do presidente: agora, durante a campanha presidencial, haverá forte pressão econômica sobre a mídia, por causa das altas verbas de publicidade das organizações políticas por trás de cada candidato, especialmente dos republicanos:
– Os republicanos sempre foram conhecidos pela capacidade de levantar grandes somas de dinheiro em favor de suas campanhas. Desta vez, com Bush sem os poderes quase imperiais que tinha antes, os grupos de ativismo político tendem a tomar a frente e pressionar a cobertura para favorecer seu candidato – explica Friedman.
Mesmo assim, ele acredita que não haverá condições de repetir a quase unanimidade obtida por Bush depois do 11 de Setembro. Friedman acha que a opinião pública exige atualmente que a mídia seja mais crítica do presidente. Segundo ele, após os atentados a mídia se viu diante de uma opinião pública preocupada em defender seu país e confundindo a crítica ao governo com antiamericanismo.
– Quem criticava a luta contra o terror era considerado antipatriota. Agora, decididamente, a opinião pública mudou. E o principal motivo desta virada não foi a guerra do Iraque, e sim a ineficiência do governo diante do furacão Katrina. Naquele momento, os americanos perceberam que o governo Bush não cumpria a promessa de proteger os cidadãos americanos – avalia.
Tentativa de cooptar a imprensa alternativa
Vencedor do prêmio Pulitzer de Jornalismo, Friedman acha que não haveria mais condições, hoje, para um caso como o de Judith Miller, que virou marca do que ele chama de "jornalismo neocon". Miller era uma das principais repórteres de política do jornal The New York Times e assinou uma série de reportagens que "provavam" que havia armas de destruição de massa no Iraque, justificando portanto a guerra. Ela se desmoralizou não apenas quando veio à tona a falsidade das informações que publicava, como também quando foi acusada de participar do vazamento da informação de que Valerie Plame, mulher de Joseph Wilson, um dos principais críticos da estratégia de Bush para o Iraque, era agente da CIA.
O jornal acabou por desculpar-se com os seus leitores e Judith Miller foi condenada a seis meses de cadeia. Segundo Friedman, o caso Miller é emblemático de uma período em que as relações entre a mídia e as fontes governamentais foram promíscuas e boa parte do jornalismo americano perdeu sua independência diante de um Executivo superdimensionado, que tinha o apoio irrestrito das grandes corporações.
– O primeiro governo Bush ficará conhecido como o período de ouro de Karl Rove, seu principal estrategista de mídia e arquiteto de suas duas vitórias eleitorais. Rove foi o responsável pelo ambiente de intimidação que fez com que a mídia alternativa praticamente desaparecesse.
Hoje, as grandes corporações tentam incorporar os blogs bem-sucedidos, como o Huffington Post, porque sabem que não podem mais ignorar a imprensa alternativa, que interessa cada vez mais à opinião pública descontente – avalia Friedman.
– Hoje, o segundo governo Bush e a mídia parecem um casal que passou tempo demais junto, que não suporta mais olhar a cara um do outro.
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Relações perigosas de um presidente com a mídia
Deborah Berlinck, de Paris
Uma charge no jornal Le Monde diz tudo: Nicolas Sarkozy, presidente da França, sentado diante de uma tela de computador pesquisando uma página na internet que dizia: "método chinês, livro de instruções". E o comentário do presidente: "Agora só falta controlar a internet".
Para muitos jornalistas franceses, a imprensa local sofre hoje o "efeito China". Isto é, está sob controle do Executivo, em particular, do presidente do país.
– Dizem que a França é um país democrático, livre... Mas o poder sempre tentou controlar a imprensa. Os jornais franceses não têm a mesma liberdade que os alemães ou os americanos – constata François Malye, jornalista do Le Point.
Malye comanda o Fórum de Sociedades de Jornalistas (FSDJ), que reúne profissionais de 27 redações na França, como Le Monde, Agence France Presse, Paris Match, Le Figaro e outras. Para ele, com Nicolas Sarkozy, a mídia da França vive uma "regressão democrática". Razão principal por trás disso: a crise financeira na imprensa.
– Quando o presidente da República decide nomear pessoalmente o presidente da France Télevisions é uma regressão democrática – diz ele, referindo-se à entidade que reúne as TVs públicas.
Amizade íntima com os magnatas da imprensa
O controle de Nicolas Sarkozy sobre a imprensa começa com suas relações pessoais.
Ele é amigo íntimo dos empresários que controlam a imprensa francesa. Martin Bouygues, dono da principal rede de televisão francesa, TF1, é padrinho de seu filho Louis.
Bernard Arnault, dono do grupo LVMH e do jornal Les Échos, foi padrinho de seu segundo casamento, com Cecília, mãe de Louis. Arnaud Lagardère, dono do grupo Hachette – Le journal du dimanche, Paris Match, Parisien – se descreve como um "irmão" do presidente. E foi no iate de Vincent Bolloré, do grupo Bolloré, rei da imprensa gratuita, que Sarkozy e a família passaram uns dias de férias logo após as eleições.
A relação de Sarkozy com eles não se limita ao social. O presidente foi associado à controversa demissão do principal âncora da rede de televisão TF1, Patrick Poivre-d’Arvor (PPDA), quando, numa entrevista, o jornalista perguntou se, ao participar pela primeira vez de uma reunião do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia), Sarkozy não se sentia como um "pequeno que entra na sala dos grandes". Sarkozy, que é sensível à sua baixa estatura, não teria gostado. Sarkozy teria pedido a Bouygues que pusesse no lugar de Poivre-d’Arvor a louríssima Laurence Ferrari, de 41 anos. Ela tem reputação de boa jornalista, mas teria sido vista jantando com o então recém-divorciado presidente em novembro passado.
As intromissões de Sarkozy na mídia são conhecidas. Mal foi eleito presidente, ele pediu ao dono da TF1 para empregar o diretor-adjunto de sua campanha eleitoral, Laurent Solly, na direção estratégica da rede, o que foi feito. E o presidente costuma dar sua opinião sobre os programas que quer ver na televisão.
– Há uma vontade de controle de Nicolas Sarkozy sobre a mídia. Nós temos que reagir. É urgente – alertou o produtor Nicolas Traube durante um protesto no início de julho que reuniu, em Paris, sindicatos de produtores, autores e sociedades de jornalistas.
Lei para mudar a proteção às fontes jornalísticas
O que preocupa os jornalistas é que as regras que garantem, hoje, a independência da mídia estão sob ataque nos últimos meses. Exemplo: a reforma do audiovisual público. No dia 8 de janeiro, Sarkozy anunciou o fim da publicidade nas TVs públicas e a reorganização da France Télévisions, grupo que reúne as redes de TV pública (F2, F3, F4 e F5). O texto da lei sobre proteção de fontes dos jornalistas, que vai ser discutido no Senado em setembro, já anuncia uma batalha.
A ministra da Justiça, Rachida Dati, já disse que o segredo das fontes dos jornalistas "não pode ser absoluto".
Para Malye, do Fórum das Sociedades de Jornalistas, o grande problema é que nem Sarkozy nem seus amigos industriais e do mundo financeiro que controlam a imprensa entendem que a única forma de salvar a imprensa da crise financeira é mantê-la independente.
Outros grupos industriais, como operadores de telefone, para quem informação é um setor estratégico, estão se movimentando para entrar como acionistas nos grupos de imprensa. Isso agrava o problema, diz Malye.
– Quanto menos formos independentes, mais o público francês, que é um público bem informado, vai nos abandonar, e agravar ainda mais o problema econômico da mídia – diz.
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Resistência ao rolo compressor Berlusconi
Vera Gonçalves de Araújo, de Roma
A revista americana Index on Censorship todos os anos premia jornalistas corajosos que conseguiram driblar a censura, e designa também o ganhador do prêmio Serviços Prestados à Censura: em 2002, o premiado foi o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que na época chefiava o seu segundo governo. Para a revista, o prêmio se justificava porque, como magnata da mídia, Berlusconi estava prestes a conseguir influir também no conselho da emissora estatal RAI, conquistando assim o controle de 90% do mercado televisivo nacional.
Seis anos e duas eleições parlamentares mais tarde, a influência do Cavaliere – o apelido que a imprensa criou para Berlusconi – só não chegou ao controle total da mídia pela resistência de alguns grupos editoriais e de um punhado de jornalistas que não se rendem ao seu sorriso, às suas piadas e ao seu dinheiro.
A resistência dos jornalistas tem seu foco nos três jornais mais vendidos no país – La Repubblica, Corriere della Sera e La Stampa. Contra a "impertinência" de seus repórteres, Berlusconi não perde ocasião de reclamar.
Como aconteceu no começo da última campanha eleitoral para renovar Câmara e Senado, em abril. Na primeira coletiva da campanha, Berlusconi dedicou aos jornalistas que falavam da sua idade (71 anos) e de seus achaques – poucos dias antes ele desmaiara depois de um comício – uma banana, filmada e transmitida por todas as TVs. Seus eleitores vibraram.
A "gentileza" do Cavaliere não mudou depois da vitória esmagadora do seu partido. Seu primeiro ato público depois da reeleição foi uma coletiva junto com o amigo Vladimir Putin.
Quando a jornalista russa Natalia Melikova fez a Putin uma pergunta a respeito dos boatos sobre seu divórcio, o presidente russo deu uma resposta gélida, enquanto Berlusconi imitava o gesto de metralhar a jornalista, que saiu da sala aos prantos.
Ameaça de prisão para divulgação de grampos
O mais recente ato dessa guerrilha entre o premier e a imprensa é a ameaça de aprovar uma lei que condena a cinco anos de prisão jornalistas e editores que publicarem textos de interceptações telefônicas ou outros documentos sigilosos vazados pela polícia ou pela magistratura.
A ameaça de limitar a liberdade de imprensa foi feita horas depois da publicação, no semanário L´Espresso, de um grampo em que Berlusconi pedia ao diretor de produção das novelas da RAI para dar trabalho a moças amigas suas, ou amigas de amigos e de ex-inimigos.
O resultado é que nenhum jornal italiano teve a coragem – até agora – de publicar o texto de novos grampos que circulam em Roma com conversas íntimas e comprometedoras de Berlusconi com uma das suas ministras, Mara Carfagna, ex-apresentadora de uma de suas TVs.
Por enquanto, o chefe do governo italiano conseguiu amordaçar os "impertinentes".
terça-feira, 22 de julho de 2008
Concurso com 28 vagas e salário até R$ 3.369,60
Assembléia Legislativa do ES reabre inscrições para jornalistas
Foram reabertas as inscrições para o concurso da Assembléia Legislativa do Espírito, com 28 vagas para o cargo de técnico em comunicação social. São duas vagas para editor de texto, uma vaga para produtor de Jornalismo e vídeo, uma vaga para supervisor técnico de TV, uma vaga para supervisor de programação, uma vaga para operador de computação gráfica, uma vaga para editor geral de notícias, uma para produtor geral de notícias, três para repórter, uma para diretor de criação, três vagas para repórter / apresentador, três para repórter cinematográfico / operador de câmera de unidade portátil, duas para assistente técnico de supervisão, duas para editor de imagens, duas para operador de controle mestre, duas para repórter fotográfico, uma para editor de áudio e uma para locutor / apresentador.
Os salários vão até R$ 3.369,60. As inscrições reabriram nesta segunda-feira, 21 de julho, e seguem abertas até 12 de agosto. Edital e outras informações em http://www.nce.ufrj.br.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Da safra dos títulos categóricos e complexos
Ditirambo semanal
domingo, 20 de julho de 2008
A ordem dos fatores altera o resultado
sábado, 19 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Jornalismo google
Ator pretende processar jornal italiano
Do Comunique-se
O ator Daniel Dantas pensa em processar o jornal italiano La Stampa, é o que informa a Coluna do Ancelmo Góis, no O Globo desta quinta-feira (17/07). Na edição do último sábado (12/07), a foto do ator foi publicada no lugar do seu homônimo, dono do banco Opportunity, preso durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal.
“No começo, até achei graça. Mas depois, pensei no prejuízo da minha imagem na Itália, onde ninguém me conhece”, disse o ator à coluna.
O mesmo erro foi cometido pelo jornal Diário do Sul da Bahia. Na edição de 09/07, o jornal baiano confundiu os Dantas e publicou a foto do ator junto com as do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do investidor Naji Nahas, presos pela PF.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Serviço de utilidade pública
Erramos: Xuxa está morando com Luciano Szafir, no Rio
da Folha Online
Diferentemente do publicado em Xuxa está morando com Luciano Szafir, no Rio, no tópico "Negão", o cachorro da ex-"BBB" Íris mora em Uberlândia (MG), e não em Uberaba. O texto já foi corrigido.
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Ainda bem. Sem esta correção, ficaríamos desnorteados. Acima, a casa recém-comprada pelo cachorro da Íris.
Asas da aranha, tentáculos do morcego, patinhas do polvo...
Folha ataca Protógenes para proteger a mídia
Glauco Faria - Revista Fórum
A edição de domingo da Folha de S. Paulo evidencia o que se pode chamar, bondosamente, de extrema má vontade em relação ao delegado reponsável pela Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz. São duas matérias que tentam estigmatizá-lo como alguém que maltrata o português, é vaidoso e – talvez o mais importante para o jornal -, acusa a mídia de ser manipulada sem apresentar provas. Outra matéria ainda fala que os “excessos” de Protógenes estariam constrangendo a cúpula da Polícia Federal, que poderia rifá-lo por conta disso.
Na página A12 da edição São Paulo, um texto com o título “Delegado infere 'manipulação' da mídia sem provas” dá voz a todos os jornalistas que são mencionados no relatório da PF. A maioria é apenas citada, segundo a reportagem, não se imputando qualquer tipo de delito. Apenas a repórter do próprio jornal, Andréa Michael, teve a prisão pedida (e negada) por vazar informações sigilosas, o que poderia tipificar crime, mas que o diário trata apenas como fruto da “contrariedade” do delegado. Curioso que a mesma matéria cita erros de nomes colocados ali, enquanto no texto ao lado, de autoria de jornalistas da Folha, o nome do juiz federal De Sanctis é grafado como “De Sancits”. Erro de digitação que deixa claro que isso não invalida nem o relatório e nem a reportagem do jornal.
Já na página A9 o delegado é ridicularizado, dizendo-se que o relatório é escrito em “linguagem truncada e português precário”. Novamente, a tentativa de desvio de foco. O que talvez o jornal não saiba é que não se recomenda, em relatório policial, o uso de linguagem rebuscada ou grandiloqüente, buscando-se sempre ser conciso e claro. Erros eventuais acontecem em qualquer material que não passa por revisão e/ou que é muito extenso e exige ser concluído de forma célere. A própria Folha deve saber disso, se não souber, basta analisar suas edições diárias, repletas de erros de toda ordem.
Curioso de fato esse movimento do diário paulistano. Para se defender, ataca o delegado e ainda se alia a outros jornalistas e pseudo-jornalistas. No mínimo, curioso...
Em tempo. Na mesma edição de domingo, Elio Gaspari ataca o deputado petista Henrique Fontana por ter se posicionado contra “essa norma de habeas corpus que acaba favorecendo os ricos e prejudicando os pobres”. Curioso é que, na página 2, a colunista Eliana Cantanhêde segue Fontana e pinta com cores mais fortes a crítica do petista, pedindo para que se “mude a lei”. Seria também ela demagógica e igualzinha aos coronéis da ditadura, Gaspari?
terça-feira, 15 de julho de 2008
Ferrou
Flagrou
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Hay trabajo
Do Repórter S/A
Greenpeace admite assessor de imprensa em Manaus
Empresa: Greenpeace Brasil
Local: Manaus - AM
Cargo: Assessor de Imprensa (1 vaga)
Exigências: Superior completo em Jornalismo, inglês fluente, excelente redação em português e inglês, boa rede de contatos na mídia, domínio de editor de texto, planilhas eletrônicas e navegadores de internet, desejável conhecimento de Photoshop, disponibilidade para viagens, proatividade, e comprometimento com causas ambientais
Contato: cv@br.greenpeace.org (Enviar currículo até 15/08. No campo assunto, colocar "Assessor de Imprensa")
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Grupo Estado contrata repórter para editoria de Geral
Empresa: Grupo Estado
Local: São Paulo - SP
Cargo: Repórter (1 vaga)
Exigências: Possuir MTB, Inglês fluente, experiência em reportagem e edição, preferencialmente em Cidades
Horário de trabalho: 11h às 18h
Contato: rh.redacao@grupoestado.com.br (No campo assunto, colocar "Geral")
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Grupo Estado seleciona repórter para editoria de Cidades
Empresa: Grupo Estado
Local: São Paulo - SP
Cargo: Repórter (1 vaga)
Exigências: Possuir MTB, inglês fluente, experiência em reportagem, preferencialmente na área de urbanismo
Horário de trabalho: 14h às 22h
Contato: rh.redacao@grupoestado.com.br (No campo assunto, colocar "Cidades")
domingo, 13 de julho de 2008
O relatório do dotô delegado
Delegado acusa parte da mídia de servir a Daniel Dantas
Folha de São Paulo
O relatório final da Operação Satiagraha, assinado pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Pinheiro de Queiroz, diz que os supostos grupos criminosos do banqueiro Daniel Valente Dantas e do investidor Naji Robert Nahas "manipulam" a mídia. As supostas conversas, parte da atividade dos jornalistas, são o único "indício" apontado por Queiroz.
O relatório diz também que Roberto D'Ávila, da "TVE Brasil", recebeu R$ 50 mil em 2007 de Nahas. D'Ávila disse ontem à Folha que a remuneração se deve a trabalho feito pela sua empresa, a CDN, uma pesquisa de opinião sobre a imagem de Nahas na mídia.
"Até que gostaria, mas nunca entrevistei Nahas ou Dantas no meu programa", disse D"Ávila, que não foi ouvido pelo delegado. Ao citar outros jornalistas, Queiroz errou dois nomes. E não ouviu nenhum jornalista, antes ou depois do relatório.
O documento se refere à jornalista da Folha Andréa Michael como "integrante da organização criminosa", "travestida de correspondente da [sic] jornal Folha de São Paulo na cidade de Brasília". Michael foi autora de reportagem, em abril, que antecipou, com exclusividade, a operação da PF. O delegado ficou contrariado com a revelação e registrou isso no relatório. Pediu também a prisão temporária de Michael e busca e apreensão em sua casa, ambos negados pelo juiz.
Em nota, o jornal disse que "a Folha de S.Paulo repele insinuações de que o comportamento da repórter Andréa Michael não tenha sido correto. A repórter apurou fatos de notório interesse público relatados em texto publicado pela Folha em abril". A nota dizia ainda que "tentativas de envolver a profissional da Folha no inquérito só podem ser entendidas como esforço inútil de intimidar a equipe de reportagem do jornal e retaliar quem cumpriu com sua obrigação". Michael é repórter da Sucursal da Folha em Brasília há oito anos.
O delegado escreve ainda que as revistas "IstoÉ Dinheiro" e "Veja" estão "a serviço do grupo de Dantas." Cita os colunistas Diogo Mainardi e Lauro Jardim. Este teria feito uma reportagem -"Rumo à Supertele"- considerada "favorável" a investigados. Procurado pela Folha, Mainardi comentou: "É uma citação bisonha, uma patetice que infelizmente pode colaborar para que quadrilheiros escapem". Jardim afirmou: "A reportagem citada é jornalisticamente impecável".
O delegado citou ainda Leonardo Attuch, editor da "IstoÉ Dinheiro" e colunista da "IstoÉ", que teria feito "artigos jornalísticos "encomendados'". Attuch disse, por e-mail: "É mais uma tentativa de intimidação. Como jornalista, tenho direito de entrevistar o presidente ou um presidiário, sem preconceito. Sou alvo de leviandades da PF desde 2004".
Queiroz diz que jornalistas falam "quase diariamente" com Nahas com a intenção de "reunir-se com o maior número de formadores de opinião para "dar a sua versão da história'". O investidor teria "contatado" Vera Brandimarte, do "Valor Econômico", Paulo Andreoli, Thomas Traumann, da "Época" -chamado pelo delegado equivocadamente de "Talman"-, Elvira Lobato e Guilherme Barros (chamado de "Bastos"), da Folha, e João Saad, da "TV Bandeirantes".
Elvira viaja à China e não pôde ser ouvida. Barros disse estar surpreso com a citação, pois só teve um encontro com Nahas em sua carreira, "para tratar de assuntos estritamente jornalísticos e devidamente informados à Folha".
Brandimarte disse que nunca falou ou esteve com Nahas. Disse ser "nada mais do que natural" que seu nome esteja na relação de profissionais de negócios, pois dirige a redação de um dos principais jornais econômicos do país. Traumann disse que "nunca" falou com Nahas e que a menção a seu nome é "estúpida".
sábado, 12 de julho de 2008
Filosofia do direito torto
É fantástico: o fato e a explicação do colunista do Diário do Sul Bahia, de Itabuna
Daniel, que Daniel?
Daniel Thame - 11/07/2008
Do site de humor KibeLoco ao respeitado jornal Folha de São Paulo, passando por sites e blogs de todo o Brasil, o Diário do Sul Bahia foi destaque ontem.
Os 15 minutos de fama não foram fruto de um furo jornalístico, daqueles com que toda a imprensa nanica sonha para, ainda que momentaneamente, romper a intransponível barreira que a separa da grande mídia.
Por um desses descuidos inacreditáveis em sua edição de quarta-feira, ao noticiar a prisão do banqueiro Daniel Dantas, o jornal tascou a foto do ator Daniel Dantas.
A explicação para a trombada é simples: o diagramador do jornal, ao capturar na internet uma foto do Daniel Dantas banqueiro nem se deu conta de que existe o ator homônimo, certamente por não ser dado a preocupações com economia e com o mundo das novelas.
O editor no jornal, na clássica pressa de mandar as páginas para impressão, e muito provavelmente enfastiado de ter que agüentar um outro Daniel cometendo suas aleivosias diariamente neste espaço, deixou passar batido.
O que é um Daniel, outro Daniel e mais outro Daniel quando se tem colocar o jornal nas bancas no dia seguinte e a edição não se resume ao banqueiro, ao ator e muito menos ao jornalista, que agora quer por que quer entrar nessa história, em busca de, ao menos, alguns milésimos de segundos de fama.
A explicação pode ser simples, mas a repercussão daquilo que nos tempos de antanho a gente chamava de barrigada, foi monumental.
Com Daniel Dantas, o banqueiro, pipocando nas manchetes do mundo todo e Daniel Dantas, o ator, fazendo um papel que não era dele nas páginas do Diário do Sul, a reprodução da página do jornal foi parar nos sites baianos, dali para os sites nacionais, incluindo os de humor, até pousar na Folha de São Paulo, na companhia de publicações do calibre do New York Times, The Washington Post, Financial Times, The Wall Street Jornal, China Daily, O Globo, O Estado de São Paulo e outros menos votados. Ou menos lidos.
Ô glória inglória!
De mais a mais, o pecadilho tem lá sua justificativa, meio chocha, mas tem.
Daniel Dantas, como todos sabem (menos o nosso diagramador) é um banqueiro inescrupuloso, daqueles que se não vendem mãe, botam até a mulher como `laranja`.
E Daniel Dantas, o ator, na novela Ciranda de Pedra, da Rede Globo, interpreta um empresário inescrupuloso, que corrompe políticos e prende a mulher com corrente e cadeado.
Com um pouco de boa vontade (pensando bem, com uma dose cavalar da boa vontade!) faz até sentido.
Quando essa barafunda toda passar, terá ficado apenas uma situação prosaica, engraçada, daquelas que estarão em qualquer compêndio que se faça sobre a imprensa grapiuna.
Nada que afete o aquecimento global, segure a inflação ou que faça alguns de nossos políticos e empresários se tornarem sujeitos honestos, porque este jornal pode até, involuntariamente, fazer graça.
Mas não faz milagres.
Daniel Dantas, ops, Thame
sexta-feira, 11 de julho de 2008
Exercitemos a criatividade com o box da Zero Hora de hoje
quinta-feira, 10 de julho de 2008
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Pulando a cerca com os olhos
Título da EGO: Natália Casassola lança sua edição da 'Playboy' sob o olhar atento do namorado
Subtítulo: Cassiano Lamaison Gonçalves acompanha a noite de autógrafos da gaúcha com cara de poucos amigos
Legenda: Elegante, Natália chega cercada de coelhinhas e com o namorado ao fundo
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Atento ele está é ao traseiro e peitos da coelhinha loura. Cara de poucos amigos, mas com olhos gulosos. E como o namorado pode estar ao fundo se ele está ao lado da Natália? No fundo da loira?
Das salas de aula à Casa Tansa
Casa Branca pede desculpas a Berlusconi por biografia copiada da internet
Gafe ocorrida durante a reunião do G8 no Japão mostra o perigo de se utilizar textos da internet sem prestar atenção a seu conteúdo. Uma biografia do premiê italiano Silvio Berlusconi divulgada junto com a documentação distribuída aos jornalistas que acompanhavam à cúpula o presidente americano, George W. Bush, trazia críticas ao primeiro-ministro e aos costumes políticos do país europeu.
“Silvio Berlusconi é um dos dirigentes mais controvertidos da história de um país famoso por sua corrupção governamental”, afirmava o texto. O material continha ainda trecho que dizia que “Berlusconi é considerado por muitos um político amador que chegou ao gabinete usando sua considerável influência sobre a mídia nacional, até ser forçado a sair do cargo em 2006″.
“A primeira coisa que fiz quando fiquei sabendo do caso (pela imprensa italiana na segunda-feira) foi ligar para Tony Fratto (porta-voz da Casa Branca)”, explicou o porta-voz da embaixada da Itália em Washington, Luca Ferrari. ” Disse a ele que isso era inaceitável, que exigíamos a retirada imediata da biografia e um pedido de desculpas formal”, acrescentou.
Como reporta a agência AFP, a Casa Branca se desculpou. “Um erro foi evidentemente cometido pelas pessoas responsáveis pelo recolhimento do material, e apresentamos nossas desculpas mais sincceras ao primeiro-ministro e aos italianos”, declarou Fratto. “Alguém foi na internet, imprimiu biografias sem lê-las e colocou os textos na documentação. Nosso erro foi presumir que eram fontes respeitáveis”, explicou o porta-voz, ele mesmo descendente de italianos. “A Itália é um país amigo e aliado dos Estados Unidos”, acrescentou. “Estamos entre amigos, é óbvio que eles não fizeram isso de propósito”, concordou Luca Ferrari.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Teleafônica mata a internet espiatória cujo corpo jaz inerte no chão do coração da Xuxa
Circo da Notícia
APAGÃO DA TELEFÔNICA
Por que parou? Parou por quê?
Por Carlos Brickmann em 8/7/2008 Observatório da imprensa
A Telefónica de España, mamute internacional das telecomunicações, deixou seu sistema de internet de banda larga fora de operação por mais de 24 horas. O estado de São Paulo praticamente parou. Motivo da parada: um problema raro e complexo, na definição do presidente da filial brasileira da empresa. Qual problema? Até o momento em que esta coluna era escrita, 48 horas depois do apagão, não se sabe.
Mas isso já passou. Como evitar que outros problemas desse tipo prejudiquem seu trabalho? A maior concorrente da empresa espanhola é a NET, com forte presença mexicana. Como funciona a NET? Bella Zilbovicius, assídua leitora desta coluna, conta como é: em novembro último, fechou com a NET um plano completo, com vários pontos, praticamente todos os canais, internet com banda larga e telefone. Como brinde, a NET lhe deu um canal de futebol aberto (ela nem notou: não acompanha futebol). Mas o brinde, diziam as letras pequenas, só valia por um mês: de lá para cá, vinha sendo cobrado, e bem cobrado.
Telefonou para a NET e aconteceu aquele fenômeno tão conhecido: longa demora para ser atendida, fornecimento de todos os dados cadastrais, mais o endereço da bisavó do vizinho, apenas para que o atendente "possa estar transferindo" sua ligação. O novo atendente pede tudo de novo e transfere mais uma vez a ligação, até que a linha caia.
E aquelas pequenas geringonças que, ligadas ao computador, dão acesso rapidíssimo, em 3G, seja lá isso o que for, à internet? Maria Alice Maluf, jornalista, cansou de ser mal atendida pela Vivo – que, por sinal, é controlada pela Telefónica, que também controla a TIM; já a Claro é ligada à NET (em outras palavras, não há grande alternativa). Decidiu comunicar à Anatel o mau atendimento.
Pois não é que o atendimento da Anatel foi ainda pior? A atendente morreu de rir com o problema e disse que iria "estar transferindo" a ligação para o sr. Milton (sobrenome? Ela diz que não sabe), e o telefone toca até cair a linha. O problema se repetiu por vários e vários dias.
Traduzindo: nós, que vivemos de comunicação, não temos como driblar as falhas de quem deveria cuidar da telecomunicação. Mudam os defeitos, o atendimento é sempre ruim. A propósito, leia direitinho o contrato com as empresas que fornecem banda larga: a velocidade é apenas indicativa. A empresa fornecedora pode, dentro do contrato, fornecer apenas 10 ou 20% do combinado. E você, caro colega, só pode, dentro do contrato, pagar os 100% combinados.
Os números, os números
Os bombeiros estavam sem contato, as delegacias não podiam registrar boletins de ocorrência, boa parte dos bancos nem aceitava pagamentos, todo o estado vivia o tumulto da falta da internet. O presidente da Telefónica, Antônio Carlos Valente, dizia que o problema tinha começado ao meio-dia. E nenhum repórter o contestou. Na verdade, às nove da manhã estava tudo parado e a Telefónica informava que o problema estaria resolvido ao meio-dia. No escritório deste colunista, o último e-mail foi recebido por volta de duas da manhã. Ou seja, o presidente da companhia, sem que ninguém da imprensa reclamasse, transferiu o início do problema para dez horas depois. Assim, quem sabe, poderia informar às autoridades que o problema tinha durado dez horas a menos até ser consertado.
Já os call centers foram ainda mais imprecisos: no início do problema, juravam que em três horas no máximo tudo estaria resolvido.
O dedo no gatilho
Os militares que entregaram três rapazes a traficantes de uma facção inimiga, que os mataram, já estão prestando depoimento. O tenente que comandou a ação chorou muito, disse que não esperava que os traficantes armados fossem matar os rapazes – apenas dar-lhes um susto (espancá-los com a coronha dos rifles, talvez?) É importante julgar esses militares e puni-los de acordo com a lei.
Mas e os traficantes, aqueles que efetivamente torturaram os rapazes, apertaram o gatilho, jogaram os corpos no lixo: quem são eles? Quando serão apontados os primeiros suspeitos? Quem está trabalhando no caso? Os militares contribuíram decisivamente para a tortura e o assassínio, entregando as vítimas aos carrascos. E os carrascos, não serão identificados nem julgados?
A vida como ela é
Uma coisa que chama a atenção na cobertura jornalística desse caso é o tom de aceitação, de "as coisas são assim mesmo". Falta um mínimo de indignação com a ocupação de parte do território nacional por criminosos, sobra a compreensão de que, afinal de contas, esses assassinos são assim mesmo. Os meios de comunicação estão interessadíssimos em eleições municipais, abertura do mercado europeu aos jogadores brasileiros, coisas desse tipo. A submissão de cidadãos brasileiros a criminosos armados, a traficantes e assassinos orgulhosos de sua condição, terá virado um fato da vida – lamentável, mas inevitável?
Lei sob medida
Por falar em telecomunicações e nos fatos da vida, os meios de comunicação dedicam cada vez menos tempo e espaço à fusão entre Oi e Brasil Telecom. É um perigo: a fusão das duas empresas brasileiras de telecomunicações é ilegal, e o governo prometeu que, caso o negócio desse certo, mudaria a lei. Não, não tente contar essa história a alguém que não esteja acostumado aos jeitinhos que caracterizam nossa estrutura legal: ele não acreditará que uma lei possa ser feita apenas para tornar correto um negócio que nasceu errado.
O problema é que, quando a imprensa se descuidar, sairá a nova regulamentação do setor, tornando legal aquilo que era ilegal. Se, com a vigilância dos meios de comunicação, as maracutaias já acontecem, imagine quando estivermos distraídos!
No lugar certo
Uma boa notícia: a jornalista Andréa Brock, que desenvolveu excelente trabalho na assessoria de imprensa da prefeitura de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, acaba de ser nomeada secretária da Comunicação. Normalmente, esse posto é destinado a um publicitário, ou a algum correligionário político do chefe do Executivo. Andréa Brock conseguiu o reconhecimento de jornalistas de todas as tendências. Sua nomeação indica que a Secretaria da Comunicação será um órgão de Estado e ficará fora da campanha eleitoral.
Como...
Está num blog jornalístico, por incrível que pareça. O autor é jornalista, diplomado, talvez até com pós-graduações. Foi lá que surgiu o "bode espiatório". Deve tratar-se de um bode xereta, que vive espiando o que os outros fazem.
...é...
Está no noticiário de uma grande agência internacional, das mais tradicionais, em matéria, aliás, muito bem redigida (com uma só exceção). Segundo o texto, a polícia informou que houve três mortos, "e os corpos jazem imóveis no chão".
...mesmo?
Esta saiu na internet, no portal de um grande veículo de comunicação: "Corpo do padre dos balões teria sido achado".
Bem, não se trata de uma questão de opinião, mas de fato. Foi ou não foi?
E eu com isso?
Conta-se que, quando Benjamin Franklin era embaixador dos Estados Unidos em Paris, o presidente Thomas Jefferson comentou com um amigo que há quase dois anos não recebia notícias dele. E completou: "Se ele não me escrever até o fim do ano, eu escreverei para ele".
Velhos tempos: duzentos anos atrás, ninguém poderia imaginar que as comunicações, um dia, seriam instantâneas. E nos permitiriam saber, online, em tempo real, que Xuxa vai ao casamento da irmã de Luciano Szafir, em Búzios. Ou que a Mulher Melancia, pedalando na ciclovia e usando fio-dental, parou a praia da Barra. Ou que, com a chegada do inverno, as botas saem do armário.
Hoje, com a internet funcionando (embora nem sempre), sabemos quase no mesmo momento que:
** "Com microvestido, Hilary Duff vai às compras em supermercado"
** "Cristiano Ronaldo brinca com bóia infantil na Sardenha"
** "Mick Jagger pega no sono em almoço"
** "Paris Hilton saca bolo de dinheiro para pagar compras"
** "Casal mantém tradição portuguesa de fabricar pênis de cerâmica"
Como se chamará o imóvel onde está instalada esta fábrica?
Os grandes títulos
Uma boa semana: há até um título naquela linguagem de índio de filme americano.
** "Rafael Ilha no ser mais candidato a vereador pelo PTB"
Há outro que tem algo a ver com a Amazônia, embora a relação não fique lá muito clara:
** "Ninguém quer que a Nasa seja internacionalizada, diz Lula sobre a Amazônia"
A área do comportamento também é abordada:
** "Brasileira faz sexo cada vez mais cedo, aponta pesquisa"
Tudo bem: sexo é bom a qualquer hora, mesmo às seis da manhã.
E, confirmando a preferência deste colunista, o grande título obscuro:
** "Dois pulsares na órbita um do outro dão razão a Einstein"
Deve ser verdade: é mais fácil acreditar em Einstein do que entendê-lo.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Hay trabajo
A Gazeta do Povo, jornal da Rede Paranaense de Comunicação, procura repórteres para Londrina e Maringá. Requisitos: morar na cidade, ser formado e conhecer HTML e editores de foto, vídeo e áudio. Cadastrar-se no site da RPC, no link "Trabalhe conosco". Códigos: Londrina - RPGPJ341778 - Repórter I / Maringá - RPGPJ341685 - Repórter I. Encaminhar currículo para michelif@rpc.com.br
Ditirambo semanal
"Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde."
Quadrinha popular de 1820 dedicada a quem enriquecia da noite para o dia,
em especial a Joaquim José de Azevedo e Bento Maria Targini, funcionários da casa real, promovidos por D. João VI de barão a visconde.
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