domingo, 27 de julho de 2008
Histórias com o Divino Habsburgo
Divino Habsburgo e a defloração da Sandy
E a mancha vermelha espargiu-se pelas coxas das Américas, Europa, África, Ásia e Oceania. Esparramou-se pelos campos do Atlântico, Pacífico e Índico e, exausta, espichou-se no lençol polar. Emanava brasa a torrente rubra. Fluíam gozos da sua face. Em poucos segundos o Pentágono colocou-se de prontidão, os russos afiaram os mísseis, Bin Laden saiu da toca e o Greenpeace aguçou as antenas. Presumiram a anormalidade do fato também em razão do corcovear das árvores, do riso compulsivo das nuvens e do movimento autista da terra. Esmerilharam hipóteses e teorias, até perceberem o olhar imanizado de Sandy. Havia fogo em seus olhos. Havia sido deflorada a donzela.
Foi um deus-nos-acuda. Hordas de soldados, fãs e jornalistas rodaram pelo planeta em busca do elemento desvirginante. Mas somente com o término do estado catártico da rapariga foi possível descobrir a identidade do gaiato.
- Foi ele - balbuciou a sirigaita, ainda tonta.
Ele quem, cara-pálida?, perguntaram-se as criaturas. Poderia ser o todo-poderoso, o Marx, o Buda, o Maomé, o Clodovil - embora improvável -, a Xuxa - mais provável -, o Badanha.
- Foi o Diva – acrescentou a rapariga.
- Diva? Aquele que te comeu viva? – brincou o Papa, já irritado.
- Não, o Divino Habsburgo – explicou a moça.
Escutou-se um oh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! proferido por seis bilhões de pessoas. A interjeição de espanto chegou à constelação APArósio, rodopiou por um sem-fim de buracos negros e perdeu-se sei lá onde. Passada a estupefação, nem perguntaram em que lugar estava o culpado, porque sabiam muito bem. Divino Habsburgo haveria de estar na Lancheria do Parque. Acertaram. Encontraram-no no templo.
Habsburgo, filósofo de mesa de bar, sociólogo da noite e antropólogo da boemia, desconfiou da entrada abrupta daquela multidão, capitaneada por Chitãozinho, Xororó, Júnior e, meio a contragosto, Sandy. Mas ele não esmoreceu.
- O senhor me deve uma explicação – intimou Xororó.
- Darei, mas apenas na próxima coluna, pois agora quero tomar a minha Polar em paz.
Divino Habsburgo é um sujeito sem pressa.
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