segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Para saber quem está com quem


JORNALISMO PARTIDÁRIO

Antonio Tozzi - do site Direto da redação

Miami (EUA) - Quem venceu o primeiro debate entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos? Qual é o candidato mais bem preparado para governar o país? Quem está liderando as pesquisas?

Essas perguntas permeiam as mentes dos eleitores e moradores dos Estados Unidos que acompanham uma das eleições mais equilibradas dos últimos tempos. O país está bastante dividido e é impossível apontar quem será o vencedor da próxima eleição presidencial, mas algumas emissoras de televisão já escolheram seus favoritos.

Se o telespectador sintonizar a MSNBC, canal a cabo da rede NBC, tem a plena certeza de que Barack Obama é o substituto de George W. Bush, mas se assistir a Fox News ninguém duvida de que John McCain é o novo morador da Casa Branca.

Chega a ser espantoso o tratamento de uma mesma notícia dado pelas duas emissoras. Enquanto na MSNBC, a chapa Barack Obama/Joe Biden merece todo tipo de elogio, na Fox são os “mavericks” John McCain e Sarah Palin que recebem todos os créditos.

A rivalidade alcançou um nível tão elevado que jornalistas e apresentadores das duas grandes redes trocam farpas no ar, ironizando comentários e reportagens abordados pela concorrente. Algumas vezes um chama o concorrente de “biased”, algo que pode ser traduzido livremente como parcial.

Ironicamente, o lema da Fox News é “fair and balanced”, mas a rede não é justa e muito menos equilibrada. Os shows são claramente voltados para o público mais conservador, e uma das estrelas é Bill O’Reilly, que não esconde seu pensamento mais ao gosto do eleitor republicano. Neil Cavuto, Laura Ingraham e Sean Hannity também são outros expoentes da chamada “direita”, e não poupam críticas aos convidados que ousam discordar deles.

É bem verdade que a Fox News tem em seus quadros Alan Colmes, o qual divide a apresentação de um show com Sean Hannity, partidário de uma ideologia mais liberal, e Greta Van Susteren, que procura adotar uma postura mais neutra e objetiva.

Do lado da MSNBC, há dois comentaristas mais conservadores: o inefável Pat Buchanan e Mike Murphy, ex-estrategista do Partido Republicano. Em compensação, a maioria dos analistas e apresentadores pertencem à corrente “liberal”, onde prevalece o pensamento “esquerdista”. Rachel Maddow, Chris Matthews, Joe Scarborough, David Gregory e principalmente Keith Olberman.

Quando terminar a eleição presidencial, uma coisa é certa: o próximo presidente contará com uma importante rede de TV para apoiá-lo e outra poderosa para combatê-lo.

No meio da guerra de audiência e ideologia entre Fox News e MSNBC, fica a CNN, que procura manter uma postura de mais neutralidade, mas, convenhamos, uma rede de TV que mantém o programa de Lou Dobbs – cujo principal mote é atacar imigrantes - no horário nobre fica difícil conquistar o respeito do telespectador mais esclarecido.

Pode até ser que Lou Dobbs seja lucrativo para a CNN, mas ele compromete a isenção jornalística. A seu favor, apenas o fato de ser um crítico contumaz dos democratas e dos republicanos igualitariamente. Para ele, os dois partidos são farinha do mesmo saco. Tanto que foi o único a cobrir a convenção do Partido Independente. Quer saber se alguém assistiu? Provavelmente, apenas seus fiéis telespectadores.

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