terça-feira, 30 de setembro de 2008

O coautor fala da nova ortografia


Medidas são boas e vão facilitar a escrita, afirma co-autor do dicionário "Houaiss"

DA REPORTAGEM LOCAL

Co-autor do renomado "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", o lexicógrafo (autor de dicionário) Mauro Villar diz que as mudanças previstas no acordo ortográfico são "boas para a língua" portuguesa. "É preciso que [Brasil e Portugal] nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária", diz ele. A seguir, trechos da entrevista concedida ontem à Folha. (RICARDO WESTIN)

FOLHA - As mudanças trazidas pelo acordo são boas para os brasileiros?
MAURO VILLAR - São boas para a língua. Somos a única língua ocidental com duas formas oficiais de escrita. E não há a menor razão para uma coisa como essa acontecer, porque as variantes do português [de Portugal e do Brasil] são muito próximas. É preciso que nos aproximemos na escrita e funcionemos como um bloco. A língua só é forte quando é unitária.

FOLHA - No acordo, que mudança positiva o sr. destacaria?
VILLAR - Haverá um corte considerável de hifens para facilitar a escrita. Vão ser retirados o trema, o acento circunflexo de palavras com "oo"

FOLHA - A assimilação na nova ortografia será fácil para o brasileiro?
VILLAR - Claro. A ortografia é uma convenção. As pessoas vão assimilar as mudanças. Poderá haver problema no momento da passagem de uma forma de grafar para a outra, principalmente para quem está acostumado [com a grafia atual]. As crianças não terão dificuldade, porque vão começar a aprender imediatamente dessa forma.

FOLHA - Críticos afirmam que o acordo não foi previamente discutido com a sociedade brasileira...
VILLAR - Foi discutido, sim. Esse tema tem sido desenvolvido desde a década de 80. Naquela época, a proposta era mais revolucionária do que a que se conseguiu fazer agora. Em Portugal houve uma forte objeção.

FOLHA - Os brasileiros estão apáticos em relação às mudanças?
VILLAR - Parece que não estão dando muita importância. Ou não fazem nenhuma grande objeção ou não conhecem bem como será escrita a língua. Isso diz respeito ao DNA de cada povo. Na França, isso [uma nova ortografia] seria um escândalo ilimitado. Nunca no Brasil se discutiu o tema com paixão.

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