quinta-feira, 21 de agosto de 2008






Haja candidatos ao fantástico Museu do Cocô!!!

Moacir Japiassu (*)

Eu canto porque
o instante existe e a
minha vida está completa.
(Cecília Meireles, jornalista e poeta.)

Haja candidatos ao fantástico Museu do Cocô!!!
O considerado Fausto Osoegawa, o mais brasileiro de todos os nisseis, veterano colaborador da coluna, envia notícia colhida no G1:

Museu japonês recebe exposição sobre cocô

O museu literário da cidade japonesa de Himeji recebe, até o dia 18 de maio, uma exposição sobre um tema curioso: fezes.

No evento, estão expostos dejetos de diversas espécies de animais, além de fotos de diversos bichos durante a "produção".

As crianças - que compõem a maioria dos visitantes - são convidadas a manipular os diversos tipos de cocô.

Há uma sessão apenas para mamíferos africanos, que inclui uma coleção de fezes de zebras, elefantes, girafas e hipopótamos.

O museu oferece ainda uma seleção de livros sobre fezes. Há literatura sobre a importância das fezes, como elas são formadas e até ilustrações e fotos sobre diversos animais que se alimentam do cocô alheio. Um dos destaques é um folheto feito a partir de cocô de elefante.

Janistraquis adorou, Fausto, e revela projeto que bolou a propósito do catingante assunto:

“Agora, considerado, já sabemos o que fazer com fracassadas obras de arte produzidas por falsos intelectuais brasileiros: sem nem mesmo pedir licença, haveremos de despachá-las pro Museu do Cocô.”
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Síndrome de Gabriela
O considerado Ricardo Brandau Quitete, jornalista em São José do Rio Preto (SP), envia notícia publicada na Folha Online, notícia que bem poderia ter dado lugar a outra, digamos, menos indistinta:

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE -- Trajando biquínis, maiôs e roupas circenses, cerca de dez pessoas ocuparam ontem a praça Raul Soares, na região central de Belo Horizonte, para uma manifestação pelo banho de sol em público.

Brandau, que nunca tomou banho de sol protegido por roupas circenses, deixou fluir a indignada perplexidade:

Ainda se fossem cerca de 100, ou -- vá lá -- cerca de 50, mas "cerca de" 10 pessoas é dose para mamute. Das duas, uma: ou o repórter tem uma preguiça enorme de contar ou, o pior, fugiu das aulas de matemática do primário (ou ensino fundamental, para os mais modernos).

"Seu" Frias deve ter dado ("cerca de dez") pulos de raiva lá no outro plano quando leu tal desfaçatez.

Janistraquis está convencido de que o autor do textinho foi criado nalguma fazenda mineira, padece da “Síndrome de Gabriela” (“eu nasci assim”, eu cresci assim”, “eu sou sempre assim”) e acha que cerca é somente aquela formada por mourões e arame farpado.
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Congratulações
Depois do vexame diante da Argentina, Janistraquis desligou a TV e anunciou:

“Vou ali passar um telegrama de congratulações ao nosso grande líder Carlos Caetano Bledorn Verri, mais conhecido como Dunga” – e, ao ritmo de Ronaldinho Gaúcho, dirigiu-se ao banheiro.
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Verdadeira dama
Ronaldinho Gaúcho foi tão elegante, gracioso, mimoso, delicado e meigo na partida contra a Argentina que Janistraquis perdeu inteiramente o respeito pela criatura e pespegou-lhe o prosônimo de “A Dama de Xangai”.
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Jornalista e poeta
A poesia de Cecília Meireles tece o veludo de divinos teares. Leia no Blogstraquis a íntegra de Motivo, cujo fragmento encima esta coluna. O poema integra o livro Viagem, composto entre 1929 e 1937.
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Robson Caetano
O considerado jornalista e promotor de eventos Jarbas Aurélio Pimentel, de São Paulo, e a não menos considerada Cleonice Vieira Mendes, assessora de imprensa no Rio, escrevem sobre um mesmo personagem e são tão semelhantes as reprimendas que o colunista as resume assim:

Pelo menos para os telespectadores brasileiros, o maior recordista das Olimpíadas exerce o cargo de comentarista do canal de atletismo do Sportv; como é fantasticamente chato esse Robson Caetano, hein?!?!?! Fala demais para um portador de disfemia, não diz coisa com coisa, quer entender de tudo e não entende de nada...”.

E segue por aí afora o inclemente reparo ao desempenho do ex-atleta-transformado-em-comentarista, criação da Globo que nem sempre é aceita por sindicalistas e telespectadores comuns; afinal, não basta “ter estado lá”, para brilhar por cá.
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São Paulo ou Rio?
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo banheiro, em trepando-se nas bordas do vaso sanitário, vê-se Lula a criar o ministério da pesca e uma estatal de exploração de petróleo, para que não haja nenhum petista desempregado no país de todos, pois Roldão teve antigas notas recuperadas por Janistraquis e uma delas, do Correio Braziliense, vai aqui com data de 3 de fevereiro de 2004:

“Crime – FALSA BLITZ EM SÃO PAULO – Quatro homens armados com pistolas e vestindo roupas (sic) da Polícia Civil fizeram uma falsa blitz ontem de madrugada em Campinho, zona oeste de São Paulo, roubaram um carro e foram perseguidos por policiais militares. Na fuga, atropelaram um aposentado de 80 anos, que morreu na hora. Os criminosos estavam na estrada Intendente Magalhães, por volta das 5h30, em um Monza roubado.”

Roldão fez o seguinte comentário:

Mesmo morando em Brasília há dez anos, ainda me lembro que a estrada Intendente Magalhães fica em Campinho, subúrbio da capital fluminense, o Rio de Janeiro. E as ‘roupas’ devem ser ‘fardas’, mesmo sendo apenas coletes sobre os trajes paisanos.
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Caymmi e a internet
Janistraquis sorvia um potpourri de cachaça, das recentemente enviadas por amigos gentis e atenciosos (Camilo Viana, Zé Alberto da Fonseca, Zé Truda), e com tal, digamos, coletânea, homenageamos Dorival Caymmi, este que se foi e consigo levou todos os saveiros da Bahia e também o derradeiro pedaço de nossa infância e juventude.

Algo, porém, incomodava o velho companheiro, apesar de literalmente mergulhado no justíssimo mister de embebedar-se:

“Considerado por que, ao informar a morte do poeta de Itapoã, Amaralina e da Lagoa do Abaeté, aquele que brincou tantos carnavais em Maracangalha, por que a ‘imprensa on line’ fez questão de se referir ao ‘músico Dorival Caymmi’? Por acaso existem ou existiram muitos com o mesmo nome noutras e reconhecidas profissões? ”

Nunca existiram, é claro, mas os redatores do chamado jornalismo moderno, os mesmos que migraram da mídia impressa e até já mataram Jesus Cristo na forca,esses nunca ouviram falar de Dorival Caymmi; portanto, também o leitor certamente nunca ouviu falar. Simples assim, como dizem por aí.
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Veludosas vozes
E por falar na morte do mestre que ao violão chamava o vento, leia, considerado e ilustre passageiro, esta carta publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo:

João Gilberto
"Gostaria muito de saber o que fez João Gilberto nos últimos 50 anos em benefício da música brasileira?
Hoje ele é muito pior do que no início, quando apenas cantava mal.
Agora não canta, não sorri, não fala, não interage...
E vocês da mídia têm coragem de elogiar. E eu pergunto: o patrocínio de R$ 2 milhões também beneficia os críticos?"
AGNALDO TIMÓTEO, cantor (São Paulo, SP)

A opinião de Janistraquis é a mesma do remetente:

“O tal de João Gilberto é o maior conto do vigário inventado no Brasil desde o bilhete premiado”, declarou esse que é fã de Caymmi, Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas e Nélson Gonçalves, entre alguns dos quais tão poucos ouviram falar.
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É pra esquecer!
Janistraquis, cujo espírito olímpico não está lá essas coisas, fez o balanço das decepções da quinta-feira:

“É duro, considerado, é duro; se a seleção feminina de vôlei deu o esperado show, em contrapartida as meninas do futebol imitaram a seleção do Dunga; e recolheram-se as velas e Rodrigo Pessoa também não teve voz ativa pra comandar seu pangaré. Para completar, Galvão Bueno chamou Jadel Gregório de Jadel Rodrigues... Quer dizer, a coisa não esteve boa pra nós.”
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Nota dez
O considerado Augusto Nunes escreveu no Jornal do Brasil:

Há 13 anos a serviço do dono de uma frota de táxis, o paulistano João Rogério da Silva Alves, 36 anos, 15 dos quais casado com Maria Cavalcanti, é motorista de táxi há 13. Acorda sempre às 5h(...)Ganha por mês cerca de R$ 1.800, que se somam aos R$ 400 que a mulher consegue como diarista.

A renda familiar ultrapassa amplamente a fronteira, redefinida em 6 de agosto pela Fundação Getúlio Vargas, que separa a pobreza da classe média.

(...)No fim da corrida, ele resolve conferir a promoção: "Se entrei na classe média, vou usar o elevador social", sorri. "Até hoje só pude usar o elevador de serviço".

O país recriado pelos malabaristas da estatística é uma beleza. Pena que não se consiga enxergá-lo a olho nu.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que revela a verdade por trás da mentira oficial.
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Errei, sim!
“FORMOU-SE O ANGU – Enevoado texto do Jornal da Tarde, de São Paulo: ‘(...) As lojas especializadas em livros usados, ou sebos, se aproveitam com livros raros ou baratos dos preços altos nos livros novos.’” (janeiro de 1994)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

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