sexta-feira, 10 de outubro de 2008






Exclusivo! Globo censura carta de leitor!!!

Moacir Japiassu (*)

Às margens, um risco
em cujo topo
os sapatos são míopes
(Astier Basílio in Baionada, Blues)

Exclusivo! Globo censura carta de leitor!!!
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre a hipocrisia é possível ver o presidente Lula a brigar com livros e cadernos, como a Juma do Pantanal, pois Roldão recebeu a mensagem abaixo, enviada por seu amigo Luís Edward Neves, geólogo aposentado da Petrobras, na qual se comprova que o jornalão dos Marinhos derrapou no feio mister da mais deslavada censura.

A parte, digamos, exprobada por O Globo está grifada, porque aqui não podemos colorir nem as palavras nem as estatísticas. Eis a íntegra:

Simas, escrevi ontem e publicaram hoje (3/10) esta carta, porém sem a parte que está em vermelho. Censura...

Justamente um presidente do Brasil praticamente iletrado, que até se orgulha de sê-lo, foi quem assinou este acordo talvez interessante mais aos editores de livros do que aos falantes da língua portuguesa. Por incrível que pareça, os portugueses, que respeitam muito mais a gramática e são realmente alfabetizados, sofrerão mais ajustes do que nós, brasileiros. Somos maioria, é verdade, mas observemos atentamente como falam os portugueses para concluir que eles falam mais corretamente do que nós.

O acordo, no frigir dos ovos, corresponde a um "nivelamento por baixo" e deve ter servido também a inúmeras viagens Brasil/Portugal/África pagas pelos governos. Quem somos nós, estatisticamente analfabetos, para participar desse festival? Não é à toa que Saramago não permite a edição de seus livros no chamado "português do Brasil", cuja existência ninguém nega mas não passa dum dialeto desrespeitado.

Um abraço, Neves.
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O nome do cabra
Tarado estuprou e matou menina de 11 anos no Pará. Foi notícia de telejornais na terça-feira, dia 7/10. No Jornal Nacional, contaram a história, mas omitiram a identidade do assassino, chamado uma, duas, três vezes de “o homem”. Quem, minutos antes, havia assistido ao Jornal da Band, sabia o nome da criatura: Luís Inácio da Silva, que escapou do linchamento à porta da delegacia.

Meu assistente, que jantava cuscuz do sertão com leite de cabra, falou, depois de uma bofada de sindicalista relaxado:

“Pois é, considerado; se o bandido se chamasse Janistraquis o pessoal da Globo dava nome, sobrenome, RG, CPF, endereço e até a ficha suja no Serasa!”
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Besteira da Anvisa
Certamente por ter sido a vida inteira um exemplo de coerência, modéstia à parte, o colunista sofre hoje de um sério problema...na coluna. Desde o final do ano passado vivia a me arrastar por este sítio, como cachorro tratado a pauladas, e somente há algumas semanas o médico me receitou remédios “fortes”: Prexige 400 mg e Arcoxia 120 mg. Aquele não me serviu de grande coisa, porém este me devolveu à posição ereta e agora já consigo andar no passo do Homem de Neandertal. Progresso fabuloso.

Pois acabo de ler e escutar que a Anvisa proibiu os dois remédios, sob esta alegação: os efeitos colaterais são tão violentos que o chamado custo-benefício foi literalmente “pras picas”, como dizia minha Tia Cota. Ocorre que eu só colhi benefícios com o tratamento; não tive nem azia. Por tal e outras razões cada vez me convenço mais de que a Anvisa é um organismo inútil e metido a besta. Melhor obraria se transformasse o ócio em luta contra remédios falsificados.

E a propósito de remédios, leia os OS DEZ MANDAMENTOS do Médico do SUS, enviados pelo considerado Mário Lúcio Marinho:

1- Se você não sabe o que tem, dê VOLTAREN;
2- Se você não sabe o que viu, dê BENZETACIL;
3- Apertou a barriga e fez 'Âhn', dê BUSCOPAN;
4- Caiu e passou mal, dê GARDENAL;
5- Tá com uma dor bem grandona? Dê DIPIRONA;
6- Se você não sabe o que é bom, dê DECADRON;
7- Vomitou tudo o que ingeriu, dê PLASIL;
8- Se a pressão subiu, dê CAPTOPRIL;
9- Se a pressão deu mais uma grande subida, dê FUROSEMIDA!
10- Chegou morrendo de choro, passe um SORO.

E mais:

Arritmia doidona, dê AMIODARONA....
Pelo não, pelo sim, dê ROCEFIN

'NÃO ESQUECENDO QUE O DIAGNÓSTICO É QUASE SEMPRE VIROSE'...
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Astier Basílio
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo fragmento encima a coluna e no qual misturam-se cantadores e bluseiros. Pertence à generosa lavra deste poeta paraibano (também repentista) e faz parte do seu próximo livro, Nordestern.
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Roberto Romano
O considerado José Paulo Lanyi encontrou no UOL de 3 de outubro uma entrevista do professor de Ética da Unicamp, Roberto Romano, na qual ele fazia esta advertência: Eleitor deve ouvir voz da consciência e da vergonha.

Lanyi ficou indignado e escreveu a esta coluna:

Relembrando:

1) Eu, Fabiano Falsi e Fábio José de Mello no 'Comunique-se', há alguns anos, sobre o pseudojornalista Ucho Haddad :

"Evaldo Haddad Fenerich nasceu em 30 de outubro de 1958. Deve satisfação à Justiça há mais de dez anos. Habituou-se, desde 1992, a responder a inquéritos criminais: apropriação indébita, estelionato e outras fraudes, crimes falimentares, falsificação de documento público, falsificação de documento particular, uso de documentos falsos, receptação, ameaça... Mas, ressalte-se, foi condenado em somente um deles: por apropriação indébita, em 02/02/98. A sentença: um ano de reclusão em regime aberto e 10 dias-multa. Concedido o sursis, pôde cumprir a pena em liberdade. Ele responde, hoje, a um processo por estelionato e outras fraudes".

2) Roberto Romano, colunista de Haddad, ao defender o "apropriador indébito" dos fatos publicados pelas nossas reportagens:

"Não raro, na história dos povos, jornalistas levantam as iras de poderosos. Recordo apenas o caso mais célebre de todos, o de Emile Zola. Quando ele decidiu combater uma injustiça virulenta, no caso Dreifus, sofreu todo tipo de ataques, precisando sair de sua terra para não ser preso. Assim, todo jornalista digno deste nome experimenta, cedo ou tarde, o poder das forças políticas, econômicas, ideológicas, religiosas contra a sua frágil pena".

Na ocasião, portanto, o professor de Ética da Unicamp preferiu tentar enlamear a honra de três jornalistas, sem que os conhecesse, e, apesar do conhecimento do teor das reportagens, permaneceu atrelado a um bandido (conforme condenação na Justiça de São Paulo).

Agora, vem falar de "consciência e vergonha" e a ensinar a votar...

(A coluna e o Blogstraquis estão à disposição de Haddad e Romano para que exerçam o direito de resposta.)
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Cidadãos, cidadões...
Chamadinha na capa do UOL fundiu definitivamente a mufa de Janistraquis:

Franceses compram carros como cidadãos.

“Por quê, considerado, por quê?!?!”, clamava ele pelos cantos, com aquele ar de perplexidade de ACM Neto quando lhe informaram o resultado das urnas.

Eu não soube responder, porque nada entendo de carros e, desde agora, também nada entendo de cidadãos.
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No buraco
Deu na coluna Política & Economia NA REAL, de José Marcio Mendonça e Francisco Petros, integrante do portal Migalhas (www.migalhas.com.br):

Relaxa e goza, mas não vota
A ex-ministra e ex-prefeita Marta (ex) Suplicy recebeu menos votos no primeiro turno desta eleição (32,79% dos votos válidos) que em 2000 (38,13%) e 2004 (35,82%). Aparentemente, o povo relaxou e gozou. Mas, não votou nela.

Janistraquis, que é mau como um pica-pau, adorou:

“Pois é, considerado; vamos aguardar o segundo turno para medir com trena o tamanho do buraco no qual se enterrará a Miss Simpatia da Terceira Idade.”
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Petúnia 2010
Janistraquis examinou com poderosa lupa um “cardume” de fotografias de dona Dilma, frente, perfil e o resto, e chamou minha atenção:

“Considerado, tá lembrado da Petúnia, namorada do Gaguinho dos gibis de nossa infância? Pois a ministra/guerrilheira tem a cara, o corpo e o temperamento daquela deliciosa leitoa...”

Petúnia, informa o considerado Sérgio Augusto, foi inventada pelo cineasta Frank Tashlin em 1937, como paródia de um desenho de Walt Disney.
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Edimilson mais Audálio
Recebemos o número 29 de Negócios da Comunicação, da Editora Segmento, e pedi a Janistraquis para encontrar o “diferencial” da revista, como se diz por aí. Ele saiu e, segundos depois, voltou com esta certeza:

“Considerado, embora eu ache que essa palavra lembre engrenagem de caminhão nem é preciso ler -- o “diferencial” é o encontro de dois profissionais de altíssimo nível, Edimilson Cardial e Audálio Dantas, diretor-executivo de Negócios da Comunicação.

É verdade, mas lemos do princípio ao fim esse número cuja matéria de capa trata do marketing político, hoje ermo daqueles efeitos especiais, capazes, por exemplo, de transformar Marta Suplicy numa Margareth Thatcher das paradas gays.

A revista traz ainda uma entrevista com o considerado Tão Gomes Pinto, que acaba de lançar uma biografia de Maluf. Sempre foi uma beleza o texto desse velho companheiro da IstoÉ dos anos 70.
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Nota dez
O considerado Sérgio Augusto, de longe o melhor jornalista de cultura do país, escreveu domingo último no Estadão, a propósito do Prêmio Nobel de Literatura, cujo vencedor, o francês Le Clézio, foi anunciado hoje:

Até o início da semana, eram boas as chances de um escritor norte-americano conquistar o Nobel de Literatura deste ano, quebrando um jejum de 15 anos. As barbadas seriam Philip Roth, Joyce Carol Oates, Don DeLillo e Thomas Pynchon, com Bob Dylan correndo por fora.

"(...) a literatura, muito menos a norte-americana, traduzida e vendida em todo o mundo, não precisa do Nobel (e até viveu sem ele por muito, muito mais tempo que Hollywood viveu sem o Oscar), mas não é desprezível, sobretudo agora com o hábito da leitura em extinção, um prêmio que, além de expor o vencedor na mídia e impulsionar a venda de suas obras, deposita em sua conta 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 2,6 milhões).

Sem contar o diploma e a medalha de ouro. Nem o afago no ego, de valor inefável.

Leia no Blogstraquis a íntegra desse texto tão bem escrito quanto bem informado.
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Errei, sim!
“BRASIL GRANDE – Em ritmo de Brasil grande, a Folha da Tarde, de São Paulo, saiu-se com esta: A partir de hoje, qualquer um pode importar carros. Janistraquis criticou: ‘É excesso de otimismo, considerado; eu mesmo não posso importar um carro’. Eu também não.” (fevereiro de 1992)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada “Carta a Uma Paixão Definitiva”.

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