sábado, 25 de outubro de 2008
A primeira página do livro
A origem de tudo
Nem bem ele foi dado à luz e algumas questões existenciais passaram a atormentá-lo. Primeiro, a tríade elementar hegeliana: o ser, o não-ser e o vir-a-ser. Logo em seguida, os primados ôntico e ontológico do ser na perspectiva heideggeriana. Digressões, convenhamos, tanto quanto pesadas para quem nascera havia minutos. Mas eram apenas o prelúdio da avalancha a encobrir tão impúberes neurônios. Compunham a segunda leva os conceitos da bacia semântica do Durand, da fusão do horizonte de Gadamer e o dos rizomas freáticos da existência, patenteado pelo filósofo Divino Habsburgo.
Pensou em pensar. Porém, estar de cabeça para baixo complicava. Pego pelos pés, sentia-se um ioiô arremessado à vida. Estranhou o tapa nas costas, o chacoalhar e o movimento daqueles seres aventalados.
- É um menino, anunciou a enfermeira. Qual é o nome?
E antes da resposta da Rosamaria, a bela mulher ainda entorpecida pelo parto, ele antecipou-se.
- Eu de Mim Mesmo.
Foi um pandemônio.
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